Debate sobre a influência de novos estilos musicais encerra o Fórum do Forró de 2021

Cultura
18/06/2021 21h00

Falar em festejo junino, nas últimas décadas, é considerar que nesse universo musical há espaço para muitos estilos e vertentes do forró. Da versão eletronizada do forró, até as novas linguagens musicais, como arrocha e o piseiro, há vertentes do ritmo tradicional nordestino – mudanças que são consequências da evolução do consumo cultural das massas.

O segundo e último programa do Fórum do Forró de 2021, exibido nesta sexta-feira, às 20h, no Youtube da Prefeitura de Aracaju e nas TV’s públicas Alese e Câmara de Aracaju, mergulhou nesse debate cultural, trazendo como percussores do bate-papo os convidados Bráulio Tavares e Targino Gondim, sob a mediação do jornalista e presidente da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), Luciano Correia. O Fórum do Forró é uma realização da Prefeitura de Aracaju, com a parceria da Uninassau e Construtora Stanza.

Em um programa leve, com inserções musicais e direito até a palhinha com a sanfona de Targino Gondim, que tocou a sua música ‘Esperando na Janela’, por exemplo, o debate colocou em discussão, logo no início, se a tradição do forró tem se perdido com as novas linguagens musicais. Assista o programa clicando aqui.

Crítico musical, poeta, compositor, letrista e pesquisador da melhor qualidade, Bráulio Tavares utilizou uma metáfora da navegação para explicar o cenário musical. “A gente encara as épocas do modo que elas vêm para a gente. Não dominamos o tempo, ele que nos arrasta. A civilização evolui, melhora, piora, e a gente não pode comandar essas coisas. Paulinho da Viola diz em sua música que ‘não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar’. Você tá na tempestade, não pede ao oceano para parar. Tem que navegar como as ondas vêm. Então o cenário é entender o mar como tá se mexendo e saber se manter dentro dele, cumprir nossos trajetos, nossas missões de mundo”, ilustrou o pesquisador.

Bráulio disse que tem acompanhado o surgimento de novas linguagens musicais nas últimas décadas, e vê espaço para todas, mas cada uma no seu devido lugar. “Só não quero que façam rock ou outro estilo e chamem de forro, porque são coisas distintas. Sou conservador do forró, porque ele é uma marca registrada´, e tem muita gente que quer fazer do forró uma outra coisa, se aproveitando porque outras pessoas já abriram portas nos rádios, televisões, imprensa e patrocinados dentro desse estilo lá atrás”, frisou Bráulio.

Entre prosas e discussões, o paraibano Targino Gondim diz que vai tentando navegar dentro do mercado sem perder a sua essência musical. “O mercado vai mexendo, transitando. A cultura e a tradição não são estáticas, elas vão mudando, as pessoas vão mudando os gostos, e a gente vai transitando. Nesse caminho você tem que ter um roteiro que chegue da melhor maneira possível ao seu objetivo, navegando nisso e com quem você estiver do lado. Não quero ser o cara chavão. Quero que meus netos lembrem de mim, da minha passagem pela música brasileira, como alguém que contribuiu, que vai ajudar a construir novos talentos, referências musicais”, flertou.

Apesar das novas linguagens musicais dominarem o principal espaço midiático, Bráulio destacou a importância de manter a tradição do baião e estilos mais longevos do forró. “O baião já ocupou 50% das atenções, e de repente foi caindo, caindo, pode chegar a 5%, mas é importante manter a chama acesa, porque uma hora volta a ter evidência. Há uma metáfora que explica bem. Existe a tribo que sabe usar fogo, mas não sabia criar, então precisa ir buscar isso na outra tribo. Nós somos a tribo que sabe criar o fogo, que é o forró, e não podemos deixar essa sabedoria morrer”, registrou o pesquisador.

Sobre o futuro dos festejos, os convidados reforçaram a importância de vacinar toda a população e do cumprimento das medidas sanitárias para só então ir para a retomada dos eventos. Enquanto isso, Targino diz que tem utilizado os recursos tecnológicos para se aproximar do público. “É usar tudo que tenho aqui, meu celular, minhas redes, vou ficar usando o que eu tenho aqui para potencializar meu trabalho”, pontuou.

Forró Caju em Casa
Ne sábado 19, começam as apresentações do Forró Caju em Casa 2021, as quais seguem até o dia 30. Ao todo, 82 bandas se apresentarão através do YouTube da Prefeitura de Aracaju e nas TV’s públicas Alese e Câmara de Aracaju, sempre a partir das 19h.