Com Janela para as Artes, Prefeitura valoriza e impulsiona produção de músicas autorais

Agência Aracaju de Notícias
29/07/2020 07h10

A música autoral sempre teve e sempre terá um papel importante não somente na vida dos artistas que a compõe, mas na própria identidade de um povo. É na música autoral que o artista expõe seu DNA, estampa sua marca e reverbera sua mensagem ao público, fazendo pulsar sentimentos que dão a cara do famigerado ineditismo musical. E em tempos de pandemia de covid-19, quem sobrevive da música está passando por dificuldades, principalmente as bandas alternativas e suas produções independentes.
  
Com o objetivo de fomentar e movimentar a cadeia produtiva cultural aracajuana, uma das mais afetadas pela pandemia, e impulsionar essa vertente autoral tão pouco valorizada em meio à expansão tecnológica, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), criou o programa 'Janela para as Artes', que abrange diversas linguagens do cenário artístico cultural, como Música, Artes Cênicas, Literatura e Audiovisual. 

E é justamente na linguagem musical, mais precisamente na categoria "Aracajuanos",  que o programa abre espaço para os músicos ou bandas, domiciliados na capital sergipana, que têm repertório autoral, estimulando a produção e dando visibilidade no cenário estadual, e o mais importante, abrindo as janelas para navegações além fronteiras. 
 
"Aracajueiros é uma das ‘janelas’ do Janela para as Artes, que visa cumprir o objetivo social do programa, que é levar um fomento às cadeias produtivas da cultura em Aracaju, no caso aí a música, e deixar como contribuição à sociedade, um importante acervo da produção cultural das cadeias produtivas contempladas no program, que vai ficar registrada em audiovisual, disponível nos bancos digitais da Prefeitura, para todos os públicos, para afins didáticos, pedagógicos, de pesquisa e de entretenimento també. É, portanto, um retrato da produção cultural, em Aracaju, nessa quadra da pandemia, nessa quadra que atravessamos", explica o presidente da Funcaju, Luciano Correia. 

O Janela para as Artes já iniciou as gravações com os artistas selecionados no edital. E olhe que são muitos os desbravadores desse som artesanal. O período de gravações começou na último dia 15 e deve se estender até o fim deste mês. Já as apresentações devem ocorrer ao longo do ano. Para as gravações, feitas em estúdio profissional, os artistas têm à disposição captação de áudio, iluminação e direção de fotografia realizadas por técnicos experientes no mercado. 

Para evitar a propagação da covid-19, todo o processo de gravação adota os devidos cuidados. Nesse sentido, os integrantes das bandas têm sua temperatura medida, o uso de máscara é respeitado, assim como a disponibilização de álcool em gel no local das gravações.   

Aprovação 
Quem está feliz com o programa é o cantor e compositor Pedro Luan. "Acredito que o edital chegou num momento bastante propício e é fundamental, porque revela a atenção da Prefeitura, através da Funcaju, e a sensibilidade a um grupo tão fragilizado em meio ao novo momento dessa pandemia, que é o grupo dos artistas, que encontra-se um tanto desnorteado e exposto a uma situação bastante delicada. Nos enquadramos em um grupo que certamente vai ser um dos últimos a voltar a trabalhar com normalidade. É uma situação bastante delicada, uma fragilidade social e econômica muito latente", diz Luan, que é filho do saudoso cantor Rogério.

Luan disse ainda que está ansioso para as gravações e que preparou uma apresentação pra lá de especial. "Montei um repertório pautado em dois álbuns: "Feito a dois", em homenagem a meu pai, de 2016, e o "O que há de segredo", revela. 

Outro entusiasta do Janela para as Artes é J Moziah, vocalista da banda de reggae Reação, que está na estrada há 19 anos. "Diante da situação que estamos passando em virtude da pandemia, é de crucial contribuição para os artistas que trabalham de forma autoral, e que têm dificuldade de inserção na mídia mercadológica que rege a música e toda a indústria da música. A banda Reação se sente muito grata pelo projeto, é de grande valia. Nos sentimos honrados", agradece.

Moziah ainda destaca a importância do Poder Público na criação de projetos que impulsionam a cadeia produtiva musical local. "Saudamos a Prefeitura, na esperança de novos projetos em que a arte seja o principal foco", frisa o vocalista, ao revelar que a banda Reação vai tocar "grandes sucessos".

"Vamos tocar algumas músicas do nosso disco gravado em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, as músicas "Derrame mais" e "Cédulas", essa conhecida como 'Jogue Fora'. Além de nossos clássicos, vamos nos apresentar com muita emoção, com sentimento, temperatura, presença, nada padronizado, mostrando a batida do coração na frequência que estiver pulsando naquele momento. Escolhemos a categoria 'Cajueiros' porque temos nossas raízes aqui, a grande maioria surgiu em Aracaju , que é o nosso 'QG', onde a gente proclama a música autoral, pilar da banda Reação. A música autoral é o nosso pilar, a nossa assinatura", conclui.

Opinião semelhante tem André Cabral, guitarrista da Banda Mauá, que já tem 15 anos de história e toca uma mescla de heavy metal com ritmos da música sergipana, colocando "swing no metal". Ele conta que o programa é inovador e deveria ser mais utilizado, visando dar mais oportunidades às bandas desconhecidas que produzem um bom material.

"O projeto é interessante, porque dá mais publicidade às novas expressões culturais que estão surgindo e que não têm muito espaço. A visibilidade é importantíssima e esse projeto deveria ser lançado mais vezes, dando espaço para o novo. Quanto mais diversificado, melhor. Escolhemos essa categoria porque é o formato mais próximo de apresentarmos nosso trabalho, dentro do autoral", afirma André. 

Detalhamento das categorias
Como citado acima, o edital 'Janela para as Artes' abrange as linguagens Música, Artes Cênicas, Literatura e Audiovisual. Na Música, há as categorias "Quinta Instrumental", em formato online, projeto que já vinha sendo executado pela Prefeitura de Aracaju e visa selecionar músicos de bandas instrumentais; "Som de Barzinho", voltado a contemplar músicos que trabalham na maior parte do tempo à noite, como os que se apresentam em bares e restaurantes, por exemplo; e "Aracajueiros", que tem o objetivo de contemplar pessoas que fazem música autoral. 

A linguagem Artes Cênicas foi dividida nas categorias "Solo", para contemplar pessoas que façam apresentações individual; "Leituras Dramáticas", voltada para leituras de obras de autores sergipanos que serão gravadas em estúdio; "Espetáculos Cênicos", que versa sobre Teatro, Dança ou Circo, cuja participação será permitida no máximo cinco pessoas, se for gravado em estúdio. Essas apresentações podem acontecer também em ambiente virtual, a depender da criatividade e proposta do grupo.

Na linguagem Literatura, dividida em "Prosa, Conto, Miniconto, Crônica e Poesia", os artistas vão escrever textos e enviar para avaliação da comissão. Após análise da comissão avaliadora, os textos serão reenviados aos autores e serão divulgados posteriormente. Os textos devem explorar a temática sobre a pandemia da covid-19.
 
Por fim, na linguagem Audiovisual, na categoria "Curta Metragem em Dispositivos", os inscritos vão enviar roteiros, dentro da temática da pandemia da covid-19, e a comissão vai avaliar com base nos critérios do edital.