Prefeitura realiza oficina sobre alimentação e ancestralidade com idosos do serviço de convivência

Assistência Social e Cidadania
09/11/2023 17h13

Novembro é o mês no qual é celebrada a consciência negra e a Prefeitura de Aracaju, através da Gerência de Igualdade Racial da Diretoria de Direitos Humanos (DDH) da Secretaria Municipal da Assistência, realizou nesta quinta-feira, 9, no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Gonçalo Rollemberg, localizado no bairro José Conrado de Araújo, uma oficina sobre alimentação saudável numa afroperspectiva para idosas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).

A oficina faz parte de uma programação inteiramente voltada ao objetivo de desenvolver a consciência sobre as relações raciais em todos os sentidos, alimentação, vida financeira, entre outros temas. Os públicos-alvo são usuários dos serviços dos Cras e profissionais que atuam nos equipamentos.

A gerente de Igualdade Racial, Thatiana Meneses, conta que durante todo o ano são realizadas ações com o objetivo de fortalecer e desenvolver essa consciência, de refletir e pensar, sobre as relações raciais e sociais.

"Durante o mês de novembro reforçamos o debate sobre a consciência negra, mas antes já realizamos oficinas que falavam como tema central a pessoa negra no Brasil, juntamente com as equipes dos Cras e envolvendo não só os usuários, mas também os profissionais dos equipamentos. Iniciamos o mês de novembro com uma palestra sobre alimentação e ancestralidade e ainda teremos atividades voltadas para crianças e adolescentes, como contação de história afro, rodas de conversas, de como as pessoas lidarem de forma mais consciente e inteligente com o dinheiro", afirma Thatiana.

A nutricionista, Leise Moreira, explica que a ideia da oficina é mostrar para os usuários que a alimentação dos povos originários e de seus antepassados já refletia na qualidade de vida das pessoas e resgata a conexão. "A gente falou um pouco de como a gente já tinha uma cultura muito rica, como a gente já tinha um desenvolvimento de práticas alimentares, práticas de medicina, de saúde muito avançadas há muitos anos na África e que isso se perdeu, porque com todo o processo de invasão da África é como se tivesse um apagamento dessa cultura e aí tudo parece que começa a partir do momento em que o branco resolveu sair da Europa e colonizar o mundo", disse.

A agente comunitária, Valdeci dos Santos, conta que o trabalho que faz dá a oportunidade de repassar o que aprendeu na oficina para as pessoas que atende. "Participar dessa palestra vai me enriquecer mais ainda. Eu, como sou agente comunitária, vou também poder passar o que aprendi para as pessoas da comunidade onde trabalho. Eu e meus filhos nos alimentamos com aquilo que nos faz bem, feijão, arroz, verduras, frutas, são coisas que não faltam lá em casa. A questão sobre os povos africanos na minha família é bem forte, porque fui criada e ensinada pelos meus pais e minha avó a nunca esquecer minha origem e sempre lutar pelos povos negros e poder juntar a questão alimentar deixa um debate ainda mais enriquecedor", completou.

A dona de casa, Maria Soledade da Silva, destaca que nos tempos de hoje é importante ter orientação de uma nutricionista devido à qualidade dos alimentos em relação ao uso de agrotóxicos para durarem por mais tempo.

"É importante a gente ter as orientações de uma nutricionista, porque muito do que a gente come hoje tem muita química e às vezes causa algum problema de saúde. Antigamente as comidas eram mais frescas, sem agrotóxicos e hoje não só as frutas e verduras, as carnes, frangos e peixes que comemos estão cheias de produtos que causam algumas doenças. A relação dos alimentos e nossos ancestrais, eu já sabia muito porque, além de eu ser negra, eu vivi parte da minha adolescência com indígenas, no meio da floresta, produzindo a nossa própria alimentação, cultivando frutas e verduras e caçando animais. Nesse mundo que vivemos, as comidas perderam o sabor, por isso é importante termos orientações de como podemos produzir e nos alimentar de produtos mais saudáveis", finaliza.