Saúde mental materna: rede municipal alerta para importância do acolhimento às mães

Saúde
17/05/2022 15h11

Muitas pessoas já ouviram a frase: quando nasce um bebê, nasce uma mãe. Mas, antes mesmo desse nascimento, as dúvidas e sentimentos confusos dominam a mente daquela que será, por muitos anos, ou em muitos casos, pela vida inteira, o porto seguro de alguém. E, em meio a todo acontecimento que é a chegada de uma vida, pouco se pensa sobre a saúde mental materna. 

Neste sentido, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alerta sobre a importância de cuidar da saúde mental materna e entendê-la, para não julgar e acolher essa mãe. 

“A chegada de um bebê causa uma nova configuração na família que vai recebê-lo, e na mulher causa intensas mudanças físicas, psicológicas e sociais. A saúde mental se volta para essa mulher, que passa por diversos questionamentos e perturbações psicológicas comuns, durante o período da gestação e pós-parto. A Campanha Nacional Maio Furta-cor tem como objetivo sensibilizar a população sobre a saúde mental materna e sobre a sobrecarga que a mulher recebe com a chegada de um bebê”, explica a psicóloga da Rede de Atenção Psicossocial da SMS, Aline Souza. 

Descoberta e primeiras mudanças

A notícia de que será mãe causa na mulher uma série de sentimentos e faz surgir questionamentos, 
mesmo quando a gravidez é planejada. Mudanças não apenas emocionais, mas também hormonais aparecem nos três primeiros meses de gestação. 

“No segundo trimestre, ocorre o momento de vinculação entre a mãe e o bebê. No terceiro trimestre, além das mudanças físicas, como inchaço e ganho de peso, a mãe começa a pensar no parto que estar por vir e tudo que representa a chegada do bebê. Em todas essas fases, é essencial que ela se sinta acolhida para acompanhar o desenvolvimento de seu bebê em todas as etapas e vivê-las da melhor forma”, ressalta a psicóloga.

Parto, puerpério e volta ao trabalho

As dúvidas e sentimentos confusos atravessam todo o período gestacional, situação que se potencializa durante o trabalho de parto e puerpério. Conforme orienta a psicóloga Aline Souza, favorecer um ambiente acolhedor nessa fase e poder contar com uma pessoa de confiança fará com que essa mulher viva o momento com mais tranquilidade e vislumbre o puerpério com menos tensão. 

“O puerpério dura muito mais que os 45 dias de recuperação do corpo, pois é a fase de adaptação com a chegada do bebê. Essas mudanças hormonais e na rotina da casa acabam deixando a mulher mais emotiva e com sentimentos confusos, quando a maioria delas passa pelo que chamamos de ‘tristeza materna’, um estado de humor depressivo e que costuma aparecer na primeira semana após o parto”, considera Aline.

Ainda segundo a profissional, essa alteração no humor é coerente com o momento vivido e todo processo de elaboração dessa fase da mulher que se torna mãe, e não a incapacita com relação aos cuidados com o bebê. 

“Quando esses sintomas de tristeza permanecem por mais tempo, acrescidos de outros sintomas como perturbação do sono, diminuição de apetite, de energia, sentimento de desvalia ou culpa excessiva, liga o alerta para uma depressão pós-parto. Nesses casos, é importante ter um cuidado especializado para que essa mulher consiga passar pela fase”, alerta a psicóloga. 

Desta forma, a orientação é buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) para que o profissional da equipe de Saúde da Família possa avaliar a puérpera e realizar os encaminhamentos necessários. 

Passado o período de recuperação física e após liberação médica, é chegado o momento de volta ao trabalho, o que levanta novos questionamentos e intensas reflexões, como sentimento de culpa por ter que passar uma parte do dia longe do bebê. 

“Há, ainda, o sentimento de culpa das mulheres que sentem falta dessa rotina e desejam voltar logo ao trabalho, para se sentir ativa. É importante entender que esses sentimentos distintos são comuns durante esse período, e é preciso acolhê-los. Todo processo de gestação, parto e pós-parto apresenta sentimentos positivos e negativos, e eles devem ser compreendidos como parte da situação”, salienta Aline Souza.

Apoio Psicológico

A rede de saúde da capital tem as UBSs como porta de entrada para acolhimento das mulheres, logo que elas descobrem que serão mães. E durante a realização do pré-natal, todas que sentirem necessidade de um acompanhamento psicológico devem informar junto ao seu médico da equipe de Saúde da Família. 

Outro suporte ofertado pela rede de saúde é o Serviço de Apoio Psicológico, pelo 0800 729 3534, onde a mãe (em qualquer fase da vida) pode entrar em contato e ser atendida por psicólogos da Rede de Atenção Psicossocial, que farão a escuta especializada e dar encaminhamento, quando necessário.