Caps Jael Patrício de Lima celebra 15 anos de assistência à população aracajuana

Saúde
31/05/2023 21h00

No mesmo mês em que se celebram os avanços da luta antimanicomial pelos direitos das pessoas com sofrimento mental, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), comemorou, nesta quarta-feira, 31, os 15 anos do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Jael Patrício de Lima, unidade referência localizada no bairro Dom Luciano. O Jael é um dos equipamentos construído para o atendimento a pessoas acometidas de casos graves ou severos de sofrimento mental.

“Nestes 15 anos, o Caps Jael Patrício tem feito muito pela comunidade da zona Norte de Aracaju e isso faz parte do nosso propósito diário, pois nossa preocupação é que ele seja um equipamento de saúde de inserção dos nossos usuários na sociedade. Desejamos viabilizar algumas oportunidades aos usuários aptos para gerar renda e a retomada dos estudos nas unidades de ensino, por exemplo. A nossa ideia é de que o equipamento seja resolutivo e traga um significado para o usuário e a sua família de modo a potencializar ainda mais o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial e o usuário possa ter dignidade, ser inserido na sociedade, no seio familiar, retomando o convívio social. Não precisamos dividir e retirar as pessoas, mas incluir cada uma delas”, destacou a secretária da Saúde de Aracaju, Waneska Barboza.  

O cuidado em liberdade é o fundamento do serviço coordenado pela Rede de Atenção Psicossocial da SMS, explica Laís de Oliveira, coordenadora do Caps Jael Patrício de Lima, unidade cujo foco é a arteterapia direcionada para um público de aproximadamente 500 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nós escolhemos o tema Celebrar a Arte do Cuidado porque cuidar exige essa delicadeza. Uma marca muito grande desenvolvida no Jael Patrício é a expressão artística. Nós temos grupos de dança, grupos de canto, o grupo de teatro Vida em Cena, que inclusive está fazendo oito anos de existência. Está sendo também uma grande oportunidade de mostrar para a população o que é produzido lá através do protagonismo dos usuários”, destaca Laís.

De janeiro de 2022 a março de 2023, o Caps Jael Patrício realizou 15.050 atendimentos, dentre os individuais, em grupo, familiar, atenção às situações de crise, ações de reabilitação psicossocial, atendimento domiciliar para pacientes ou familiares. Na programação, foram apresentados os produtos de música, teatro e literatura desenvolvidos pela equipe multidisciplinar do Caps e usuários.  

José Carlos Cruz, mais conhecido como Seu Cruz, é autor do livro “Sou Livre Sem Medo”, lançado durante as comemorações dos 15 anos do Caps Jael Patrício de Lima. Aos 75 anos de idade, ele é um dos mais antigos usuários dos equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial de Aracaju e conta que encontrou na escrita um recurso terapêutico que o auxiliou ao longo dos anos nos dias mais difíceis. “Eu escrevi esse livro baseado no amor, renunciei ao álcool através dele”, evela.

Para a filha Valdirene Cruz, acompanhante na sessão de autógrafos, o suporte do Caps Jael Patrício de Lima é fundamental para atravessar as crises de sofrimento mental. “A vida dele em tratamento é muito ativa, sempre recorremos ao Caps nos momentos mais difíceis. Hoje, o tratamento que ele precisa vem de lá para enfrentar as fases intensas da depressão e nós encontramos muito apoio com o Caps. Ele escreve muito, não importa se está triste, alegre, ele sempre está escrevendo algo e muitas vezes é sobre minha mãe, a história de vida deles e as coisas que ele pensa sobre a vida”, relata.

Letícia Ferreira, de 25 anos, é outra usuária do Caps Jael Patrício de Lima que encontrou no equipamento um meio para seguir com o tratamento que devolveu a qualidade de vida ao seu dia a dia. A jovem também encontrou nas aulas de música uma oportunidade para aprimorar o talento de cantar.

“O Caps faz parte da minha vida como um todo, é a minha segunda família, onde a gente tem sorriso, abraço, lugar que a gente canta, dança, pinta. A música estava bem enterrada lá no fundo, mas o professor Denisson veio e desenterrou esse talento e assim eu voltei a ter contato com a música novamente”, revela Letícia.