Centro Cultural: patrimônio que abriga tradição e cultura de Aracaju

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19/02/2018 09h00

Um prédio tombado, com muita história para contar e o aporte financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foi assim que o lugar que já abrigou a antiga Alfândega e a Receita Federal se tornou o belo Centro Cultural de Aracaju. O projeto, inaugurado há quatro anos, é administrado pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e oferece diversos espaços culturais que retratam marcos históricos da capital de forma moderna e viva.

O prédio foi erguido na segunda metade do século XIX com o objetivo de se tornar a Alfândega da cidade, sob a responsabilidade do engenheiro Leandro Maciel, na praça General Valadão, um dos lugares de mais destaque da capital à época. Durante muitos anos, foi o local de controle de importação, exportação de mercadorias e cobrança de impostos, que, anos depois, se transformou na atual Receita Federal.

Por muito tempo, foi deixado de lado, entrou em decadência e até mesmo as portas e janelas foram roubadas. Foi tombado em 2003, por meio do decreto estadual nº 21.765, e doado pelo Governo Federal para município de Aracaju dois anos depois, durante a gestão do governador Marcelo Déda como prefeito da capital. A partir disso, passaram a ser pensadas formas para salvaguardar o patrimônio e manter viva a história de gerações.

Foi no final da primeira administração do prefeito Edvaldo Nogueira que o espaço alcançou um avanço significativo: o financiamento do BID à disposição para reforma e restauração. A missão da professora Aglaé Fontes de Alencar, enquanto vice-presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju) da gestão seguinte, foi elaborar um projeto para revitalização, tornando o espaço útil, que é uma das principais premissas para a liberação da verba do Banco.

"Não queríamos transformar em um museu para guardar antiguidades. Mas manter a ideia museológica, com uma visão moderna, para reviver a história e trazer as novas gerações para o local. Conseguimos provocar a revitalização através das mais diversas formas de linguagem, com cinema, teatro, biblioteca e sala de vídeo, que recebem visitantes diariamente", afirma a professora.

Para isso, foi realizado um levantamento histórico prévio sobre arquitetura original para respeitar a estrutura antiga, adequando à acessibilidade, mas mantendo a estética. Todo o material foi documentado e registrado para preservação histórica e a equipe de trabalho treinada para o funcionamento. Foram oferecidas aulas e explicações, com mediações culturais, capacitando-os para cuidar e receber os visitantes de forma apropriada em um local como esse.

Desde a sua inauguração, em outubro de 2014, após dois anos de muito planejamento, o local já recebeu diversas exposições, seminários e jornadas de cultura e educação. A professora Aglaé ressalta que o recurso, administrado pela Prefeitura de Aracaju, foi substancial para essas realizações e para a qualidade dos móveis, por exemplo. Hoje, o BID fiscaliza o que foi feito para que nada seja alterado. Existe um compromisso cultural e administrativo.

"Fico muito alegre do Centro ter se tornado um espaço muito respeitado e útil para a cidade. Tudo aqui está sendo cuidadosamente guardado. Queremos sempre o novo, mas o novo parece que não tem cara. Antes de nós, tiveram pessoas que fizeram coisas importantes e precisamos lembrar disso. Esse é um prédio carregado de história e ele, sozinho, já fala por si. Eu quis conquistar a nova geração e, para isso, é preciso oferecer algo que seja vital. E vida só pode existir se tiver ação. O Centro Cultural tem tudo isso", orgulha-se.

Hoje, o local é palco de importantes manifestações culturais realizadas pela Prefeitura de Aracaju, como os projetos Ocupe a Praça e o Quinta Instrumental, tornando o local um ponto de estímulo e incentivo democrático à cultura.