Prefeitura amplia estratégias de fortalecimento da alfabetização para jovens e adultos

Educação
07/07/2023 10h52

Diante dos resultados satisfatórios que vêm sendo obtidos através do trabalho de fortalecimento da alfabetização entre alunos do ensino fundamental, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), ampliará as ações para a Educação para Jovens e Adultos (EJA). As estratégias já começarão a ser aplicadas em agosto, logo após o início das aulas de uma nova etapa nas 18 escolas da capital que ofertam a modalidade.

A partir de agora, o público-alvo da EJA também será contemplado com as Avaliações Diagnósticas, Provas de Fluência Leitora, Programa de Tutoria Pedagógica e reforço escolar. De acordo com a coordenadora da EJA, Sueli Bispo, embora já haja um trabalho de alfabetização bastante específico para esses estudantes, durante o dia a dia da sala de aula, o intuito de inserir as ações de fortalecimento nesta área é gerar alunos ainda mais preparados, agregando mais qualidade à aprendizagem.

“O ano letivo na EJA termina em seis meses. Trabalhamos através de oito etapas e cada uma é concluída ao fim de um semestre. Nas duas primeiras, que compreendem o 1º e 2º anos do ensino fundamental, é onde está o processo de alfabetização entre os alunos, com a particularidade de termos os nossos estudantes mais velhos nelas. São pessoas que estão interessadas mesmo em aprender a ler e escrever, iniciar ou retomar este aspecto da vida que tinha sido parado, que é a fase escolar”, explica Sueli.

Além do trabalho através da rotina escolar, com acompanhamento do professor, livros e biblioteca, a partir do próximo semestre os alunos receberão material de apoio específico de alfabetização através de parcerias com editoras. Um suporte para que este processo seja o mais efetivo e eficiente possível. Também está sendo elaborada uma formação voltada apenas aos professores da EJA, já que os cursos formativos de que estes docentes participaram no primeiro semestre envolviam temas para o ensino das modalidades em geral.

“Temos um entendimento que a escola também tem que ser um lugar muito atraente para essas pessoas. A alfabetização para o adulto é diferenciada e a gente vem buscando, com esse cuidado, ofertar um material didático específico, que traga uma linguagem mais amadurecida e fale para a sua realidade. Não dá para abordar, nos conteúdos da EJA, a história de um bonequinho ou de um patinho, por exemplo, porque esse estudante é adulto e precisamos respeitar a particularidade dele. Não se usa muita ludicidade. Por isso, estamos firmando parceria com editoras que possuem esta sensibilidade”, ressalta a coordenadora.

Vencendo barreiras
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Laonte Gama da Silva, localizada no bairro Santa Maria, onde há uma média de 250 alunos matriculados na EJA, dona Elza Macedo divide a dedicação aos estudos ao final do tratamento de um câncer na bexiga. Ela cursa a primeira etapa no turno da noite, cujo foco é aprender a ler e a escrever, o que, segundo a estudante, era um sonho e um caminho para ganhar mais independência até mesmo nas simples ações do dia a dia.

"Eu sentia muita vergonha quando ia assinar algum documento e tinha que ser com a digital. Parecia até que estava sendo presa. A mesma coisa para pegar ônibus, que eu ficava perguntando às pessoas no ponto que nome havia nos letreiros. Uma amiga da igreja me incentivou a realizar meu sonho de estudar e se matriculou comigo aqui na Emef Laonte, mesmo já sabendo ler e escrever. Fui muito bem acolhida. Agora já sei escrever meu nome, já sei ler e já consigo pegar o transporte sem falar com ninguém. Sinto muito orgulho de mim. Especial e grandona", relata dona Elza.

Já dona Marileide Higino, de 48 anos, agricultora e estudante da 5ª etapa na Emef, parou de frequentar a escola na 4ª série porque precisava trabalhar para ajudar a família. Ela conta que ao entrar na escola sabia ler e escrever com dificuldade, agora que falta apenas um ano e meio para concluir a EJA, tem cursos na área da saúde como uma opção de carreira.

"Eu passava vergonha até quando ia para um lugar e precisava ir ao banheiro. Não sabia ler qual era o feminino ou masculino. Entrei aqui na Emef Laonte em 2021 e agora tenho o sentimento de sonho realizado. A escola nos incentiva bastante à leitura. Em alguns dias a professora nos leva para a biblioteca, nos empresta livros para levar para casa. A escola é muito atenciosa mesmo com o nosso crescimento", expressa a aluna.

Reforço e fortalecimento
Para a professora Maria Prazeres dos Santos, que leciona para o 5º ano do ensino regular na Emef, e a 3ª etapa da EJA no turno da noite, as novas ações que serão aplicadas a esta modalidade, pela Semed, contribuirão de modo significativo para potencializar a educação para todos.

"Como também dou aula no 5º ano, onde as ações de fortalecimento à alfabetização já vêm sendo aplicadas, sei que as mesmas iniciativas para a EJA surtirão um efeito muito positivo, porque meus alunos da tarde têm evoluído. Na minha turma da noite temos alunos que não sabem ler e escrever direito ainda, outros que leem com fluência. Cada um tem seu ritmo e até mesmo algumas dificuldades cognitivas. Estes precisam de mais atenção no aprendizado, realmente", conta Maria Prazeres.

Como docente da 1º etapa da EJA, Nelma Sátiro, também da Emef Laonte Gama, explica como tem sido seu trabalho de alfabetizar adultos. "Trazemos bastante os conteúdos para a realidade dos alunos, para que aprendam a ler e a escrever com aquilo que eles vivenciam no dia a dia. E também usamos um pouco de lúdico também, jogos, trabalhos artísticos e outras atividades que os fazem ter mais prazer no processo do aprendizado. É uma experiência rica para eles e, com certeza, nós, professores, também aprendemos muito", afirma.

A partir do próximo dia 12, alunos da EJA que desejam continuar na rede municipal no próximo semestre já podem confirmar a permanência informando à secretaria da unidade de ensino. Já a matrícula para alunos novos irá ocorrer a partir do dia 17.