Abril Azul: escolas municipais dedicam atenção especial aos alunos com autismo em sala de aula

Agência Aracaju de Notícias
09/04/2024 14h40

A campanha Abril Azul foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de conscientizar a população sobre o autismo, trazendo visibilidade, e tornando a sociedade mais consciente e inclusiva. Em Aracaju, todas as 79 escolas municipais da rede pública de ensino estão equipadas para acolher e trabalhar com os alunos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Atualmente, cerca de 1.300 estudantes com autismo estão matriculados nas escolas administradas pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), o que, considerando todo o público-alvo, representa mais da metade dos alunos da Educação Especial da rede. É um número bastante considerável e que demonstra a necessidade de as escolas receberem esse público de modo adequado.

De acordo com a coordenadora da Educação Especial da Semed (Coesp/Semed), Maíra Ielena, para trabalhar com esse público a gestão municipal oferta profissionais de apoio em todas as unidades de ensino, que são divididos em duas categorias: cuidadores, que são aqueles profissionais responsáveis pelo auxílio ao estudante no que diz respeito à higiene, alimentação, locomoção e a socialização; e os mediadores, que são os profissionais que ficam ao lado dos alunos ajudando e facilitando a aprendizagem dos currículos formais.

“Além disso, temos as salas de recursos multifuncionais, equipamentos voltados para a detecção das principais barreiras que dificultam o acesso desse estudante à escola pública e à educação formal. Na sala de recursos são desenvolvidas as estratégias pedagógicas para que esses estudantes aprendam em sala regular. A gente lembra que, em nossas escolas, os alunos com autismo estão matriculados em sala de aula regular, então dentro da perspectiva inclusiva, participam das aulas juntos com todos os demais e têm acesso ao profissional de apoio e às salas de recursos multifuncionais, visando justamente a detecção e a superação das barreiras”, disse.

Ainda dentro do leque de serviços ofertados, a Semed, por meio da Educação Especial, e em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), possui o fluxo de identificação precoce. Esse instrumento serve para identificar precocemente quais são os estudantes que estão apresentando mais sinais, sintomas ou características relativas a alguma deficiência ou ao transtorno do espectro autista. “A partir daí, a gente encaminha para a Secretaria de Saúde, solicita o atendimento, tendo em vista a devida apreciação das condições de saúde e condições neurológicas desse aluno, por parte do profissional que tem essa competência”, declarou Maíra Ielena.

Permanência

De acordo com a coordenadora, para além do acesso dos alunos com autismo à escola pública, a grande luta atual da gestão é para que se consolide a permanência deles de forma satisfatória. “Hoje a nossa luta é pelo acesso, pela permanência e pelo sucesso escolar, ou seja, não adianta matricular esses estudantes e eles ficarem menos tempo na escola. A gestão trabalha para oferecer a condição necessária para que esse aluno permaneça naquele ambiente com apoio. Para isso, investe em condições de sucesso escolar, para que os alunos autistas se desenvolvam e aprendam”, afirmou a coordenadora.

Para que haja o processo de inclusão, primeiramente é levada em consideração o respeito absoluto às características do estudante. A inclusão do aluno com autismo é feita a partir da matrícula, que é prioritária na rede municipal de ensino. Além disso, a permanência  em sala de aula é viabilizada a partir dos profissionais de apoio e também pelos professores que são regentes de classe e, para isso, todos eles recebem a devida formação profissional.

Quando as famílias concordam, os alunos também são matriculados nas salas de recursos multifuncionais, que é um atendimento complementar ou suplementar, para que o professor das salas de recursos, juntamente com o professor da sala regular, elabore as estratégias e os recursos didáticos mais apropriados para aqueles estudantes. Frequentemente também são realizadas diversas campanhas nas escolas, mostrando o quanto a diversidade é benéfica para a sociedade.

Outra ação importante é a oferta das adaptações razoáveis, ou seja, as provas e as atividades são adaptadas, tendo em vista as necessidades específicas de cada estudante autista. “Hoje eu vejo com muita alegria o avanço da inclusão da pessoa autista nas escolas brasileiras, mas em especial na escola pública, que deve ser um lugar de todos. É nesse lugar onde nossa criança e nosso adolescente autista devem estar matriculados, devem ser aceitos, compreendidos e potencializados, disse Maíra Ielena.

Triagem e transporte escolar

A Secretaria Municipal de Educação está fazendo um trabalho de triagem dos estudantes que apresentam seletividade ou restrições alimentares. Segundo a coordenadora da Educação Especial, essa ação é de grande importância, pois o público autista, geralmente, é o que mais apresenta essa demanda.

“A seletividade alimentar é uma característica marcante de algumas pessoas autistas que, devido a uma certa rigidez cognitiva ou mesmo questões sensoriais, como a textura, o cheiro ou a cor, elas refutam certos tipos de alimentos ou restringem por completo a sua alimentação a apenas alguns itens. Então a gente está fazendo essa triagem e respeitando essa condição dos estudantes, mas também trabalhando para que possamos ofertar cada vez mais uma alimentação variada e de valor nutricional para essas crianças”, explicou.

Além disso, a Semed oferta o transporte escolar especial para os estudantes da Educação Especial que apresentam limitações no que diz respeito à locomoção, e também para aqueles que apresentam características como hipersensibilidade sensorial ou acentuada agitação psicomotora.