Nova moradia garante dignidade às famílias da antiga Ocupação das Mangabeiras

Assistência Social e Cidadania
01/08/2020 04h00

O início da transformação de vida para mais de 2,5 mil pessoas. Essa passou a ser a realidade das 1.102 famílias beneficiadas com o projeto de construção das 1.102 casas após a realocação da antiga Ocupação das Mangabeiras, no bairro 17 de Março, na última semana, para casas alugadas, subsidiadas pela administração municipal. Em dois anos e quatro meses, o novo complexo habitacional “Irmã Dulce dos Pobres” será entregue, no mesmo local onde existiam barracos improvisados.

De acordo com a secretária da Assistência Social de Aracaju, Simone Passos, mais de R$ 7,8 milhões foram destinados ao pagamento do Aluguel Social para garantir às famílias moradias dignas enquanto aguardam pela finalização da obra, como contrapartida do Município.

“O investimento foi feito com recursos do próprio Município. Nossas equipes, formadas por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais estiveram na ocupação em abril de 2019 para identificar aqueles que seriam contemplados pelo projeto. Com o Plantão Social, realizado no período de 30 de junho a 10 de julho, os integrantes das famílias foram até o Centro de Referência da Assistência Social, o Cras Maria Diná, com seus locadores e entregamos os contratos de aluguéis para a assinatura dos termos de adesão ao programa. Depois, organizamos os endereços para a transferência das famílias. Desde a primeira etapa do processo, nossa maior preocupação foi assegurar ao cidadão um ambiente com segurança e dignidade”, destacou.

Com investimento total R$ 124,7 milhões, os recursos para a construção das residências são oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo R$ 116.767,847, 00 milhões do financiamento contratado, que será feito por meio do programa Pró-Moradia, do governo federal, e a contrapartida do Município para o pagamento do benefício assistencial mensal concedido às famílias durante dois anos e quatro meses, prazo para a conclusão da obra das unidades habitacionais.

Segundo a diretora de Políticas da Habitação e Transferência de Renda do Município, Rosária Rabelo, na última etapa do processo de realocação foram feitas remoções de 1.129 barracos. Ao total, foram realizadas 730 mudanças com o apoio das secretarias municipais da Assistência Social, da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), através da Guarda Municipal de Aracaju (GMA) e Defesa Civil, Comunicação Social (Secom) e das empresas municipais de Obras e Urbanização (Emurb) e de Serviços Urbanos (Emsurb).

No local, também foi implementado o Plantão Social, que atendeu e encaminhou 121 famílias para o acesso às políticas públicas municipais, bem como a inclusão delas em futuros projetos.

Após seis anos enfrentando dificuldades por morar numa localidade com condições insalubres, a primeira semana no novo lar para a dona de casa Suyanne Conceição, 25, lhe proporciona algo que não acontecia enquanto residia na ocupação: o sono tranquilo.

“Quando soube da notícia fiquei muito feliz, sem acreditar. Quando o pessoal da prefeitura estava na ocupação, vi que o projeto realmente iria acontecer, foi motivo de muita felicidade. Agora, essa primeira semana na casa nova temporária está sendo maravilhosa. Nesses dias, têm tido muitas chuvas, ventos fortes, e agora posso dormir tranquilamente. Antes, quando começava a garoar, não conseguia dormir com medo das coisas caírem sobre o meu filho”, relatou.

Para a ex-moradora da ocupação, vários fatores contribuíram para o sofrimento vivido no local. “Era muito difícil. No início, morava em um barraco de madeira, só dois cômodos. Quando chovia, entrava água até o joelho, era telhado que voava, molhava tudo e perdia os móveis. Além disso, aparecia cobras e outros bichos peçonhentos. Tomava água de esgoto, mas só descobri depois, já que a água era aparentemente limpa. Por conta disso, fiquei muito doente durante um tempo. Também faltava muita água na área C, onde morava. Ficava dias com pilhas de roupa e de louça suja esperando a água voltar. Foram anos muito difíceis”, descreveu.

Segundo a dona de casa Gabriela Bispo, 24, o projeto de construção do conjunto habitacional aflora um sentimento de vitória.

“Foram seis anos nas Mangabeiras com chuva, sol, vivendo num buraco, mas agora estou morando numa casa digna, com meu filho de seis anos, graças à Prefeitura. Lá era difícil. Já perdi televisão, vi agressões, assassinatos, meu filho e eu ficamos doentes por conta da água contaminada e das condições de vida bem precárias. Agora é diferente. Durmo em paz, sem medo de o teto cair, ter uma cobra ou algum outro animal nos móveis. Está tudo uma paz. Quando soube que as casas seriam construídas, o sentimento foi de vitória. Fui abençoada, graças a Deus”, disse.

De acordo com a dona de casa Jainne Camila dos Santos, 19, além das condições de vida precárias, o período de vivência nas Mangabeiras era acompanhado por um medo constante.

“Há três anos, vivia com medo do teto cair sobre mim e meus filhos. Era muito difícil morar com as crianças em um local como aquele, violento. Quando a prefeitura informou que iria fazer a construção das casas me senti vitoriosa, dando o primeiro passo para obter a minha moradia digna para, finalmente, poder tirar meus filhos daquela situação”, afirmou.