Equipe de saúde mental de Tocantins tem Reaps de Aracaju como modelo

Agência Aracaju de Notícias
20/11/2017 16h25

Por ser considerada uma referência nacional, a Rede de Atenção Psicossocial de Aracaju (Reaps) atraiu profissionais da Secretaria Estadual da Saúde de Tocantins para as suas unidades. A equipe passou uma semana realizando visitas técnicas, conhecendo as instalações e o método de trabalho utilizado na capital aracajuana.

Inicialmente, a visita foi mediada pelo Ministério da Saúde, quando a Secretaria da Saúde de Tocantins buscou um modelo a ser seguido e o órgão indicou a Reaps de Aracaju. O agendamento foi realizado e então o município recebeu a visita de quatro profissionais: Fátima Vieira, coordenadora estadual da Reaps de Tocantins; Eduardo Cunha, supervisor dos Centros de Atenção Psicossocial de Tocantins; Dagma Sousa, coordenadora do Caps Infantil; e Wellington Bezerra, coordenador do Caps II do município de Araguaína (TO).

“Ficamos felizes por a nossa Rede, apesar das dificuldades existentes, ser considerada um modelo diferenciado do restante do país por conta da estrutura e cuidado que temos. Desde a reportagem exibida no programa “Como Será?”, na Rede Globo, recebemos a procura de inúmeros estados para fazer essa visita e estamos de braços abertos para recebê-los”, ressaltou o coordenador municipal da Reaps, Dalmare Sá.

Os profissionais acompanharam de perto a rotina de grande parte das unidades disponibilizadas em Aracaju. De acordo com a coordenadora Fátima Vieira, eles realizaram uma observação participativa, onde além de visitarem os locais, se envolveram com os usuários conhecendo suas histórias, avanços e participaram das oficinas terapêuticas desenvolvidas por eles.

Visitas

Um dos locais visitados foi a Unidade de Acolhimento Adulto, que é um dispositivo novo, tanto em portaria quanto em experiências pelo país, que ainda não foi disponibilizado pela Reaps de Tocantins, mas que já existe em Aracaju desde o ano passado. Nesse equipamento, os usuários podem ficar até seis meses, a depender do projeto terapêutico singular elaborado juntamente com os técnicos. Existem projetos de vários tipos, seja para resgate dos vínculos familiares, trabalhos e moradia, como também para desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais ou domésticas. É um formato moradia para complementar o tratamento.

Para a psicóloga e coordenadora da Unidade, Mairla Protázio, foi uma troca de experiências muito interessante, por mostrar como funciona esse tipo de serviço e ouvir as impressões de profissionais que atuam na mesma área, ainda que em um estado distante. “É muito gratificante receber essa visita. Afinal, é uma Rede que o município faz questão de manter e que a gente também acredita na sua importância, através dos resultados. Além disso, é um formato que tem dado certo porque permite trabalhar inúmeros contextos da vida das pessoas. Com a visita, temos ainda mais certeza de que estamos no caminho certo”, afirma Mairla.

O coordenador Dalmare Sá reafirma a imensa satisfação em poder contribuir. “Somos uma aposta que deu certo e que não foi construída da noite para o dia. Para se ter uma ideia, em todo estado do Tocantins, não existe nenhuma unidade de Caps III. Mas, só aqui em Aracaju, temos cinco unidades como essa. Além disso, só existe uma unidade de Caps Infantil para toda a região Norte do país, que está localizado em Tocantins. Enquanto o município de Aracaju tem duas unidades, uma para transtorno mental e outra para usuários de álcool e outras drogas”.

Avaliação

O principal ponto positivo ressaltado pelos visitantes foi a comunicação efetiva existente dentro da Rede de Aracaju. “Existe uma articulação entre os serviços, realizando os interligamentos necessários e fazendo com que os serviços fluam melhor. Os profissionais nos acolheram e facilitaram a troca de informações. Conversamos com alguns usuários e eles falam muito bem dos serviços que utilizam. Na residência terapêutica, por exemplo, interagimos com eles e ouvimos depoimentos emocionantes”, explicou Fátima Vieira, coordenadora estadual da Reaps de Tocantins.

O supervisor dos Caps de Tocantins, Eduardo Cunha, durante os dias de observação, conseguiu perceber a importância das reuniões de colegiado para o alcance dessa facilidade na comunicação. “Acredito que o motivo dessa interligação se deve ao fato de toda a equipe técnica se reunirem constantemente. Observando a dinâmica das unidades durante esses dias, percebemos que os profissionais daqui conseguem se articular com muita facilidade e que já é algo comum entre eles. Isso contribui bastante para a prestação dos serviços e levaremos essas informações na bagagem para melhoria da nossa Rede. Apesar dos dois locais passarem por dificuldades, aqui o serviço continua fluindo e a Reaps continua funcionando”, ressaltou.

“Vimos também a capacitação e o amor dos profissionais. Se não tiver amor e laço afetivo não adianta. Teoria, técnica e medicalização não é tudo. O “saber ser” é um fator muito importante, principalmente para a saúde mental. A Reaps Aracaju está de parabéns”, completou Fátima.