Quem transitou pelo terminal de integração do Maracaju na manhã desta quinta-feira, 31, notou uma movimentação diferente. Uma mobilização contra o assédio nos ônibus foi realizada pela equipe do Trabalho Técnico Social da avenida Perimetral Oeste com a participação de parceiros, encerrando o Agosto Lilás.
Uma intervenção artística foi escolhida como estratégia para alertar usuários e trabalhadores do sistema de transporte coletivo de que importunação sexual é crime. “Hoje, para essa intervenção artística aqui no terminal do Maracaju, utilizamos a arte, o teatro do invisível, como meio de sensibilização, para que as pessoas possam refletir sobre o assunto”, disse o ator André Marques. “O assédio no transporte público infelizmente é uma coisa rotineira na vida das mulheres. Então, é uma temática muito importante. Denunciem e não se calem”, destacou a atriz Dary Deyse.
Durante a mobilização, materiais informativos foram distribuídos para a população. “Entregamos uma cartilha sobre os cinco tipos de violência doméstica que existem e os canais de denúncia existentes, e um material específico sobre a importunação sexual, que foi também afixado em linhas de ônibus e ao longo do terminal. Essa atividade integra o Programa de Empoderamento Feminino do Trabalho Técnico Social que vem sendo realizado nos territórios do eixo de intervenção da av. Perimetral Oeste”, explica Ayara Wanderley, técnica de referência do Escritório Social do projeto.
A ação contou com o apoio da Guarda Municipal e da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT); e a participação de representantes da Coordenadoria de Políticas para as Mulheres da Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), convidadas pela equipe social para se somarem à ação em reforço informativo. “O Conselho acha superimportante essa belíssima campanha, porque toda mulher sabe como o assédio e a importunação são muito grandes nos ônibus. Conversando nas abordagens, ouvimos muitos relatos semelhantes. Então, por isso, essa campanha se faz muito importante e deve ser abraçada por cada cidadão”, disse Avanize Santos, presidente do CMDM.
De acordo com Edlaine Sena, coordenadora municipal de Políticas para as Mulheres, a ação tem a importância de incentivar o enfrentamento à violência e à importunação sexual que acontece nos ônibus. “Estamos aqui justamente passando informações sobre as formas de denúncia, o que fazer quando a pessoa sofrer ou testemunhar um caso desses. É importante lembrar que importunação sexual é crime, e tem pena prevista de 1 a 5 anos de detenção (Lei 13.718/2018). Não se deve naturalizar. É crime e precisamos reagir”, recomendou ela.
A importunação sexual pode ser identificada em situações como: cantadas inoportunas, contato físico abusivo ou violento (pegar no cabelo, puxar o braço, lamber, forçar beijo, etc.), constrangimento causado por olhares; filmagem ou registro fotográfico não consentido; exibição pública de partes íntimas, dentre outras. Não só a vítima, mas também testemunhas podem denunciar. Por isso, quem sofrer ou presenciar algo assim não deve se calar. Avisar ao motorista imediatamente e, se possível, registrar provas para auxiliar a Polícia na identificação do agressor. Anotar o número do veículo, data e hora aproximada da ocorrência também ajudam na localização das imagens de câmeras de segurança.
Como denunciar
Em situações de urgência, é recomendado ligar 190 para acionar a Polícia Militar imediatamente (este é o canal mais indicado para situações de flagrante e risco). Para auxiliar a Polícia Civil em investigações, dando informações detalhadas sobre casos de violência, a ligação é para o 181. Já a Central de Atendimento à Mulher (180) orienta as mulheres e encaminha denúncias para os órgãos responsáveis, e já conta com um canal disponível pelo WhatsApp. Basta salvar o número (61) 9610-0180 e enviar uma mensagem. Durante o contato, uma assistente virtual mostra opções para auxiliar no atendimento às vítimas, como o registro de denúncias, informações sobre a Lei Maria da Penha e o acesso a endereços de serviços de atendimento às mulheres em cada estado.