Projeto Ilé-iwé: Prefeitura promove curso formativo sobre educação étnico-racial

Educação
18/09/2023 15h20

Como parte do projeto Aracaju Sem Racismo, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped) da Secretaria Municipal da Educação (Semed), realizou mais uma formação continuada na terceira edição do Projeto Ilé-Iwé. O curso formativo ocorreu no Ministério Público de Sergipe (MPSE), nesta segunda-feira, 18, com o intuito de promover reflexões relacionadas à Lei nº 10.639/2003, que determina a inclusão da história da cultura afro-brasileira no currículo pedagógico das unidades de ensino municipais.

O Ilé-Iwé é idealizado em parceria com a Coordenadoria da Promoção de Igualdade Étnico Racial (Copier) do MPSE e do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), além de contar com apoio das Secretarias da Educação dos municípios de São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro, e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neabi) e do Movimento Negro Unificado (MNU).

"O Ilé-Iwé é muito grande e fala sobre educação das relações étnico-raciais, o trabalho sobre currículo de história africana, como o assunto pode ser abordado em sala de aula e como cumprir a Lei. Por isso, neste segundo encontro da terceira edição do projeto, trouxemos profissionais que trabalham o tema para falar sobre suas experiências e conhecimentos. Os professores verão as práticas de outros profissionais e, a partir daí, poderão aplicar o aprendizado em suas turmas", explica a coordenadora da Coped, Analice Marinho.

O curso formativo contou com três estações de conhecimentos que abrangeram temas como 'História da África e Educação Brasileira', ministrados por Yiá Sônia e Roberto Amorim; 'Mulheres Negras e a Relação com o Erer', por Eliane Dantas e Laila Thaise; e 'Currículo e Erer: Possibilidades e Desafios na Prática Pedagógica', por Evanilson Tavares e Lia Batista. Houve ainda explanação da temática 'Falácias do Racismo: O Que Fazer?', encerrando a manhã de formação.

O público-alvo do evento foram professores da educação básica, tanto da educação infantil, quanto do ensino fundamental. Mais dois encontros serão realizados neste segundo semestre de 2023, entre os meses de outubro e novembro.

A professora Yiá Sônia conta que proporcionar este compartilhamento de conhecimentos entre educadores faz com que a sociedade discuta sobre racismo indo além do quesito punitivo. "A formação gera um contra fluxo para a luta antirracista, trazendo a pauta das disciplinas que compõem o currículo escolar, o dialogar com os professores da rede para uma perspectiva de uma educação que ensine sobre a importância de combater práticas racistas a partir da creche", explana.

Na capital sergipana, a educação para as práticas antirracistas está presente no cotidiano das escolas da rede municipal, com projetos e ações orientadas e acompanhadas pela Coped ao longo de todo o ano letivo. Analice explica que esse encontro com professores da educação básica tem fundamental relevância para que o trabalho com essa pauta não esteja restrito à abordagem em uma ou duas disciplinas escolares. 

"Algo que tem nos chamado muita a atenção é a busca e a participação dos pedagogos para com esta causa. Estamos no esforço para prepará-los sobre como eles podem trabalhar dentro deste tema com as crianças, como vão discutir sobre história cultural africana com seus alunos. A infância é o início de tudo. Se a gente discutir isso quando as pessoas estão nesta fase, podemos ter perspectivas melhores para o futuro", enfatiza Analice.

Atuando como mediadora da educação especial na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Bebé Tiúba, localizada no bairro Luzia, Elle Áwa está participando de um encontro do Ilé-Iwé pela primeira vez com o curso formativo. Segundo ela, esta oportunidade é o início de um ciclo para a conscientização de toda a sociedade.

"É muito importante estarmos refletindo, aprendendo e discutindo sobre este tema porque todos nós, professores e alunos, somos reprodutores de práticas que vivenciamos em casa ou na rua. Muitas delas são baseadas em inverdades, ofendem e causam discriminação. Algo muito interessante que vi nesta manhã, por exemplo, foi o conteúdo que a professora Sônia nos trouxe, um conhecimento muito diferenciado e que não nos é passado desta forma abrangente na faculdade", destaca a educadora.