Prefeitura oferta curso sobre transtornos mentais para gestores escolares da rede municipal

Educação
26/04/2024 16h39

Com a alta demanda na modalidade da Educação Especial, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), vem reforçando as formações direcionadas aos transtornos mentais, com o objetivo de ofertar, cada vez mais, uma educação qualificada, segura e inclusiva.

Para isso, a Coordenadoria de Educação Especial (Coesp/Semed) está realizando curso formativo sobre transtornos mentais direcionado a diretores, coordenadores pedagógicos e administrativos e professores da rede. Iniciado nesta sexta-feira, 26, a formação tem um total de 80 horas e seguirá por mais 15 encontros, sempre às sextas, das 13h às 17h, no segundo andar do prédio da Semed.

Destacando a grande demanda da educação especial, a gestora da Coesp, Maíra Ielena, informa que o curso pretende capacitar os profissionais da educação sobre transtornos mentais de uma forma ampla.

“Procuramos um curso sobre transtornos mentais na gestão devido à explosão de demanda para o público da educação especial, que são os autistas, pessoas com deficiência, com a falta de habilidades, mas, também, outros muitos transtornos que chegam cada vez mais no ambiente escolar.  E o profissional da educação precisa dessa capacitação para lidar tanto no que diz respeito à chamada identificação precoce, quanto com aqueles estudantes que já chegam com seus diagnósticos fechados e que precisam de algum suporte. Assim, nós, a escola, estamos como instituição que está ali para promover o seu ensino e principalmente para promover o seu desenvolvimento integrado. Então,  esse curso vem muito conquista”, avalia.

O psiquiatra convidado para realizar o curso, Alexandre Agacir, explica que a formação tem uma pequena parte da abordagem sendo teórica, mas que a maioria do tempo será direcionado a discussão de casos e diálogos entre os próprios gestores. 

“É um curso bem carregado de conteúdo e com grande parte da discussão de casos para que o professor tenha um pouco mais de segurança ao encaminhar um aluno que apresente características de algum transtorno mental. Alguns professores vieram me falar o quanto é bom ter um psiquiatra para que eles possam tirar dúvidas, porque é diferente poder conversar com um profissional  qualificado”, relata.

O profissional também enfatiza a baixa abordagem do tema transtorno mental durante a graduação como mais um desafio. “A faculdade aborda pouco os temas de saúde mental, eles não são temas abordados na formação dos professores. Mas, hoje, a saúde mental é um tema de saúde como todos os outros,ou até mesmo um dos principais. Eu já ministrei esse curso para outras faculdades e escolas da rede particular, mas esta é a primeira vez na rede pública em Sergipe. A Semed está de parabéns por conseguir recursos e organizar esse curso para professores municipais”, Alexandre Agacir.

Diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Sérgio Francisco da Silva, Tanielly Farias classifica o curso como importante, pois trata de forma responsável a convivência escolar com os casos de  transtornos mentais e permite que os gestores também exerçam o autocuidado.

“Ter essa oportunidade de aprender diretamente com um profissional da área é muito importante porque vamos tirar nossas dúvidas, mas também vamos pensar na nossa própria saúde mental. Primeiro a gente orienta os professores, porque eles são uma ponte e, futuramente, a gente começa a orientar os alunos. Os estudantes são as sementinhas, são a ponte, escola-família, então eles trazem as demandas dele e das famílias e a gente acaba ficando sobrecarregado, com aquele efeito esponja, por isso eu acho essencial que todos participem da formação e entendam melhor como lidar e tratar os transtornos”, diz.

A professora da Sala de Recursos da Emef Bebé Tiúba, Márcia Oliveira, descreve o curso como um presente especial da Semed, visto que a educação está lidando com uma grande demanda no que diz respeito à educação especial.

“Hoje nós temos uma sociedade com uma demanda imensa de problemas mentais, sejam emocionais, deficiências ou falta de habilidade com as relações interpessoais. O curso é um presente para a sociedade, para a comunidade escolar e para os professores de Sala de Recursos, porque nós vamos ter a oportunidade de conversar com os nossos pares de uma forma muito mais esclarecida. Estamos tendo a oportunidade de assistir a um curso com um médico psiquiatra, que é a quem a gente sempre faz o encaminhamento, mas nunca tivemos a oportunidade de perguntar, de discutir  uma dúvida ou mesmo de ouvir”, declara.

Para a professora, somente ouvir o que os pais têm a dizer e o acesso aos relatórios dos estudantes não é o suficiente. “A gente não tem acesso ao que realmente importa, que é a causa e como a gente pode agir dentro da escola e da sala de aula de forma que diminua o sofrimento dos alunos que têm transtornos ou que estão desenvolvendo crises. Portanto, esse curso é de extrema importância para mim, para todos da educação, para os alunos e para os pais”, enfatiza Márcia Oliveira.