Educadores sociais atuam como agentes transformadores de histórias

Assistência Social e Cidadania
19/09/2021 10h00

Neste domingo, 19, comemora-se o Dia Nacional do Educador Social. O profissional, ainda pouco reconhecido pela sociedade, está presente nos equipamentos socioassistenciais da Secretaria Municipal da Assistência Social, na Prefeitura de Aracaju, sendo fundamental na formação social e cidadã de crianças, adolescentes e idosos residentes da capital sergipana. 

Atuando diretamente com esse público, os educadores desenvolvem atividades socioeducativas culturais, esportivas, recreativas e ressocializadoras realizadas em Centros de Referência da Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas), Centros de Referência Especializados para Pessoas com Deficiência (Centro-DIA) e para População em Situação de Rua (Centro POP), Abrigo e Casas Lares. 

Atualmente, também compõem a unidade de acolhimento temporário para pessoas em situação de rua, durante a pandemia da Covid-19, na Escola Municipal de Ensino Fundamental General Freitas Brandão, no bairro Suíssa. 

“É um profissional essencial no acesso dos usuários à política de assistência social. São eles que compõem a equipe na ponta, identificam as situações vivenciadas por eles, seja por meio de atividades, projetos, em encontros individuais ou coletivos. Durante a pandemia, seu trabalho sofreu adaptações necessárias para que o vínculo fosse assegurado”, destaca a secretária da Assistência Social de Aracaju, Simone Passos. 

A secretária reforça, ainda, o empenho e faz um agradecimento aos profissionais.

“Temos profissionais comprometidos com a atual gestão, com a política de assistência social, desempenhando seu papel com dedicação, amor e qualidade. Agradecemos a parceria, principalmente com os nossos assistidos”, completa.

O educador social é um profissional de nível médio, não sendo necessária uma formação específica para atuar nessa função. 

Para a diretora das Proteções Sociais Básica e Especial da Assistência Social do município, Roberta Viana, o papel do educador social no Sistema Único da Assistência Social (Suas), vai além da realização de atividades socioeducativas. 

“O trabalho desempenhado pelo educador social no Suas busca promover o desenvolvimento de potencialidades e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, através de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. Trata-se de um profissional que contribui ativamente para o protagonismo e a autonomia de famílias e indivíduos. Com isso, garantem não apenas o fortalecimento desses, mas também os estimula a conquistarem um novo projeto de vida, possibilitando assim a superação de situações de fragilidades sociais vivenciadas”, destacou. 

Reconhecimento
Yala Taissa Nascimento se tornou educadora social após aprovação no concurso realizado no ano de 2010. Há 10 anos, atua no Cras Benjamim Alves, situado no bairro Coroa do Meio, onde trabalha com crianças e adolescentes no SCFV. Ela nunca tinha ouvido falar da profissão e aprendeu a desempenhar sua função no dia a dia. 

“Com a prática, comecei a entender, gostar e não quis sair. Para mim, ser educadora social representa novos horizontes. Estamos aqui para mostrar que isso é possível. Me sinto feliz com a profissão que escolhi. Devemos olhar o usuário, não apenas enxergá-lo, principalmente aprender a ouví-lo. É com esse olhar e escuta que conseguimos identificar talentos e arranjar meios para que esse indivíduo seja capaz de tornar-se visível e autor de sua própria história”, relata. 

A estudante Mariane Eulalia Lima é integrante do SCFV no Cras Benjamim Alves, há quatro anos. Seu irmão também participa das atividades. A usuária aprova o trabalho da educadora social.

“Faço várias coisas legais, gosto de participar das atividades. Ela [a educadora social] é muito divertida, engraçada, brincalhona, elogia todo mundo. Quando fazemos algo de errado, ela nos orienta sobre o que devemos ou não fazer. Todos me acolhem muito bem”, conta.

Graduada em Letras Português/Inglês, a educadora social Kely Cristina Florêncio passou pelo Cras Risoleta Neves, antiga unidade socioeducativa do povoado Aloque e, há cinco anos, está no Cras Madre Tereza, localizado no Largo da Aparecida, no bairro Jabotiana.

“O meu primeiro dia na Assistência foi um choque porque me deparava com crianças que tinham como sonho e vida se tornarem chefe do tráfico de drogas. Acredito que o educador social atua como uma pessoa que transforma a vida do outro e mostramos como podem fazer isso. O vínculo é a nossa ferramenta de trabalho mais importante, é o nosso diferencial dentro da equipe técnica por estarmos diretamente ligados a eles. Me sinto realizada em perceber que o que faço dá resultados. A efetividade que busco, acontece”, ressalta.

A dona de casa Maria de Fátima Almeida mora no bairro Ponto Novo e participa do grupo intergeracional do SCFV no Cras Madre Tereza onde teve acesso aos serviços socioassistenciais de garantia de direitos. 

“Vim fazer meu Cadastro Único e a assistente social perguntou se eu queria participar das atividades. A psicóloga que também me atendeu viu que eu não estava bem. Quando cheguei, abriram os braços para mim. Dei risada ao ponto de me emocionar. Fui muito bem acolhida. Me sentia uma pessoa inútil na vida, sem animação para nada. Aqui, me mostraram que eu tenho voz ativa. Hoje sou outra mulher, mais feliz por causa da educadora social e da equipe. Conheci o amor ao próximo que para mim, não existia mais”, disse. 

Há 10 anos, Elizangêla Oliveira é educadora social, sendo que, há oito, no Cras Enedina Bomfim, situado no bairro América. Segundo ela, sempre gostou de trabalhar com crianças e adolescentes e “caiu de paraquedas” na profissão. 

“Fui conhecendo o papel do educador social e a sua forma de trabalho no dia a dia. Me encontrei. Era algo que já estava dentro de mim, já nasci educadora social. O meu trabalho me dá oportunidade de tocar na alma das pessoas. Tudo que desenvolvo é pensado na construção de um mundo mais justo, plural, amoroso para as crianças, prezando pela garantia dos seus direitos, além de dar condições para que cada um (a) desenvolva o seu potencial. É a formação de um cidadão”, salienta. 

A estudante de pedagogia, Carla Pereira e suas três filhas frequentam o Cras Enedina Bomfim, há sete anos. Suas amigam indicaram o equipamento, onde conseguiu ser beneficiada, após aprovação, com o Programa Bolsa Família, do governo federal. 

“Achei interessante o trabalho deles. A coordenadora ‘Beth’ me falou dos serviços ofertados e trouxe minhas filhas. Minha filha mais velha é diagnosticada com transtorno bipolar. Antes de vir para cá, ela era impulsiva, ninguém ficava com ela. Depois que entrou no serviço, graças a Deus, ela mudou. Hoje se comunica com todos. Tive muito suporte de toda equipe. É um serviço muito acolhedor na comunidade. Adoro as atividades socioeducativas desenvolvidas, elas aprendem bastante. Para mim, só trouxe coisas boas. Da direção ao faxineiro, aqui é a minha segunda casa e das minhas filhas também”, reconhece.