Prefeitura realiza XVII Fórum do Forró e leva ao debate a linguagem musical do Nordeste

Agência Aracaju de Notícias
09/06/2022 20h27

Um espaço para debater e valorizar a cultura nordestina, acompanhando as transformações e potenciais da indústria fonográfica do país. Esse é Fórum do Forró, realizado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), que aconteceu durante toda esta quinta-feira, 9, na sua XVII edição, dentro da programação junina da capital, contando com a participação de músicos, pesquisadores, compositores e amantes do ritmo, reunidos no auditório do Sesc Comércio Raymundo Juliano, no Centro. O evento teve como tema geral “O forró como linguagem musical do Nordeste: do tradicional ao moderno nos novos espaços e plataformas”.

Criado em 2001, o Fórum do Forró tem ganhado cada vez mais relevância e visibilidade, como um espaço que democratiza a discussão relacionada às tradições juninas. “O Fórum do Forró é um evento tradicional, que já está inscrito nos anais da música sergipana, trazendo importantes contribuições, além de reverenciar os envolvidos na cadeia criativa do forró, como músicos, produtores, pensadores e pesquisadores do forró. É um evento que registra a memória da nossa cultura”, explica o presidente da Funcaju, Luciano Correia.

Nesta edição, especificamente, foram abordadas questões como a necessidade de ultrapassar a barreira da regionalidade e sazonalidade do ritmo, reafirmando o forró como parte potente da chamada Música Popular Brasileira (MPB) dentro do panorama das novas tecnologias de consumo musical.

“Para este ano, trazemos uma discussão nova, focada no mercado e na distribuição da música, a partir das plataformas digitais. A proposta é apresentar essas novidades para nossos artistas e produtores, pois o mercado da música deixou de ser físico, então precisamos aprender a utilizar as novas plataformas, desenvolvendo novas estratégias de posicionamento, para levar nosso forró, nossa cultura, para todo o mundo”, aponta Correia.

O impacto da pandemia sobre o setor cultural e a importância do poder público para a retomada das atividades também esteve em pauta. “Hoje tive o prazer de falar sobre a organização de festivais de forró, com base na experiência que tivemos em Itaúnas. O objetivo é dar uma dinâmica ao circuito pé de serra, impulsionando o movimento. Nós ficamos esses dois anos parados, o forró foi um dos gêneros mais prejudicados, porque nossa tradição é dançar juntinho. O Fórum do Forró é uma oportunidade de trocar experiências, se atualizar com novidades, para fazer essa retomada com todo gás”, diz o idealizador do Festival Nacional de Forró de Itaúnas, Paulo Matos.

A participação de profissionais de outros estados, como o diretor de música da Gravadora Kuarup Discos, Paulo Vinicius Zinsly, o produtor musical Anderson Fanta e da responsável artística da Tratore, distribuidora digital de música independente, Cleuza Lopez, enriqueceu ainda mais o debate.

“O forró, em si, é uma cultura muito rica. Mas ainda é pouco divulgada nas grandes mídias. A discussão proposta pelo Fórum do Forró é fundamental para consolidar o debate, desenvolvendo estratégias para que o forró possa ocupar esse espaço, para que possa contagiar o Brasil como deve contagiar. Para mim, que sou de São Paulo, é uma oportunidade de fazer um intercâmbio, trocando experiências dessa sanfona que chora e que alegra nossa alma”, acredita Paulo.

O público presente também se manifestou, relembrando a história do forró em Sergipe, referenciado os grandes mestres e mestras locais, apontando a necessidade de manter uma epistemologia do ritmo.

Linguagem universal

Se é certo que a linguagem universal é o amor, Mestrinho, como o próprio nome já aponta, é especialista em ensiná-la. Com suas composições ou interpretando canções de outras pessoas, passa adiante a beleza da forma de demonstrar carinho própria do Nordeste.

São as palavras usadas, como “cheiro” e “cafuné”, expostas no nosso sotaque característico, e as melodias na sua sanfona, que emocionaria qualquer um dos muitos músicos virtuosos de origem sergipana, que reafirmam a necessidade de manter as tradições vivas e seguindo, de forma essa linguagem mencionada seja espalhada, como um direito de todos.

Para além de participar das discussões, mostrando a perspectiva de quem formou-se em Aracaju e conquistou a nação, coube além fechar o evento com show, que certamente ficará marcado nas mentes e corações de quem esteve por lá.

“Esse Fórum é importante justamente pela troca de informações. A gente precisa entender o que está acontecendo ao nosso redor, no mundo, inclusive as plataformas digitais. Ter um espaço como esse, promovido pelo poder público, é muito bom”, salienta Mestrinho.