A obesidade é considerada uma doença crônica e atinge grande parte da população mundial. Ela tem sido uma preocupação constante dos órgãos de saúde pública nos últimos anos e chama a atenção para o estilo de vida e hábitos alimentares adotados pela sociedade atual. Prevenir e tratar a obesidade desde a infância - assim como os problemas causados por ela - é um dos focos da Prefeitura de Aracaju. Através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a gestão disponibiliza uma série de serviços voltados para a prevenção e tratamentos com os pacientes que têm obesidade, a exemplo do grupo “Cheinhos de Alegria”.
De acordo com o endocrinologista Carlos Alberto Menezes, o grupo tem como objetivo auxiliar crianças e adolescentes com diagnóstico de sobrepeso e obesidade a reduzir os índices de massa corpórea, prevenindo e controlando doenças secundárias.
“Com esse trabalho, os participantes têm conseguido diminuir o peso e superar a obesidade, através da mudança de estilo de vida, redução dos parâmetros antropométricos, conscientização da criança e de toda família. O consumo de alimentos regionais e da estação proporcionam efeitos positivos, ao contrário dos alimentos industrializados que contêm elevadas taxas de gordura, sal, açúcares e conservantes”, explica o médico.
Composto por uma equipe multiprofissional, com técnicos, médico endocrinologista, nutricionista, enfermeira, psicóloga, assistente social, profissional de educação física e colaboradores, o grupo se reúne uma vez por mês, no Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps), para repassar à sociedade e usuários as orientações sobre a alimentação saudável, além de realizar uma do tratamento contra a obesidade de crianças e adolescentes atendidos no Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (Cemca).
Fluxo de atendimento e tratamento
Na rede municipal, o atendimento inicial é realizado nas Unidades de Saúde da Família (USFs), pelo pediatra ou clínico geral e, quando o diagnóstico de obesidade é confirmado, os pais ou os responsáveis legais têm a opção de que seus filhos sejam encaminhados à Rede Especializada, no Cemca, para iniciar o tratamento.
“Nos casos em que o diagnóstico aponte essa necessidade, o paciente é encaminhado via agendamento eletrônico pelo sistema de regulação para ser consultado pelo endocrinologista. No Cemca, consultamos e enviamos os pacientes para a consulta de enfermagem, que fará o exame de bioimpedância, para averiguar a quantidade de água, de músculo e de gordura no corpo da criança ou adolescente. Com o resultado do exame, o paciente é encaminhado para a nutricionista e psicóloga, que poderá indicá-lo para participar do grupo”, destaca o endocrinologista.
Atividade física
Nas reuniões do grupo Cheinhos de Alegria, são debatidos variados temas de combate à obesidade, entre eles está a atividade física que, segundo o educador físico Wallace Adan, é importante em qualquer idade, porém essencial para crianças e adolescentes, para ajudar no desenvolvimento saudável.
“Além de contribuir para o controle do peso, melhorar a saúde mental e prevenir doenças crônicas, a prática regular de exercícios físicos melhora também a autoestima, a qualidade do sono e a concentração nos estudos. Daí a importância do acompanhamento multidisciplinar porque a obesidade pode ocasionar outras doenças, como colesterol aumentado, hipertensão e gordura no fígado”, ressalta o educador físico.
Aprovação dos participantes
Jailza Maria dos Passos levou o filho Laurindo Barboza, de 11 anos, pela primeira vez à reunião. Após a avaliação com a equipe multidisciplinar, ela recebeu o alerta e orientação para adotar hábitos alimentares mais saudáveis e que seu filho participasse do grupo.
“Amei e achei excelentes as dicas passadas de todos os profissionais. Eu sei que o tratamento, no início, será difícil, porque muda a alimentação da família toda, mas, depois, vamos nos acostumar e espero sem pressa pelas mudanças, pois o importante é a saúde do meu filho”, afirma Jailza.
Antônio Marco, pai de Maria Clara, de 10 anos, leva a filha para as reuniões do Cheinhos de Alegria há um ano. “Minha filha estava acima do peso e, depois que eu a trouxe para cá, ela vem melhorando cada vez mais. O sobrepeso prejudicava muito os joelhos e os pés dela, agora não reclama mais de dores”, relata Antônio.
Já para Andréia Santos, mãe do participante do grupo Eduardo, de 12 anos, a interação com outras famílias auxilia muito no processo do tratamento. “Meu filho tem Transtorno do Espectro Autista [TEA], e a alimentação dele já é muito restrita, por isso, o que ele mais gosta nas reuniões é a atividade física, que ele já incorporou no seu cotidiano”, conta Andréia.
Para Gilmar de Oliveira, pai de Derek, de 11 anos, o grupo beneficia toda a família. “Presto bem atenção nas orientações que recebo nas reuniões. Gosto do acompanhamento de todos os profissionais e com as informações passadas aqui, meu filho já emagreceu e eu, também, porque nos reeducamos juntos”, comemora Gilmar.
