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Conheça a história da Praça Fausto Cardoso

Agência Aracaju de Notícias
20/03/2009 14h59

Um dos símbolos da cidade, surgido dois anos depois de Aracaju ter sido transformada em capital da antiga Província de Sergipe, a praça Fausto Cardoso passou por uma completa restauração, tendo todos os seus elementos originais recuperados. Os serviços, entregues à população na tarde de hoje, sexta-feira, 20, foram executados pela Prefeitura Municipal. O espaço público construído em 1857 leva o nome de um dos mais influentes políticos da história sergipana, que se destacou também como jornalista, jurista e escritor.

A praça, anteriormente chamada de ‘Praça do Imperador', ‘Praça do Palácio', ‘Praça da República' e ‘Praça Tiradentes', foi batizada de ‘Fausto Cardoso' em 1912. A intenção foi homenagear o deputado estadual assassinado no local em agosto de 1906, durante o episódio conhecido como ‘a tragédia de Sergipe'.

O crime foi motivado por um confronto político e ideológico envolvendo Fausto Cardoso e o ex-presidente de Sergipe, o padre Olímpio Campos. Fausto não aceitava a adesão do governante à República e fazia discursos inflamados contra o posicionamento dele. O deputado federal acusava Olímpio Campos de uma manobra para criar duas novas vagas no Tribunal de Relação - uma delas para o seu irmão, Guilherme Campos - e depois extingui-las, afastando dois antigos desembargadores, seus adversários.

Outras denúncias diziam respeito a uma série de leis criadas por Campos. Uma delas determinava que nenhuma ação judicial poderia contestar os atos do Poder Executivo Estadual. Outra tornava obrigatório o seguro para animais, ao mesmo tempo que indicava a Companhia de Seguros ‘Garantia Eqüestre', que seria de um amigo dele.

Fausto Cardoso também afirmava publicamente que o presidente da província subvencionou padres salesianos e depois vendeu a eles um terreno de sua propriedade, para a construção de uma escola. Segundo ele, Olímpio Campos ainda teria tomado uma propriedade de Gumercindo Bessa, utilizando a força pública.

Confronto

O clima ia se tornando mais tenso à medida que Fausto Cardoso alimentava a idéia de uma revolução para depor o presidente do Estado, na época o desembargador Guilherme Campos. No dia 10 de agosto, o alferes do Exército, Otaviano de Oliveira Mesquita, liderando praças adeptos à revolução, aquartelou-se na Ponte do Imperador, disparando contra o Palácio.

Fausto Cardoso exigiu a renúncia do presidente e do vice-presidente do Estado e acabou assumindo a liderança do movimento. O desembargador Loureiro Tavares assumiu a presidência, enquanto o Governo Federal mandava mais tropas para restituir o poder aos governantes depostos.

No dia 28 de agosto, um confronto generalizado entre os revolucionários e as forças militares acabou em tragédia. Um tiro de fuzil desferido pelo ajudante de ordens do general Firmino Rego atingiu Fausto Cardoso no ventre. A fato ocorreu entre o Palácio e a rua de Pacatuba. Com Fausto Cardoso morreu um conhecido saveirista de Laranjeiras, Nicolau Nascimento, outros saíram feridos.

A tragédia, no entanto, não acabara. No dia 9 de novembro de 1906 os filhos de Fausto Cardoso - Humberto e Armando -, acompanhados do sergipano Décio Guaraná, atacaram e mataram, na praça XV (antigo Lago do Paço), no Rio de Janeiro, o monsenhor Olímpio Campos, senador da República e tido como responsável pela morte do deputado.

Homenagens

No dia 8 de setembro de 1912, a praça da República recebia o nome e a estátua de Fausto Cardoso, inaugurado pelo presidente José de Siqueira Menezes. Em 1916, o presidente Oliveira Valadão presta homenagem a Olímpio Campos, com praça e monumento. Os dois nomes seriam tomados como patronos de dois poderes: Fausto Cardoso da Assembléia Legislativa e Olímpio Campos do Palácio do Governo.

Outros acontecimentos

Com o passar do tempo, a praça Fausto Cardoso serviu de palco para as mais variadas manifestações artísticas, políticas e sociais: o movimento das Diretas e luta contra a ditadura no Brasil, além do lançamento do Forró Caju são apenas alguns exemplos de importantes acontecimentos ocorridos no local.


*Matéria escrita com base no artigo do historiador Luis Antônio Barreto, publicado em 27/08/2004 na coluna "Pesquise - Pesquisa de Sergipe", da Infonet.