Crianças merecem cuidados especiais no enfrentamento à pandemia, orienta especialista

Agência Aracaju de Notícias
31/07/2020 18h00

Em todo o mundo, a pandemia do novo coronavírus (covid-19) tem impactado a vida das famílias. Afinal, ninguém quer se infectar ou ver um parente ser contaminado pelo patógeno, principalmente quando se trata de uma criança, aí as preocupações e as dúvidas sobre cuidados e a reação da doença no organismo dos pequenos são latentes.


Mesmo diante do turbilhão de informações que são publicadas diariamente nos veículos de comunicação e por autoridades governamentais, ainda há muitos questionamentos sobre os cuidados que as pessoas devem ter para evitar a contaminação das crianças, as quais merecem uma atenção especial. Apesar de ser a faixa etária com menor incidência de contágio, já há casos confirmados e mortes.

Com o intuito de ajudar a esclarecer as dúvidas da população aracajuana a respeito dos cuidados com as crianças nesse momento de pandemia, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atua para orientar a população.

De acordo com a infectologista da SMS, Fabrízia Tavares, é notório que a atuação do vírus tem sido mais grave em idosos, além de pessoas com doenças crônicas ou condições que afetem o sistema imunológico, mas os cuidados com os pequenos, assim como nos adultos, devem ser redobrados.

"A infecção na criança é bem pequena, inclusive,  a letalidade também é baixíssima. Então, tem algum fator de proteção em crianças que essa resposta só vai poder ser respondida daqui a algum tempo, depois dos estudos mais aprofundados nesse tema. Mas também temos percebido alguns casos de quadros multissistêmicos, que chamamos, na pediatria, de Síndrome Inflamatória Multissistêmica, ou seja, algumas crianças estão evoluindo em casos graves, de acometimento de vários órgãos, levando, inclusive, a óbito. Já foi emitido parecer pelo Ministério da Saúde para estarmos vigilantes e monitorando esses casos. Não é algo que  a gente deva desconsiderar completamente. A covid-19 atinge, sim, a faixa pediátrica, apesar de ser menor o número de casos e de letalidade em relação aos adultos", explica a infectologista.

Fabrízia é enfática ao destacar que os pais, em muitos casos, estão relaxando com relação aos cuidados que devem ter com as crianças, e isso se configura como um erro gravíssimo. "Os pais, muitas vezes, desleixam ou abrandam a questão das precauções. Alguns não cumprem a questão do isolamento. Eu sei que é difícil deixar as crianças em casa por muito tempo, mas se for levá-las, por exemplo, para tomarem banho de sol, que seja em local aberto, com ventilação natural bem apropriada para isso, e não levá-las para supermercado, feira, farmácia ou locais fechados e ainda mais sem estarem utilizando as máscaras", afirma a médica. 

Transmissores
Quando infectadas, as crianças, muitas vezes, não sabem que estão doentes e, por isso, passam despercebidas pela ótica dos pais e não chegam a ir para o hospital. Nesse caso, por não sentirem os efeitos do vírus, elas tornam-se potenciais vetores de transmissão. "As crianças são veículos de transmissão, principalmente porque elas não adoecem com tanta frequência com relação aos adultos. Mesmo assintomáticas, podem transmitir para outros grupos mais vulneráveis, como idosos. Então, sempre pensar na criança como veículo de transmissão, diz Fabrízia, ao sublinhar que as crianças precisam ser sempre monitoradas e orientadas. 

"Os pais devem estar cientes que as crianças também precisam usar máscaras. Sabemos que é difícil mantê-las em casa, principalmente num ritmo intenso de estudo online. Então, recomendamos que, em ambientes abertos, as crianças devem tomar um ar e banho de sol, principalmente com uso de máscaras. Também recomendamos aos adultos que orientem na questão de higiene, de estarem lavando as mãos, de não levar as mãos ao nariz e boca, olhos", aconselha. 

Sintomas
A infectologista diz ainda que os sintomas do novo coronavírus nas crianças são os mesmos que acometem adultos, mas nelas a doença tem se manifestado, na maioria das vezes, de forma suave, como resfriado, tosse, febre e coriza. Em alguns casos, também pode ocorrer diarreia e vômito.

"Os sintomas são os mesmos, pode ser com dor de cabeça, febre não muito alta, espirro, tosse, dor de garganta. Os menores podem ter sintomas inespecíficos, como inapetência, diarreia, dentre outros. Então, orientamos que os pais levem para atendimento médico, procure um pediatra para ser melhor avaliada. Mesmo assintomática, elas são transmissoras", reforça.
 
Atendimento
Ao apresentarem sintomas leves de síndromes gripais, por exemplo, a orientação é buscar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que foram adaptadas para serem referência a esse tipo de atendimento: a UBS Augusto Franco, localizada no conjunto Augusto Franco; UBS Geraldo Magela, no conjunto Orlando Dantas; UBS Ministro Costa Cavalcante, no Inácio Barbosa; UBS Fernando Sampaio, no Castelo Branco; UBS Cândida Alves, no Santo Antônio; UBS Eunice Barbosa, no Coqueiral; UBS José Machado de Souza, no Santos Dumont, e a UBS Onésimo Pinto, no Jardim Centenário.

As UBS são a porta de entrada para a rede municipal. No entanto, se apresentar sintomas e tiver comorbidades, é preferível que busque uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que pode ser tanto a Fernando Franco (zona Sul) quanto a Nestor Piva (zona Norte), destinadas ao atendimento de casos mais graves. 
 
O cidadão também pode buscar atendimento via MonitorAju, disponível no 0800 729 3534, pelo site da Prefeitura ou ainda no desembarque de passageiros no aeroporto da capital. A central de monitoramento dos casos suspeitos e confirmados funciona de domingo a domingo.

Da mãe para o bebê
De acordo com o Ministério da Saúde, no momento, não há evidências suficientes para determinar se o vírus é transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez ou o impacto potencial que isso pode ter no bebê. No entanto, as mulheres grávidas devem continuar a seguir as precauções apropriadas para se proteger da exposição ao vírus e procurar atendimento médico o quanto antes se tiverem sintomas como febre, tosse ou dificuldade em respirar. 

"É o que chamamos de transmissão vertical do vírus, ou seja, pela placenta de mães grávidas para seus bebês. A gente orienta que as mães que apresentarem algum tipo de sintoma, que utilizem máscara, ou, nesse momento, as mães que estão em isolamento, utilizem as precauções respiratórias também na hora da amamentação, evitar falar em cima do bebê e, se possível, usar máscaras na hora da amamentação", diz Fabrízia.

Cartilha
Para ajudar ainda mais os pais aracajuanos sobre os cuidados que eles devem ter com seus pequenos, a Prefeitura põe à disposição a Cartilha confeccionada pela Sociedade Sergipana de Pediatria. Nela, há informações diversas sobre como ajudar as crianças a enfrentar o isolamento social em casa, o que não deve ser esquecido, além dos cuidados preventivos.