Professores da rede municipal adaptam aulas para alunos surdos durante a pandemia

Educação
23/04/2021 12h03

Desde o começo da pandemia, professores da rede municipal de ensino de Aracaju têm buscado estratégias para o ensino nas aulas remotas. Na área da Educação Especial não tem sido diferente.

Dentro de uma proposta inclusiva, a Prefeitura de Aracaju atende a 856 estudantes com necessidades específicas, trabalhando com professores e intérpretes especialmente para este segmento.

Em se tratando de alunos surdos, por exemplo, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) contabiliza 21 discentes matriculados em sua rede. Diante dos desafios das aulas não presenciais, eles vêm sendo acompanhados por seus professores e intérpretes através dos meios virtuais.

“A educação de surdos se dá através do ensino de Libras e a metodologia, em sua maior parte, é através de suporte visual, já que a imagem favorece o desenvolvimento e aprendizagem deles. Os profissionais de Libras vêm articulando com os professores das salas comuns que atendem estes alunos surdos, fazendo a mediação da língua e a adequação dos materiais pedagógicos, como os módulos, no caso do ensino fundamental; e da interpretação em Libras de histórias para os alunos da educação infantil”, explica a coordenadora da Educação Especial (Coesp) da Semed, Thaisa Aragão.

A intérprete de Libras Alanne Cruz é quem acompanha a aluna Ketlyn Beatriz, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria. Ela vem auxiliando a estudante diariamente no que se refere à aprendizagem.

“Ano passado, além das aulas remotas, estávamos indo à escola, tomando todos os cuidados com a covid-19, por conta de dificuldades com a internet por parte da estudante. Para este ano letivo já estamos produzindo bastante. Envio links pelo WhatsApp, produzo alguns vídeos e também estou enviando material para a professora do reforço dela”, explica.

Professora da sala de recursos da Emef Professora Rachel Côrtes Rollemberg, no bairro José Conrado de Araújo, Isabel Dórea declara que no começo da pandemia o trabalho com surdos no ensino a distância estava sendo mais trabalhoso, foi quando resolveu gravar vídeos das aulas e criar um canal no YouTube.

“As aulas são passadas em Libras e no começo eram enviadas para cada mãe, mas elas se queixavam de dificuldades com os telefones, então criei um canal só para disponibilizar o material de ensino. Lá, coloco o conteúdo e envio o link para os grupos”, elenca.

Segundo Isabel, a aluna está na fase de alfabetização, por isso a Libras está sendo trabalhada como primeira língua, já que é a base de comunicação da estudante. "É importante que ela aprenda a língua de sinais primeiro, para depois conseguir aprender o português", firsa.

"Quando eles têm dúvidas eu gravo vídeos respondendo e explicando e como os alunos surdos estão na inclusão, estudando com outros alunos que são ouvintes, falei com a coordenação das escolas e também estou ensinando Libras para os ouvintes, como L2, uma segunda língua. Está sendo interessante, estou com um feedback significativo e percebo que o ensino está funcionando e sendo interessante para mim e para eles”.

Formação Continuada
No próximo sábado, dia 24, será realizado o curso ‘Produção de materiais visu-imagéticos bilíngues adaptados para surdos e materiais pedagógicos para o ensino de Libras como L1’. Voltado para professores das salas de recursos multifuncionais, professores bilíngues e de sala de aula regular de ensino fundamental, todos vinculados à Semed, o evento ocorrerá de forma online, das 8h às 12h, e das 13h às 17h.

Esta é uma realização do Coesp, em parceria com o Departamento de Letras Libras (DELI), da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e está inserida no programa Horas de Estudos, do Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada da Educação de Aracaju.

“Temos esse curso de sábado, acontecendo exatamente no Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), quando foi sancionada a Lei que instituiu a Libras como uma língua oficial no país e é a primeira ação desta parceria. Outros cursos serão ofertados, como curso de Libras, curso de Libras como L1 para alfabetização de alunos surdos e outras ações a serem realizadas a partir desta parceria com o departamento de Letras/Libras da UFS”, ressalta Thaisa Aragão.