“Quando a gente se torna cadeirante parece que o mundo acabou, que você nunca poderá fazer mais nada, a gente se torna impotente. A minha vida mudou quando comecei a frequentar o Centro Especializado em Reabilitação, comecei a fazer a fisioterapia, cada dia é uma nova conquista e agora estou participando das rodas de conversa que acontecem toda semana, onde outros deficientes como eu trocam informações. Recebemos orientações de diversos profissionais, como a questão dos nossos direitos, que é possível praticar esporte, ter uma vida normal, brincar com sua filha. A limitação não deve ser barreira para continuar a sonhar”, relatou emocionado o cadeirante Evanilson Alberto dos Santos.
A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou na manhã desta quinta-feira, 03, uma Roda de Conversa com usuários do Centro Especializado em Reabilitação (CERII), localizado no Cemar do Siqueira Campos, com o objetivo de estimular a cidadania, o bem-estar, as potencialidades e a autonômica dos cadeirantes em situação de vulnerabilidade. A ação falou sobre os direitos da dignidade, a estrutura de tratamento e de acolhimento, mostrando para a sociedade e para o próprio deficiente que deficiência não é sinônimo nem de doença, nem de infelicidade.
O CERII é referência em todo o estado, com equipamentos de ponta para que os usuários possam realizar sua reabilitação de forma gratuita e qualificada, com profissionais dedicados de diversas áreas e que são bastante elogiados pelos usuários, como é o caso da dona de casa Jisanete Lima, esposa de um dos usuários que acompanha tanto as rodas de conversa e os tratamentos do marido. “Meu marido tinha muita dificuldade em aceitar que virou cadeirante, ele se fechou, não falava sobre o assunto. Hoje a gente se sente sempre acolhido aqui, ele está mais solto, já está até querendo fazer esporte, ele vai entrar para equipe de Badminton e não perde de jeito nenhum os dias de fisioterapia e as rodas de conversa, onde já fez novos amigos”, afirma contente a esposa do cadeirante Evanilson Alberto, Jisante Lima.
O Projeto
De acordo com a assistente social do Centro de Especializado em Reabilitação (CERII), Débora Bispo de Franca, as rodas de conversa fazem parte de um projeto técnico do CERII. “O projeto nasceu a partir dos atendimentos dos usuários no serviço social, a partir da necessidade dos usuários. Então tivemos a perspectiva de que tratar só com a fisioterapia e o fonoaudiólogo, não funciona, que eles precisavam de um apoio a mais, como saber seus direitos. Cada semana temos um tema novo, determinado pelos usuários”, informou.
Para a coordenadora do Programa de Cuidado de Pessoas com Deficiência, Suely Reis, a importância desse projeto é fundamental para a ressocialização e a evolução do tratamento para o paciente. “A proposta do trabalho de reabilitação é que os usuários não apenas participem do tratamento individual, e sim, ter essa proposta de troca, de experiência e de conhecimento entre os usuários, os cuidadores e os profissionais do Centro. Foi proposto pelo programa que fosse montado dentro do Centro, nos grupos terapêuticos, onde eles pudessem trocar essas experiências e conhecer também o que hoje as políticas têm para ofertar às pessoas com deficiência. Esse é o nosso primeiro grupo terapêutico que foi proposto pela assistente social Débora Bispo, queremos realizar outras rodas de conversas agora com os familiares de pessoas com Síndrome de Down. A proposta do serviço é que consigamos montar vários grupos, para que aconteça essa troca, esse apoio, que eles se sintam também acolhidos pelo CERII, para que elas possam entender que é possível viver bem, mesmo tendo uma deficiência”.
Novos Desafios
A empolgação dos usuários é tão grande que a CERII firmou parceria com os estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e já marcaram para o próximo dia 15 deste mês uma partida de paintball. Segundo a coordenadora Suely Reis, será um evento recreativo, onde pacientes e familiares poderão participar.
