Semana da Visibilidade Trans: rodas de conversa debatem direitos de mulheres trans

Assistência Social e Cidadania
24/01/2023 16h34

A programação da “Semana da Visibilidade Trans”, uma iniciativa da Prefeitura de Aracaju, realizada este ano em parceria com o Governo de Sergipe, continua com a promoção de atividades socioeducativas na capital e região metropolitana.

Desta vez, rodas de conversas promovidas na tarde desta terça-feira, 24, na Casa dos Conselhos Municipais, situado na região central de Aracaju, pautaram o atendimento da rede de garantia de direitos às mulheres vítimas de violência e a literatura como ferramenta para a construção de políticas públicas.

“Fico muito feliz em ver esse trabalho intersetorial. Parabenizo à Diretoria de Direitos Humanos [da Assistência Social de Aracaju], a Marcelo e a todos que participaram desta semana intensa de ações voltadas ao público trans. É muito importante buscarmos segmentos que atuam com o público LGBTQIAPN+ para levarmos conhecimento e avançarmos nas políticas caminhando juntos”, destacou a secretária da Assistência Social de Aracaju, Simone Santana.

Para o assessor técnico de referência LGBTQIAPN+, da Diretoria de Direitos Humanos (DDH), Marcelo Lima, a “Semana da Visibilidade Trans” promove debate com o público LGBTQIAPN+, "o que nos deixa otimistas para que avancemos ainda mais e os serviços se qualifiquem", frisa.

"Foi uma semana na qual pudemos observar o contraste de exclusão social, com exemplos de mulheres trans egressas no sistema prisional e outras com doutorado,  que é uma exceção. Então, são trabalhos que só vêm a agregar”, salientou.

Com o tema "Igualdade de direitos, sim! Racismo estrutural, não!", o evento, iniciado em 18 de janeiro, abrangeu uma série de ações, dentre rodas de conversas, capacitações de profissionais e uma visita ao Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), situado no município de São Cristóvão, realizada na última segunda-feira, 23.

A coordenadora de Políticas para Mulheres da DDH, Edlaine Sena, apresentou o Protocolo Municipal da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, que também engloba mulheres trans.

“Falamos sobre a maneira como o Protocolo foi construído, portas de entrada, principalmente da necessidade de toda a rede conhecer, se envolver e saber como acolher as mulheres trans. Aproveitamos, já dialogamos com a rede aqui presente para saber como cada um pode se somar a essa luta, no atendimento, no acolhimento efetivo da mulher em situação de violência para a sua superação”, observou.

“O que pode uma corpa trans? Literatura, existência e resistência”. Este foi o tema da convidada Manuela Rodrigues, mulher trans, professora de Língua Portuguesa e Literatura do Instituto Federal de Sergipe (IFS), mestra em Sociologia e doutoranda em Literatura pela Universidade de Brasília (UNB), que tratou dessa linguagem artística como parte da construção de políticas públicas para a população trans.

“A ideia é provocar o público pensando em como a literatura de autoria trans vem contribuindo para que a comunidade possa pensar políticas de existência em um país que é campeão de assassinato de pessoas trans. Fiquei feliz em conhecer o trabalho do Município por quem está na ponta, possibilitando esse processo na construção de um acolhimento, que é fundamental”, contou.

Integração
Estiveram presentes Conselhos de Direitos, profissionais dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas), do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), além da Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seasc).

De acordo com a coordenadora LGBTQIAPN+ da Seasc, Silvânia Santos, mulher trans, novas ações socioeducativas estão previstas para serem realizadas em parceria com o Município.

“Já iniciamos um trabalho interno na Secretaria e tivemos iniciativas que repercutiram muito. Estamos sendo procurados por outras pastas do Estado que querem fazer essas capacitações que são muito importantes. Só tenho a agradecer pelo trabalho e pela parceria”, agradeceu.

Para a psicóloga do Creas Viver Legal, situado no bairro Ponto Novo, Maryvania Queiroz, é necessário haver a integração entre a rede de atendimento ao público. “Acho importante a participação dos Creas em eventos como esse porque trabalhamos com violações de direitos que homens ou mulheres trans podem sofrer e precisar do acompanhamento da equipe do Creas. Precisamos estar integrados”, reforçou.

Encerramento
A programação da “Semana da Visibilidade Trans” será encerrada nesta quarta-feira, 25, com uma roda de conversa para troca de experiências entre usuários e usuárias dos serviços ofertados pela Assessoria LGBTQIAPN+ do Município, a partir das 14h, no auditório da Casa dos Conselhos Municipais, situado na rua Pacatuba, 66, em frente à praça Camerino, no Centro.