Professora de Artes da rede municipal dá continuidade a aulas de violino na Emef Santa Rita

Educação
29/04/2021 16h00

“Quando toco é como se despertasse minha alma ou como se minha mente se abrisse mais ao mundo, fazendo-me esquecer das coisas ruins e fazendo meu dia alegre quando estou triste”, é o que declara Caio Vinícius de Jesus, de 17 anos e aluno do 9 ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santa Rita, localizada no bairro Novo Paraíso. Ele é um dos jovens que fazem parte do Projeto Suzuki, iniciativa da professora de Artes Déborah Prado, que dá aulas de violinos aos alunos da unidade de ensino.

O projeto acontece desde 2018, quando a professora encontrou 18 violinos que foram adquiridos pela escola através de recurso do programa Mais Educação. Com eles parados e sendo musicista, Déborah, com o apoio da direção da escola e do Departamento de Educação Básica (DEB), resolveu utilizá-los em um projeto que auxiliasse no desenvolvimento educacional e pessoal dos alunos daquela unidade de ensino. Antes da pandemia, os alunos iam às aulas de música no contra turno. Com o período de ensino remoto, o projeto passou a ser realizado de forma virtual e a professora emprestou dois violinos próprios para que os alunos alternassem entre si e ensaiassem em casa. Nesta quinta-feira, 29, o projeto retomou as aulas presenciais, embora com condições específicas: encontros individuais, com necessidade de agendamento prévio de horário, e meia hora ofertada para cada aluno.

“As turmas são divididas por níveis e quando tivermos preparado novo repertório, nos reuniremos presencialmente de novo, mas com muito cuidado em relação ao distanciamento social. Além disso, teremos vários grupos de ensaios, mas com poucas pessoas, para não aglomerar. Percebo o desenvolvimento deles nessas aulas, enquanto alunos de outras disciplinas e até mesmo em casa. Começa como um hobby, mas esses jovens podem tornar-se profissionais e terem um caminho assegurado, tocando em eventos ou dando aulas, o que já é uma grana extra, que pode acrescentar no orçamento”, explica a professora Déborah.

Cassiano Artur de Jesus, de 13 anos, é o aluno mais novo da turma, está na aula de violino há um ano e meio e evidencia que a aula de música “é mais uma forma da gente aprender e não ficar preso apenas às disciplinas principais da escola, como português e matemática”.

Ele conta que já tinha contato com outros instrumentos musicais, mas quer levar o violino como ferramenta profissional. “Gosto muito de música, já toquei triângulo com meu tio, que é canto de forró, e tenho uma flauta doce em casa. O violino é mais um instrumento de muitos que vou aprender. Depois das aulas de violino, passei a ouvir as músicas de uma perspectiva diferente e quero levar adiante como profissão. A música é uma coisa que tem que levar para a vida toda”.

Superação e desenvolvimento
O projeto Suzuki já possibilitou aos jovens apresentações em eventos, programa de rádio e universidades. Mariana Marx, de 17 anos e estudante do 7º ano na Emef Santa Rita, conta que as aulas que faz desde 2018 têm lhe ensinado a superar desafios.

"No começo eu não colocava fé em mim, até porque sou canhota e senti muita dificuldade, mesmo assim fui fazendo as aulas, superando o que era difícil e já participei até de apresentações. Quero que a música continue a fazer parte da minha vida, também sendo professora de violino para outras crianças e jovens”, afirma.

De acordo com Débora, professores de outras disciplinas têm relatado mudanças positivas no comportamento dos alunos que fazem as aulas de violino. "Isso porque a música também tem esse fato: ela traz a questão métrica, sobre pulsação e contagem de tempos matemáticos, tem hora certa de começar a primeira nota, de esperar o outro, pausas na música. Tudo isso exige mais concentração e disciplina", conta Débora.

“Sinto-me muito feliz porque essas crianças precisam de momentos como esse que a professora Déborah está oportunizando. Não é um momento pontual, é um processo contínuo. Algo tão ímpar para o processo de humanização das pessoas, para o desenvolvimento intelectual, cognitivo e das múltiplas inteligências. As artes desenvolvem a sensibilidades dos alunos para o mundo. Ao invés de estarem em casa, no ócio, estão desenvolvendo outros tipos de saberes. Por isso, projetos como esse são tão significativos para a educação e para a sociedade”, ressalta o coordenador da Coordenadoria de Arte da Secretaria Municipal da Educação de Aracaju, Lucas Wendel.