Cras do bairro 17 de Março garante uma nova perspectiva de vida aos seus referenciados

Assistência Social e Cidadania
16/07/2018 17h52

A garantia de uma melhor qualidade de vida às pessoas em situação de vulnerabilidade, dando-lhes a oportunidade de acesso aos serviços essenciais, já pode ser considerada realidade no 17 de Março. Localizado na zona Sul da capital sergipana, o bairro vem ganhando novos rumos a partir da implantação das políticas públicas de assistência social através do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Maria Diná de Menezes, unidade da Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju. A chegada de atividades intersetoriais e a diminuição dos índices de violência são comemorados pelos moradores da comunidade, que já sentem uma grande diferença nos aspectos sociais no território.

Seguindo as diretrizes do Sistema Único da Assistência Social (Suas), o Centro de Referência vem atuando na perspectiva de garantir aos seus referenciados os direitos estabelecidos pela Constituição Federal, funcionando como uma instituição de distribuição das demais políticas dentro do território de alcance. Os usuários da unidade da Assistência Social do município sabem muito bem o que o Cras representa, uma vez que pessoas estão sendo beneficiadas diariamente com serviços ofertados com o objetivo de garantir o acesso das minorias aos serviços públicos.

Bastante presente na vida da população que reside no bairro 17 de março, o Cras Maria Diná Menezes busca sempre ir além das suas fronteiras. De acordo com a coordenadora, Tatiana de Souza, o frequente diálogo com a rede intersetorial é um grande diferencial que tem dado muito certo. “Um dos primeiros passos que demos, foi a criação de um comitê intersetorial. Nele, Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Assistência dialogam com o objetivo de disponibilizar a essas pessoas sempre o melhor. Hoje temos aqui uma equipe volante de saúde dentro do Cras com médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. Com isso, atendemos uma demanda da comunidade, por enquanto que a unidade de saúde da localidade não fica pronta”, explica.

Um importante papel exercido pelos Cras é o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Instalado no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Mariana Martins, no local são desenvolvidas atividades físicas, pedagógicas e outras ações diversas.

Um dos projetos promovidos graças à parceria com a rede intersetorial é a ‘Academia dos Idosos’, que leva saúde para senhores e senhoras do bairro que são assistidos pelo Centro de Referência. Cadastrada no Cadastro Único (CadÚnico), a aposentada Maria Neílde dos Santos usufrui de vários serviços. “O que não falta é opção. Eu mesma estava meio doente, o médico pediu que eu fizesse exercícios físicos para melhorar a saúde. O que fiz? Vim atrás do Cras para saber se tinha alguma atividade que me ajudasse e foi quando elas me encaminharam à Academia dos Idosos. Agora estou bem melhor graças a Deus”, disse.

Projeto ‘Família na Praça’

Outro projeto que se tornou referência no bairro é o ‘Família na Praça’, que começou a partir de uma iniciativa de dois jovens da comunidade, que tinham o mesmo sonho: mostrar o poder de transformação que o mundo das artes tem. Na praça do Centro Unificado, meninos e meninas participam de capoeira, artes marciais e muita dança. “Assim que o Cras chegou, a secretária veio e disse pra gente: isso é muito lindo, mas nós precisamos que vocês façam um pouco mais. Queremos que ensinem o que vocês sabem fazer de melhor aos nossos pequenos do 17 de março. Foi aí, que com todo apoio da Assistência decidimos formar o projeto ‘Família na Praça’, onde buscamos trazer as crianças, adolescentes e jovens para ocupar esse local e participar e desenvolver algumas atividades”, conta um dos instrutores do projeto, Rafael Valetin.

Rafael acredita que a implantação deste projeto, leva para os usuários do Cras, uma oportunidade de respirar cultura, esporte e lazer. “A maioria das famílias daqui vive na condição de trabalhar, comer e viver. Então, a relevância do ‘Família na Praça’ é justamente quebrar essa rotina”. A iniciativa ainda é, para ele, é uma ferramenta que ajuda no combate ao mundo da marginalização. “Estamos aqui para mostrar diversas possibilidades que o mundo tem para nos oferecer. Através do diálogo, da arte, acreditamos que estamos contribuindo para tirar muitos jovens do mundo das drogas. Claro, alguns a gente acaba perdendo para o sistema, mas muitos conseguimos mostrar o melhor caminho”.

“Agora podemos respirar”

Segundo dados levantados pelo Observatório de Aracaju, no ano de 2017, o 17 de Março aparece na 14º posição entre os bairros com maior número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Entre 2014 e 2017 o bairro ficou na 16º posição em relação ao número de assaltos a ônibus em Aracaju. Quem mora próximo ao Centro de Referência já percebeu a diminuição nos crimes na região. “Eu moro aqui no bairro desde o início de sua construção. Antes do Cras, essa praça era só assalto, morte e tiroteio. Depois que o Cras chegou, transformou tudo isso. Hoje, com essas atividades, podemos até sentar em frente de casa tranquilos, porque não tem mais isso aqui. Agora podemos respirar”, relata a aposentada Maria Neílde dos Santos.

“Teve um crime que realmente chocou a comunidade; um rapaz foi assassinado na quadra de esportes do CEU. No segundo aniversário do bairro 17 de Março que fizemos, o nome da festa dado pelos próprios moradores foi “Mais Paz, Mais Amor, Por Favor” para trabalhar a questão da identidade das pessoas com a localidade. É bastante perceptível a diferença em relação à violência depois das nossas ações e projetos de fortalecimento de vínculos comunitários”, aponta a coordenadora do Cras, Tatiana.

Fortalecimento de vínculos familiares

Com os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SVCF), disponibilizados pela unidade da Assistência, são promovidas ações que tem como principal pretensão estreitar os laços familiares e reforçar a importância do papel da família. “A gente chega para fazer o Bolsa Família e já sai com um leque de opções de projetos que podemos participar. Minha filha participa do ballet e já percebemos a diferença em seu comportamento. Sem dúvidas, isso ajuda muito no nosso relacionamento em casa. Estamos muito felizes com tudo que o Cras tem nos dado”, diz a dona de casa Ana Acássia dos Santos.

Pensando no futuro

A pequena Sibele Victória Silva, de nove anos, quer ser bailarina profissional quando crescer. Pensando no futuro, ela já traça o seu caminho de sucesso no Ballet do 17 de Março. “Quando as meninas do Cras souberam da minha vontade, elas me procuraram e falaram assim: você não quer ser bailarina? Então vamos participar do nosso ballet. Quando cheguei aqui, vi  e gostei. Agora faço parte, me apresento em vários locais e tenho o sonho de morar em São Paulo, para estudar e ser uma grande bailarina”, conta.