Falta de informação e de prevenção são fatores condicionantes à gravidez na adolescência

Saúde
08/02/2024 07h14


A adolescência é um período de conturbadas mudanças, quando as características físicas, sobretudo, vão se transformando. As emoções, desejos e sentimentos também são traços em constante mutação nesta fase da vida. Ainda que o cenário seja de mudanças e descobertas, alguns acontecimentos marcam para a sempre a vida de meninas adolescentes: a gravidez. 

Por este motivo, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), reforça as orientações direcionadas para a essas pessoas durante a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que segue até o dia 8 de fevereiro. Neste contexto, as frentes de atuação dos serviços disponibilizados no município são desenvolvidas pela Rede de Atenção Primária, a partir do Programa Saúde na Escola e do Programa Saúde da Mulher.

Um estudo recente desenvolvido pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi), mostrou que um quinto das meninas brasileiras, entre 10 e 19 anos, que engravidaram na adolescência, não sabia como evitar. 

No estudo encomendado pelo Ministério da Saúde, entre as mães adolescentes entrevistadas, a atividade sexual foi iniciada aos 14 anos e a primeira gestação ocorreu aos 16 anos. Segundo elas, o que motivou a gestação na adolescência foi a ausência de educação e de informações sobre sexualidade em 21,3% dos casos. 

Nas unidades de ensino da rede municipal de Aracaju, o Programa Saúde na Escola iniciará as atividades de educação em saúde no dia 8 deste mês, levando aos estudantes informações que contribuem para a formação integral, por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, como explica a referência técnica Aline Guimarães. 

“A educação em saúde é uma das estratégias adotadas na realização dessas ações nas escolas porque através delas conseguimos construir vínculos, promover responsabilização e o autocuidado. A gravidez na adolescência é um tema trabalhado ao longo dos anos e a semana nacional de prevenção da gravidez na adolescência é o pontapé inicial das atividades que ocorrerão ao longo de 2024. A nossa perspectiva de tratar sobre esse tema é preventiva e de atenção integral à menina e ao menino, proporcionando a eles orientações sobre o exercício da vida sexual com base em decisões responsáveis e construção de projetos de vida em longo prazo”, relata Aline.

Sem o conhecimento adequado sobre o corpo e as formas de prevenção não somente da gravidez, mas às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a gestação também é preocupante por apresentar riscos à saúde da mãe adolescente e do bebê. De acordo com a médica Larissa Barreto, na faixa etária entre 10 e 19 anos o sistema reprodutor da menina ainda está se formando e, geralmente, ela desconhece suas funções. 

“Nessa fase, o sistema reprodutor da menina ainda está em formação e muitas delas têm a menstruação irregular, inclusive não sabem o que fazer com sua própria menstruação. Isso acaba acontecendo por desconhecimento e falta de acesso a informação adequada. Por esse motivo, existe um risco muito mais alto se comparado com a mulher adulta em idade fértil de as adolescentes terem anemias mais severas, causando parto prematuro ou nascimento de bebês menores e mais frágeis para a idade gestacional, consequentemente suscetíveis a um adoecimento mais rápido. Além disso, as mães adolescentes correm o risco de hipertensão na gravidez e todas as complicações que o parto prematuro pode ocasionar mais adiante”, ressalta Larissa.

Mesmo depois da gravidez, o projeto de vida dos adolescentes é alterado completamente já que, no caso das mães adolescentes, grande parte abandona os estudos e também são abandonadas pelos pais das crianças. Segundo a referência técnica do Programa Saúde da Mulher, da SMS, Léa Matos, esse público deixa de ser visto como adolescentes para serem considerados mães e pais. 

“A gravidez na adolescência retira dos adolescentes a perspectiva de crescimento a partir das vivências de cada fase da vida. Assim, eles deixam de ser vistos como adolescentes e passam a ser vistos como mães e pais, perdendo toda uma oportunidade. Por essa razão, as 45 Unidades de Saúde da Família dispõem de profissionais aptos a receberem os adolescentes e trabalhar as formas de prevenção, investindo na educação em saúde e também o planejamento reprodutivo”, informa Léa.

Considerando que, atualmente, os adolescentes iniciam a vida sexual mais cedo, é na Unidade de Saúde da Família que eles têm acesso aos métodos contraceptivos para prevenir a gravidez, bem como os preservativos que previnem das ISTs e HIV/Aids.