Roda de conversa aborda importância do voto feminino com beneficiários do Bolsa Família

Assistência Social e Cidadania
23/02/2018 12h23

O voto para a eleição dos próprios representantes é o resultado de um regime democrático, mas também da conquista de direitos como indivíduo. No dia 24 de fevereiro as mulheres brasileiras comemoram um marco para a própria cidadania: nesta data, mesmo com restrições, o voto feminino e a eleição para cargos do legislativo e executivo começaram a ser assegurados no Brasil. Para falar sobre empoderamento e sobre a importância da representatividade política, a Secretaria Municipal da Assistência Municipal de Aracaju, por meio da Diretoria de Direitos Humanos, realizou na manhã desta sexta-feira, 23, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Risoleta neves, uma roda de conversa sobre o tema. O encontro reuniu mulheres e homens usuários do Bolsa Família. 

A intervenção inicia as discussões do Mês da Mulher, comemorado em março. A diretora de Direitos Humanos da Assistência Social de Aracaju, Lídia Anjos, explica que mesmo após 86 anos do 1º voto, mulheres ainda sofrem com o machismo institucionalizado, sistema que justifica a definição de papéis de gênero onde mulheres são consideradas como extensão do patrimônio do homem.  “Nós estamos aqui refletindo sobre um dia de luta que não se restringe ao dia 8 de março. Já estamos pensando em um conjunto de ações que são importantes para as mulheres como um todo. Iniciamos este debate, trazendo questionamentos que vão desde a garantia de direitos dentro da própria casa, espaços de participação na sociedade, até a escolha de representantes políticos que defendam as pautas dessas mulheres”, destacou.

Destaque para uma gestão que prioriza a participação social e a promoção de autonomia. “Enquanto Cras ficamos muito satisfeitos com o apoio da Prefeitura e dos departamentos específicos para fazer este diálogo com a comunidade. Além dos serviços, programas e benefícios, é primordial que a gente consiga avançar nas campanhas transversais, abordar temas que estão direcionados às questões sociais e às problemáticas que as pessoas vivem no dia a dia, já que durante o atendimento nem sempre temos oportunidade de fazê-lo de forma mais detalhada. Esse tipo de bate papo é muito produtivo tanto para a equipe, quanto para os usuários, pois a gente sabe que consegue atingir, de fato, a população”, frisou a coordenadora do Cras Risoleta Neves, Shauna Freire. 

A agente de limpeza, Célia Correia, adorou a abordagem  e identificou várias situações de violência física, psicológica e social pelas quais já passou. Ela acredita que, quanto mais mulheres no poder, mais empatia nas causas femininas. “Eu passei 20 anos em um relacionamento abusivo e apenas há quatro pude me livrar dele. Ele sempre dizia que se os homens matavam e faziam tanto mal às mulheres, é porque não eram punidos. Eu parei de ter medo, denunciei, mas ainda acredito que apenas uma mulher sabe o que a outra passa e por isso eu sempre voto em mulher”.

A conscientização também foi voltada aos homens presentes, que saíram da roda dispostos a se desconstruirem e a serem disseminadores. É o que afirmou o lavrador José Ailton Correia. “Eu sempre penso que mulher e homem tem que ter os mesmos direitos e que a gente tem que parar de machucar as mulheres. Na minha casa eu divido as tarefas sempre. É bom que aqui a gente aprende e também conversa com as pessoas que estão junto para que mais mulheres não sofram com a violência”.