Prefeitura dispõe de tecnologia para acelerar recuperação de crianças com síndromes respiratórias graves

Saúde
23/04/2024 17h00

Na busca para superar os desafios apresentados no período de sazonalidade e o consequente aumento de atendimento às crianças com síndromes gripais, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e da atuação dos profissionais do Hospital Municipal Fernando Franco, passa a contar com a possibilidade de transferência de urgência, quando necessário, utilizando o aparelho CPAP com ventilador pulmonar portátil. 

Se trata de uma tecnologia menos invasiva que, na maioria das vezes, evita a intubação, e permite a celeridade na recuperação do paciente, conforme explica o coordenador-médico do Hospital Municipal Fernando Franco, Willian Barcelos. O procedimento utilizando o CPAP com ventilador pulmonar portátil ocorreu, pela primeira vez, no dia 19 deste mês, durante a transferência de uma criança de apenas um mês de vida para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). 

“A ventilação não invasiva, como o próprio nome já diz, tem menos riscos do que uma intubação, por exemplo, que é algo mais invasivo mesmo. Na sazonalidade passada, nós começamos a usar mais essa tecnologia, porém para a transferência do hospital para uma UTI a dificuldade era maior porque não era possível acoplar ao ventilador de transporte (portátil). Muitas vezes quando tirávamos a criança do CPAP com ventilador pulmonar fixo, ela ficava cansada e o que temíamos era que durante a transferência ela precisasse sofrer uma entubação endotraqueal”, relata Dr. Willian.

A intubação é um processo invasivo que demanda sedação, diminuição da força respiratória e outros fatores que são evitados com a utilização do CPAP portátil, já que o CPAP fixo fica restrito ao local de instalação, ou seja, não sai do hospital para ser utilizado durante o translado da criança para a UTI em uma ambulância do SAMU.

Fisioterapeuta do Hospital Fernando Franco, Cristiane Leone explica como o aparelho age no organismo da criança acometida por dificuldades respiratórias em um estágio avançado.

“A fisioterapia respiratória em crianças que chegam com desconforto avançado é feita com o CPAP. Com técnica e segurança, o aparelho coloca uma pressão positiva dentro do pulmão que está cheio de secreção e com a musculatura cansada em função do muito esforço que a criança fez para respirar. Essa pressão fará com que o pulmão consiga insuflar e receber o oxigênio suficiente para que os batimentos cardíacos retornem à função correta, sem taquicardia, desconforto e evitando uma parada cardíaca na criança. Sem intubação, o CPAP faz o esforço necessário no lugar do paciente, deixando a criança mais forte e começando a responder aos estímulos”, detalha Drª Cristiane.

Ainda segundo Willian Barcelos, com a utilização do CPAP com ventilador pulmonar portátil, a fim de conduzir para uma terapia intensiva, significa dizer que não será necessário desconectar a criança ao aparelho para efetuar a transferência. “Com isso, quando chega na terapia intensiva, os profissionais conseguem dar continuidade ao tratamento. Agora, nós temos mais possibilidades de transporte para as crianças que necessitam sem atrasar a terapia intensiva que elas precisam receber”, completa.

A criança pela qual passou pela transferência mediante o uso do CPAP com ventilador pulmonar portátil obteve melhora em 48h, passando pelo desmame do ventilador e em seguida saiu da ala vermelha do Hospital de Urgência de Sergipe Gov. João Alves Filho (HUSE) para a ala amarela, com previsão de alta nesta terça-feira, 23.

“Nós temos dois ventiladores pulmonares portáteis que testamos o tempo todo e fazendo backup, já que são máquinas que necessitam disso. Dessa forma, o Hospital Fernando Franco dispõe de quatro respiradores fixos na estabilização pediátrica caso precise de intubação, dois preparados para CPAP fixo e mais dois para transporte (portátil). Isso vai salvar muitas vidas”, conclui a fisioterapeuta Cristiane Leone.