A dona de casa Célia Catende dos Santos, 29 anos, começa o dia muito cedo e nunca sabe a que horas vai acabar a rotina de cuidar dos oito filhos, limpar a casa, fazer a comida e ainda sair pelas ruas do bairro tentanto vender produtos do catálogo de revista para ajudar no orçamento doméstico. Na manhã de hoje, terça-feira, essa mulher que passa a maior parte do tempo tentanto superar a pobreza e manter a família unida teve um dia especial para comemorar o maior desafio da sua vida: a maternidade.
Cerca de 80 mães das crianças e adolescentes atendidos pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) na Unidade Sócio-Educativa José Augusto Arantes Savazine, no Japãozinho, Zona Norte da cidade, participaram de um café-da-manhã organizado pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc). A programação incluiu ainda apresentações culturais e homenagens realizadas com o apoio de professores e arte-educadores.
Célia Catende ganhou até uma poesia de presente da filha mais velha, a jovem Priscila, de 14 anos, que recitou os versos em voz alta para que todos soubessem o tamanho do seu amor. "Fiquei muito feliz em poder mostrar para minha mãe o quanto eu gosto e preciso dela", afirmou. A retribuição veio em forma de emoção e alegria. "Depois do Peti meus filhos ficaram menos agressivos e mais obedientes. Hoje eu vejo que Priscila todo dia me ensina algo novo. Às vezes acho que ela me ensina mais coisas do que eu a ela", relata a dona de casa.
Segundo a coordenadora da Unidade Sócio-Educativa do Japãozinho, Elisabete Ribeiro, esse momento de confraternização é importante para integrar e envolver a comunidade. "Nosso objetivo é fazer com que essas mulheres se sintam valorizadas, prestigiada e possam levantar sua auto-estima. O dia-dia delas é de muito trabalho e sacrifício. A maioria sai de casa às 5 horas da manhã para trabalhar como doméstica e só volta às 8 horas da noite. Por isso em todas as datas festivas realizamos comemorações como essa", destaca.
Foi a primeira vez que a estudante egressa do Peti, Gisele Santos, 17 anos, comemorou o Dia das Mães de forma especial. Ao lado da pequena Letícia, de apenas sete meses, a jovem aproveitou todos os momentos da festa. "Fiquei muito agradecida com tudo isso. Agora quero estudar para minha filha ter um futuro melhor do que o meu", garante. A dona de casa Patrícia Santos, 27, acredita que momentos como esse fazem a maternidade valer à pena. "É preciso muita responsabilidade para criar os filhos, mas com certeza faria tudo de novo", ressaltou.
Inclusão social
Para a assessora especial de Políticas Públicas para a Juventude do município de Aracaju, Karla Trindade, que representou o prefeito Edvaldo Nogueira no evento, as famílias incluídas em programas como o Peti e o Bolsa Família têm a oportunidade de exercer a cidadania através de atividades sócio-educativas. "O que é muito importante para garantir a inclusão social dessas comunidades carentes. As mães que estão aqui hoje têm muito a comemorar por estarem tendo a chance oferecer um futuro melhor para seus filhos", enfatizou.
O café da manhã do dia das mães contou com recital de poesias, apresentaçao da capoeira Rede Cidada Criança e de um dueto de dança livre. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil da Unidade José Augusto Arantes Savazine atende 137 famílias e 42 crianças oriundas do Bolsa Família das comunidades do Jetimana, Japãozinho e Ponta da Asa. O espaço conta ainda com uma creche mantida pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o grupo da terceira idade. As atividades do Peti incluem oficinas de capoeira e dança no contra-turno escolar.
