Assistência realiza 1º Ciclo de Conversas sobre o Trabalho Infantil

Assistência Social e Cidadania
29/05/2017 17h55

Ainda que o pensamento coletivo esteja sendo trilhado para uma maior conscientização das questões relacionadas ao trabalho infantil, há um longo caminho a ser percorrido. Um dos principais impasses para que as discussões evoluam dentro dessa temática é a naturalização deste trabalho como alternativa para que crianças e adolescentes não entrem no mundo das drogas ou criminalidade. A fim de discutir o tema, a Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc) realiza nestas segunda e terça-feira, 29 e 30, o 1º Ciclo de Conversas sobre o Trabalho Infantil com trabalhadores da Proteção Básica e Especial.

A roda de diálogo está sendo realizada através da coordenação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Diretoria de Direitos Humanos da Semasc. "O município tem um plano intersetorial de enfrentamento ao trabalho infantil. Desde o início do ano até hoje, já realizamos três reuniões e a partir de agora vamos planejando ações estratégicas para mobilizar a sociedade através dos nossos equipamentos", explicou Lucimeire Amorim, gerente de Média Complexidade PSE. Segundo Lucimeire, o objetivo dos encontros é estimular as políticas públicas e chamar a responsabilidade não só para o poder público como para toda a população para a reflexão.

De acordo com a diretora de Direitos Humanos da Semasc, Lídia Anjos, também é preciso desconstruir o pensamento recorrente de que se o jovem não tiver um ofício desde a primeira infância, ficará refém da marginalidade. "As pessoas não conseguem fazer essa relação de que é melhor a criança e o adolescente estarem desenvolvendo atividades socioeducativas, culturais e artísticas do que trabalhando. Precisamos fomentar outros olhares que não sejam o que está padronizado ou culturalmente estabelecido como o correto. Assim vamos conseguir construir, coletivamente, essa problemática onde nossos jovens estão colocados."

Muitas pessoas utilizam da própria história ou a história de personalidades bem sucedidas para exemplificar o efeito positivo ou, no mínimo, nulo do trabalho infantil para uma possível - e incerta - trajetória de sucesso. Mas, quando a realidade é confrontada, o que sempre transparece é a marginalização de grupos sociais em situação financeira nada favoráveis.

Para a assistente social Joelma Andrade, a auto-reflexão é necessária não só como trabalhadora do equipamento. "Falar sobre isso hoje é, de fato, estar repensando os nossos conceitos pessoais. A gente recebe o retorno deste trabalho infantil nas famílias em nosso serviços e precisamos estar preparados para um ‘novo fazer'. A medida que conseguimos orientar, fazemos com que todos reflitam sobre os direitos sociais."