Setembro Amarelo: no Cemar, usuários são alertados sobre cuidado em saúde mental

Saúde
13/09/2023 15h42

Em continuidade às ações do Setembro Amarelo, em que a sociedade se une em torno da campanha de prevenção ao suicídio, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou, nesta quarta-feira, 13, no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), uma abordagem educativa com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A ação percorreu as recepções principais, da marcação dos blocos, das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e do Centro Especializado de Reabilitação (CER II), local onde os usuários dos serviços aguardam atendimento.

De acordo com a referência técnica do Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes (Nupeva), Lidiane Gonçalves, o objetivo principal é promover e divulgar os serviços de apoio às pessoas com sofrimento mental.

“Estamos aqui para alertar e conscientizar todas as usuárias e usuários sobre a importância com o cuidado em saúde mental, apresentar quais são essas possibilidades de cuidado e de assistência, e as escutas que também estão disponíveis na rede municipal. A ideia é divulgar os canais de atendimento, elencar alguns fatores de risco relacionados ao suicídio, de modo que busquemos a prevenção em todas as idades”, explica Lidiane Gonçalves.

Os efeitos do adoecimento mental, por vezes, podem se transformar em violência autoprovocada ou chegar ao suicídio. Em Aracaju, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de 2008 a 2023, foram registrados 1.453 casos de violência autoprovocada (tentativa de suicídio e automutilação). Somente este ano, até o final de agosto, foram identificados 287 casos; no mesmo período, foram registrados 495 casos de suicídio, sendo 20 até o momento.

Alguns dos serviços ofertados pela Saúde de Aracaju, divulgados durante a ação, voltados para o cuidado da saúde mental das pessoas, são o Serviço de Atendimento Psicológico Remoto (Sapsi) e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

A coordenadora do Sapsi, Lidiane Rosa, reforça que falar sobre suicídio pode diminuir o preconceito da sociedade para tratar do assunto. Este ano, destaca ela, o Serviço de Apoio psicológico já realizou 5.703 atendimentos  

“Esse é um tema que precisa ser abordado sempre. O sofrimento é inerente à condição de ser humano e às vezes ele atinge um nível que se faz necessário o cuidado em saúde mental junto a profissionais de saúde. Estamos aqui como forma de promover esse cuidado e de ofertar os serviços que existem na rede para que as pessoas saibam que não estão sozinhas para lidar com essas questões”, destaca Lidiane Rosa.

O usuário José D. A. estava em uma das recepções aguardando atendimento quando as profissionais iniciaram a abordagem sobre o assunto e aproveitou para compartilhar parte da sua história.

“Aos 28 anos, meu pai se desesperou depois de perder uma aposta e tirou a própria vida. Há 34 anos tive um diagnóstico difícil e decidi não fazer o mesmo que o meu pai, por isso que é muito interessante ver uma equipe aqui falando sobre esse tema importante. Pelo que passei na minha vida, com o tempo a pessoa fica muito triste e vulnerável e realmente é necessário um apoio mental porque não é fácil”, conta José D. A.

Para a usuária Anne Kelly de Assis Santos, o cuidado em saúde mental é fundamental diante da rotina exaustiva de uma mãe e dona de casa.

“Tem momentos da nossa vida que a gente pensa muita besteira porque é uma correria, não dorme, não tem descanso e eu sei o que é passar por isso. Gostei de saber que existe esse serviço de atendimento psicológico e eu vou ligar porque preciso”, considera Anne.

Já a jovem Anny Beatriz Alves da Rocha iniciou a terapia somente há uma semana e conta como isso tem sido positivo na sua vida.

“Sempre pensei que fazer terapia não adiantaria nada, mas comecei a fazer semana passada e saí chorando feito uma criança que apanhou. Depois da primeira sessão percebi o quanto é bom conversar com um profissional e é bem melhor”, afirma Anny Beatriz.