Agosto Dourado: nutricionista relaciona aleitamento materno e prevenção da obesidade

Saúde
05/08/2020 12h05

O ato de amamentar é um dos primeiros vínculos entre mãe e bebê, logo após o parto. Mais que um momento de afeto, o aleitamento materno, quando estimulado e mantido de forma exclusiva até os seis primeiros meses, e de forma complementar até os dois anos ou mais, se torna um fator de proteção contra doenças, entre elas a obesidade.

Em alusão ao Agosto Dourado, mês de reforço à importância da amamentação, a nutricionista da Rede de Atenção Primária da Secretaria da Saúde de Aracaju, Valderlânia Cristina, que atua na UBS Carlos Fernandes Melo, destaca os benefícios que o leite materno oferece ao crescimento e desenvolvimento da criança, principalmente no que se refere à prevenção da obesidade infantil.

“O leite materno, além de nutritivo e completo, é de fácil digestão, diferente do leite artificial. Além de hidratar e alimentar, ele funciona como uma vacina natural. É rico em vitaminas, proteínas e anticorpos que ajudam a proteger a criança nos primeiros meses de vida contra diarreias, infecções respiratórias, otites e alergias. Ele também diminui o risco de doenças crônicas como hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade”, explica a nutricionista.

No que se refere aos benefícios para a saúde da mãe, a profissional destaca a regulação do peso e a recuperação do tamanho do útero. “Também diminui o risco de hemorragia, anemia, diabetes, câncer de mama e de ovário”, pontua Valderlânia.

Sobre a relação entre o aleitamento materno e a prevenção da obesidade, a nutricionista alerta para que esse cuidado se inicie ainda no período neonatal, visto que a programação metabólica que ocorre durante o desenvolvimento fetal tem um papel importante na associação entre peso no nascimento e obesidade na vida adulta.

“O aleitamento materno vai associar a um menor risco de desenvolvimento de obesidade. A causalidade desta associação é suportada pela duração do aleitamento materno exclusivo, a qual estará, sobretudo, associada a uma menor variabilidade do Índice de Massa Corpórea (IMC), isto é, a um menor risco de desenvolvimento de baixo peso, tal como de excesso de peso. Isto se verifica quando o aleitamento exclusivo tem a duração mínima de quatro meses”, ressalta a profissional.

Produção reduzida e introdução alimentar
Considerando que a partir do sexto mês de vida, o bebê passa a conhecer novos alimentos, a orientação de especialistas é de que o leite materno continue sendo mantido, como alimentação complementar.

“É importante levar em consideração que os alimentos devem ser facilmente digeríveis, com aporte adequado de líquidos, com composição de forma adequada à idade da criança, a fim de estabelecer bons hábitos. Os nutrientes devem ser de boa qualidade (proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais). O esquema alimentar pode se basear em leite materno à vontade, refeições à base de frutas (papa de fruta e/ ou suco), hortaliças, cereal, leguminosas, sopinhas, carne moída, fígado moído, frango desfiado, peixe, ovo, caldo de folhoso”, orienta a nutricionista.

Sobre a dificuldade de algumas mães com relação à produção diária de leite, Valderlânia reconhece que essa preocupação é comum, sobre a quantidade e qualidade do leite produzido. “O corpo vai produzir o leite suficiente que o bebê precisa. É importante salientar que a produção se mantém de acordo com oferta e demanda, ou seja, conforme o bebê suga, a mama vai ser estimulada. Orientamos também ingerir muita água, alimentar-se bem, e sempre que possível tirar um tempinho para descansar, para que a mamada seja efetiva”, aconselha.