Maior edição da Corrida Cidade de Aracaju é marcada por superação de desafios

Agência Aracaju de Notícias
04/04/2022 13h00

A 37ª edição da Corrida Cidade de Aracaju, realizada no último dia 26, uma das maiores competições de rua do país, reuniu 5.000 corredores nas provas de  5 km, 10 km e 24 km, entre  São Cristóvão e Aracaju, enfrentando as 19 ladeiras ao longo do caminho até cruzar a linha de chegada, uma prova que exige bastante coragem e técnica de qualquer atleta.

Após todo esse trecho de prova percorrido, a praça Inácio Joaquim Barbosa se tornou palco de emoções a cada vez que um dos atletas cruzava a linha de chegada. Gritos, choros, abraços, beijos e outras expressões dos corredores evidenciavam o trabalho árduo para chegar até ali, registro da coragem e determinação de cada um. Também na linha de chegada, foi possível conhecer histórias incríveis como a do senhor Raimundo dos Santos do município de Simão Dias, que correu, pela primeira vez, carregando sua filha autista em um carro adaptado durante toda a prova dos 24km.

“Eu faço parte de um projeto chamado Pernas Amigas, que surgiu a partir dos casos de autismo em Simão Dias. Eu tenho uma filha que tem 23 anos, e há 20 descobri que ela tem autismo severo. Ontem acabei de fechar um diagnóstico da minha outra filha mais velha, com autismo moderado. A gente tem esse projeto há mais de 10 anos e fazemos corridas de rua também para divulgar a causa do autismo e não poderíamos deixar de participar dessa corrida. Eu, minha filha e toda equipe que atua comigo, que faz parte do Pernas Amigas e corre com outras crianças, mas que hoje vieram para correr e me ajudar nas subidas de São Cristõvão. Já participei de várias meia maratonas com ela, mas essa corrida foi bastante desafiadora”, comentou.

Maria Gilda dos Santos é paratleta e cruzou a linha de chegada como primeira colocada na categoria PCD. Antes mesmo de correr, Gilda comentou sobre a empolgação e expectativa para a corrida, mas considerou que esse é um momento de diversão e que deve ser deixado de lado o espírito competitivo, por conta da situação que vivemos nos últimos tempos.

“Depois de dois anos quase não teve corridas aqui em Sergipe e voltar pra essa não é nem correr, é uma confraternização, é rever os amigos, celebrar a saúde, a vida, depois de um período tão difícil. Foi a melhor coisa esse retorno, porque a corrida é a minha terapia, eu vou pra outras modalidades esportivas, mas a corrida nunca me larga e é a forma que eu tenho de condicionar a minha  vida, o meu dia a dia, a minha saúde, então acima de qualquer coisa, de competição, acho que é hoje é só diversão mesmo e celebrar”.

Infelizmente, a covid-19 interrompeu a rotina de três amigas que sempre participaram de diversas competições de corridas juntas, inclusive da Corrida Cidade de Aracaju. Este ano, Flávia Souza e Ana Cristina de Oliveira tiveram que participar da edição do evento sem a amiga Maria Zoraide, que acabou sendo uma das vítimas da covid-19 em outubro de 2020. Mesmo sem a amiga, as duas, de forma simbólica, correram e levaram junto o número de inscrição de “Zozô”, como chamavam Zoraide, e completaram todo o percurso da prova.

“Eu conheci a ‘Zozô’ no ano de 2018, na Corrida Sagrada em Salvador e de lá pra cá nos tornamos praticamente irmãs, daí a gente começou a correr juntas, sair para shows. Infelizmente ela faleceu de covid em outubro de 2020, mas era uma guerreira, ela sempre partia de São Cristóvão, na corrida. É a minha primeira corrida dos 24km, então ela vai correr comigo, porque ela tá lá em cima me dando força, alegria, então a gente resolveu fazer essa homenagem pra ela, comentou Flávia Souza.

“Eu que fazia as inscrições dela em todos os eventos, aqui em Sergipe e também fora e, não diferente, fiz a inscrição dela também na minha área do atleta na central da corrida. Nós sentimos muita falta dela no dia a dia e em uma corrida como essa a gente sente ainda mais, porque era um evento que ela gostava muito de participar, principalmente por ser uma corrida de superação”, declarou Ana Cristina.