Nupedcs ajudam Defesa Civil a reduzir tempo resposta às demandas decorrentes da chuva

Agência Aracaju de Notícias
22/04/2024 10h00

A empatia está no cerne da atuação dos aracajuanos que se voluntariam para atuar nos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs), criados pela Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), e que têm sido fundamentais para reduzir o tempo de resposta do poder público em relação aos possíveis transtornos decorrentes das chuvas intensas, em especial as registradas no período da quadra chuvosa. Recentemente, um novo grupo de cidadãos, composto por 25 pessoas, passou pelo processo de qualificação necessário e se tornou aptos a atuar, cumprindo uma função importante no auxílio de suas comunidades, em um gesto de cuidado com o próximo.

Os Nupedcs funcionam como elo entre a Defesa Civil de Aracaju e os moradores de áreas de risco, contando com a atuação voluntária de aracajuanos tanto para monitoramento dessas localidades quanto atendimento em situações emergenciais. Dez desses equipamentos já foram estabelecidos no município desde 2018, em bairros como Jabotiana, Soledade, Porto Dantas, Cidade Nova, América, Industrial e Santa Maria, além do Nupdec zona Sul, que contempla os bairros da antiga Zona de Expansão, Nupdec - Núcleo Técnico de Defesa Civil, formado em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe, e o Nupdec Área PEC, no bairro Atalaia.

"Para construir uma cidade resiliente, entendemos que precisamos caminhar junto com as comunidades que tem uma experiência, o convívio e conhecimento diferenciado sobre as áreas que são monitoradas pela Defesa Civil. É uma somação de esforços onde todos ganhamos, sendo os Nupdecs os olhos da Defesa Civil nas áreas de risco. Esse vínculo possibilita uma rápida comunicação diante de situações adversas e reduz de maneira significativa o tempo de resposta, mediante o acionamento do órgão. É um trabalho pautado, essencialmente, na prevenção, e que vem gerando resultados muito positivos para a cidade", explica o secretário municipal da Defesa Social e da Cidadania, tenente-coronel Silvio Prado.

A qualidade do trabalho desenvolvido em Aracaju se tornou, inclusive, uma referência para os demais municípios brasileiros, no que diz respeito à formação e manutenção dos núcleos, de maneira que o que é feito na capital passou a integrar, como exemplo, o Banco de Boas Práticas da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).

É parte fundamental do sucesso, o processo de qualificação desenvolvido. A turma mais recente formou-se no dia 12 de abril, após aulas teóricas e práticas que abordaram maneiras de  minimizar os impactos provocados por desastres naturais ou tecnológicos, assim como explicações sobre prevenção, preparação, mitigação, resposta e recuperação em casos de incidentes.

Em comum, no perfil dos aracajuanos que decidiram participar, está o forte desejo de ajudar os semelhantes e o histórico de atividades de voluntariado. É o caso, por exemplo, do brigadista José Milton Lima, que foi incorporado ao Nupedec localizado no bairro Soledade.

“Como eu amo o serviço voluntário, sempre acompanhei pelas redes sociais a atuação da Defesa Civil, então vi o anúncio cadastrando novas pessoas e me inscrevi. A capacitação foi maravilhosa, aprendi coisas que superaram as minhas expectativas, apesar de já trabalhar na área de segurança, como identificar sinais de enchentes, de problemas estruturais e a melhor forma de ajudar as pessoas da comunidade. Agora, já comecei a monitorar. A sensação de poder contribuir traz muita alegria, porque eu levo como princípio que a vida não tem preço, então, para mim, é um privilégio participar desse projeto”, afirma.

O repórter cinematográfico Edilson Honorio dos Santos, que passou a atuar no Nupdec do bairro Jabotiana, se adequa ao mesmo contexto de sensibilização e solidariedade, de maneira que viu a oportunidade de participar da iniciativa como uma forma de ter condições de ajudar a comunidade de maneira mais eficaz. 

“Eu faço trabalhos voluntários há 22 anos, no GACC e no projeto Estrelas do Mar e na Cruz Vermelha, e há seis anos eu me mudei para o bairro Jabotiana, justamente quando aconteceu uma das maiores enchentes, que afetou bastante a comunidade do Largo da Aparecida. Eu moro em um condomínio vizinho à área e comecei uma campanha para arrecadar alimentos, cobertores, para distribuir. Depois pensei que deveria haver um jeito de ajudar mais diretamente, então um amigo me falou do curso, fiquei esperando ofertar novas vagas e decidi me cadastrar. Eu acho que a sociedade não pode colocar tudo em cima do poder público, mas buscar fazer a nossa contribuição. Essa formação me abriu os olhos ainda mais, porque a gente se torna o mediador entre a comunidade e os órgãos competentes, com a vantagem da gente conhecer melhor os locais, por estarmos mais próximos”, conta.

O estudante Leonardo Monteiro Andrade de Oliveira, 20 anos, que também contribui no bairro Jabotiana, ressalta que o que aprendeu durante o curso aumenta a sua segurança ao oferecer auxílio e ao mediar o contato entre os moradores e a administração pública.

“Eu acho que a questão do ponto de ser voluntário é ser a ponte entre a comunidade e a Defesa Civil, fazer essa mediação. Na verdade, eu ainda não passei pessoalmente por uma situação de transtorno na minha casa, mas já presenciei, porque moro ao lado de um canal, que quando transborda, afeta outros moradores. Hoje, tenho visto avanços, com a realização de drenagens, que reduz o risco. Essa qualificação que a gente teve trouxe muito conhecimento, inclusive na prática, então me sinto preparado, a questão agora é experiência, mas estamos de prontidão para agir quando precisar, com a segurança de saber o que estamos fazendo”, garante.

Para os voluntários veteranos, como é o caso do coordenador do Nupdec Jabotiana, José Guedes, e a professora aposentada Claudionete Araújo, que compõe a mesma unidade, a chegada de uma nova leva de interessados em ajudar tanto permite ampliar o volume de ações como traz motivação para continuar com o bom serviço prestado.

“A chegada de novas pessoas é de extrema importância para reforçar as nossas ações, sobretudo nesta quadra chuvosa, caso haja algum registro de alagamentos ou inundações. Mais gente com vontade de trabalhar, de promover o bem comum é de suma importância. Eu fico muito feliz de recebê-los para juntos atuarmos em prol da comunidade”, ressalta o coordenador.

Poder amplificar as vozes das pessoas na comunidade é o destaque para Claudionete, que está oferecendo seu esforço e experiência desde a formação da iniciativa, em 2018. Ela conta que quando ainda estava em sala de aula, já se interessava em desenvolver trabalhos voltados às questões ambientais.

“Decidi entrar justamente para auxiliar à comunidade; ser o elo entre os moradores e a Defesa Civil, facilitar a ponte com os órgãos competentes, além de poder discutir questões socioambientais com a comunidade. Eu acho essa parceria fantástica, porque, às vezes as pessoas têm demandas simples, mas existia uma distância entre a voz delas e os órgãos. Então, a resposta agora é mais rápida e a capacitação traz um olhar diferenciado, saber o que fazer em um situação de inundação ou alagamento. Essa turma que entra agora vem reforçar e aumentar aquela perspectiva que existe desde o início de trazer melhorias, não apenas no nosso bairro, mas como um todo. Estou muito contente com a chegada de novos membros”, reforça.