Salas de Recursos Multifuncionais das escolas municipais auxilia alunos da Educação Especial

Educação
08/01/2021 12h07

Ruan Martins tem 5 anos, é autista, aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Papa João Paulo II, localizada no Bairro Santa Maria, e aprendeu a escrever durante a pandemia. Mesmo com as aulas remotas no ano letivo de 2020, ele vem executando atividades a partir dos materiais elaborados pelas professoras da Sala De Recursos Multifuncionais (SRM), Ana Angélica e Priscila Casado.

Assim como Ruan, os demais alunos das Salas de Recursos da rede de ensino da Secretaria Municipal da Educação (Semed) de Aracaju são assistidos com ações pedagógicas diferenciadas para o desenvolvimento da aprendizagem. A preocupação com a qualificação dos serviços para esse público não é de agora. 
 
Desde 2017 que, dentre outras ações, a Semed, por meio da Coordenadoria de Educação Especial (Coesp), vem ampliando do número de salas de recursos multifuncionais, bem como de professores especializado para esse atendimento. Além disso, a pasta também contratou profissionais de apoio – cuidador e intérprete de Libras -, e publicou as “Diretrizes da Educação Especial: Incluir a diferença, por uma escola mais humana e inteligente”. 

Atualmente, são 44 professores atuando em 24 salas de recursos nas unidades de ensino geridas pela Semed. Todo esse trabalho proporcionou a qualificação das ações para o contexto do ensino remoto. Neste novo cenário, muitas escolas da rede criaram grupos de WhatsApp formados por representantes das famílias dos alunos das SRM, as professoras, e a equipe diretiva.

“Inicialmente, o foco das ações dos professores das salas de recursos junto aos alunos e suas famílias foi a disseminação de informações sobre a prevenção da covid-19 e a preocupação com a saúde mental em razão do distanciamento social. Em termos pedagógicos, os atendimentos educacionais especializados remotos passaram a se fundamentar no currículo funcional natural, com práticas educativas voltadas para o desenvolvimento da autonomia, do autocuidado, autoconhecimento e outras habilidades relacionadas a aspectos funcionais e sociais de cada aluno”, detalha a coordenadora da Coesp, Thaisa Aragão.

Apoio da escola
A mãe de Ruan, Daiana Stefane, afirma que a Emef Papa João Paulo entrou na vida deles em 2019 e melhorou tudo em relação ao filho. “Ela chegou como um alívio na minha vida. Foi bem complicado descobrir o autismo de Ruan, mas encontrei solução na [Emef] Papa João II. Ele aprendeu a se comportar, ter limites, e antes tudo isso era bem difícil para mim”, contou.

Daiana explica que durante a pandemia Ruan continuou estudando e tendo aula através de módulos e outros materiais pedagógicos enviados pela escola. Além disso, recebeu vídeos produzidos pela escola com orientações para auxiliá-la a ensinar e acompanhar o menino nas atividades escolares.

“Logo que veio a pandemia, as professoras entraram em contato comigo para explicar como seriam as aulas, tanto as do ensino regular quanto as da sala de recursos. Eles começaram a enviar atividades, vídeos, materiais produzidos por eles. A escola nunca me deixou só, sempre comigo, me apoiando, perguntando por ele. Meu filho aprendeu a escrever, a fazer o nome dele. No começo tomei um susto com a aprendizagem em casa, mas foi mais tranquilo do que imaginei, isso por conta de todo o apoio que ele está recebendo”, relata Daiana.

Inspiração
Na Emef Oviedo Teixeira, no bairro Olaria, a intérprete de Libras Alane Cruz, em acordo com a coordenadora da escola, Betânia Fonseca, com  a mãe da aluna Ketlyn Beatriz, do 3º ano, está indo uma vez por semana para a escola desenvolver atividades com a estudante de forma presencial.
 
Com todos os cuidados necessários para prevenir o contágio pelo novo coronavírus, Ketlyn recebe o conteúdo e faz os exercícios com a professora, que utiliza da ludicidade, de jogos e outras ferramentas pedagógicas para o aprendizado da sua aluna.

“Como ela é deficiente auditiva e usa aparelho nos dois ouvidos, comecei a fazer um trabalho de formiguinha. Fui ensinando a ela e sua professora me deu total liberdade para eu ensinar aos outros alunos também. A gente saiu com um saldo muito positivo, com todos sabendo o básico das libras: o que significa, a importância na comunicação com os surdos, a sinalização de materiais escolares”, afirma Alane.

Ela conta, com orgulho, que além do desenvolvimento de Ketlyn no conhecimento e em sua comunicação, duas outras conquistas são vistas como resultado do trabalho que vem sendo realizado. “O irmão de Ketlyn e uma amiguinha, ambos também alunos da Emef, se interessaram para fazer as aulas de Libras junto com ela. Tudo para facilitar a comunicação entre eles. Já a mãe dela, passou a conhecer melhor este mundo da Educação Especial através das nossas aulas e decidiu estudar Letras/Libras. Sinto-me lisonjeada e extremamente feliz por esses resultados”, destaca Aline.

A mãe de Ketlyn, Jéssika Bezerra, diz que a Libras foi um presente na vida da filha. "É encantador. Ajudou bastante na aprendizagem dela, que tinha dificuldade de decorar, ler, e tudo isso se tornou mais fácil com as aulas da Sala de Recursos. Como me apaixonei pela área através dessas aulas e tudo que trouxe de bom, tomei uma decisão: tinha parado meus estudos há 9 anos, mas voltei a estudar, concluí em 2020 e quero prestar vestibular para a faculdade nessa área. Seguir minha vida trabalhando dessa forma. Libras é amor. Ketlyn tem Alane como amiga, porque a comunicação e a confiança entre elas é enorme. Isso para uma mãe é muito gratificante. Então, sou muito grata por tudo”, frisou.