Prefeitura realiza palestras de prevenção à violência contra a mulher nas escolas municipais

Em prevenção aos casos de violência doméstica, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), em parceria com o projeto Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal de Aracaju (GMA), realiza palestras para estudantes das 79 escolas da rede. Criada pela lei municipal N° 4.480, a Patrulha visa combater este tipo de crime e exercer o papel cidadão de fornecer ajuda e proteção integral às mulheres vítimas de atos violentos. Assim, dentre as diversas ações da equipe, uma delas é promover palestras para diferentes públicos, explicando e ensinando sobre a importância de ter informações sobre o que é a violência doméstica, como, quando, onde e porquê as mulheres devem procurar ajuda. 

Neste sentido, na tarde desta segunda-feira, 4, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Bomfim, localizada no bairro Bugio, recebeu a visita das guardas municipais para uma palestra sobre o tema. Com a prevenção sendo o objetivo principal, o momento foi direcionado aos alunos do 8° e 9° ano do ensino fundamental. No ato, as guardas mostraram pesquisas sobre o número de violência contra as mulheres, explicaram os tipos de violências domésticas, como a física e a psicológica, e apresentaram exemplos por meio de vídeos. 

À frente da realização do projeto nas escolas, a gestora da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade  (Coped), Analice Marinho, explica que a parceria é uma forma de conversar com meninos e meninas, de uma forma didática, sobre o que é a violência contra a mulher e ensiná-los sobre a lei Maria da Penha. A coordenadora também destaca a presença do Ministério Público de Sergipe (MPSE).

“Elas falam o que é a lei da Maria da Penha, como ela surgiu e como você pode recorrer se sofrer ou presenciar a violência contra a mulher. Hoje, o MPSE veio aqui realizar uma visita para saber como a Semed está trabalhando as questões de violência de gênero e violência contra a mulher. Portanto, em todas as escolas é desenvolvida essa palestra em que a GMA explica sobre o tema, fazendo com que compreendam o que é essa violência, como evitar e como identificar não apenas na vivência deles, mas no lugar onde eles moram e saber como eles podem recorrer em casos do presenciamento de agressões”, diz.

Coordenadora da Patrulha, a guarda Viliane Brito, reforça que o trabalho é majoritariamente direcionado à prevenção. "Este é um trabalho preventivo e já tem um tempo que estamos nas escolas. Para a Patrulha Maria da Penha, é extremamente importante poder atingir esse público jovem, falando sobre a questão da conscientização de uma forma precoce, para que, futuramente, eles não venham estar nesse contexto da violência doméstica. E é por isso que a  educação é um aliado muito forte no combate da violência doméstica familiar na sociedade. Portanto, se a gente formar esses adolescentes com consciência de que a violência doméstica não é algo natural, futuramente vai haver menos mulheres morrendo vítimas de feminicídio. Além disso, também estaremos buscando a prevenção no sentido de conscientizar os meninos para que eles não se tornem agressores e acabem destruindo suas vidas por causa de um crime que é naturalizado. E é por isso que, durante as palestras, é importante a presença não só das mulheres, mas dos homens também”, esclarece. 

O coordenador administrativo da Emef Manoel Bomfim, Juarez Ferreira, descreve a ação como formidável e de bastante necessidade na educação sobre violência contra a mulher. “A  gente sabe do alto índice de agressão às mulheres no Brasil e o feminicídio. Por isso, eu acho que o combate a essa violência contra a mulher deve, também, começar na escola. Então, a presença da GMA, junto com o Ministério Público e a Semed, vem para contribuir na formação do indivíduo integral, principalmente dos alunos do ensino fundamental na compreensão do respeito que a mulher deve ter em todos os espaços. Esta é uma ação importantíssima e que a escola fica muito feliz em abraçar e receber a todos”, afirma. 

Sendo uma das representantes do MPSE durante a palestra, a analista Juliana Freitas expôs o objetivo do acompanhamento das iniciativas nas escolas. “Nós trabalhamos com o doutor Orlando Rochadel, que é promotor da 6ª Promotoria de Justiça dos Direitos do Cidadão e do Centro de Apoio Operacional (CAOp) da Educação, onde ele desenvolveu alguns projetos educacionais, dentre eles a Semana Escolar de Combate à Violência. A partir dessas iniciativas, nós fazemos visitas nas escolas, acompanhando como as secretarias municipais e estaduais estão trabalhando essa prevenção. Já acompanhamos diversos projetos e podemos dizer que a Semed está seguindo as recomendações, cumprindo com o esperado e desenvolvendo a temática de forma positiva”, avalia.

A estudante Stefany Pereira, do 9º ano, ouviu toda a palestra e contou que já sabia um pouco sobre a violência doméstica, mas que agora se sente mais segura em identificar e denunciar. “Eu já tinha ouvido falar sobre violência contra mulher na televisão e em algumas conversas de outras pessoas, já que algumas amigas minhas já vivenciaram relacionamentos abusivos. Eu achei muito importante ter uma guarda, uma pessoa que é da segurança e é uma mulher, vindo falar sobre isso, já que tem algumas pessoas que ainda não conhecem sobre essa questão de violência. E também foi bom ter os meninos ouvindo porque são eles que acabam praticando mais esse tipo de agressão. Tudo que foi dito hoje me ajudou a enxergar melhor algumas coisas e a entender que a violência pode ser evitada”, conclui a aluna.