Os excelentes resultados obtidos em Aracaju num curto espaço de tempo mostram que a parceria entre poder público e sociedade é fundamental para vencer anualmente a guerra contra a dengue. Em pouco mais de um mês, os mutirões de limpeza, as campanhas educativas e a força-tarefa nos bairros conseguiram debelar os focos do mosquito transmissor. A prova maior de que a união faz a força está traduzido nos números levantados pela Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Aracaju (PMA): redução do número de casos suspeitos em 60% e do índice de infestação predial nas áreas com alto índice de epidemia em 90%.
Para se ter a dimensão do que esse esforço conjunto representa, nos meses de janeiro e fevereiro, antes no início da epidemia de dengue, foram constatados 193 e 200 casos, respectivamente. A partir de março, quando começou o surto, foram constatados 1097 casos e, em abril, a situação chegou ao nível de epidemia, com 4.136 casos. Mas depois das ações de campo com o reforço de 850 agentes de saúde e de endemias, mais o suporte de voluntários da Igreja e do Exército, e a adesão maciça da população e da iniciativa privada, até o dia 26 de maio o número de casos era de apenas 656.
Infestação
Os dados baseados no Levantamento de Índice Rápido (Lira), que mede o nível de infestação do mosquito por residência, também são animadores. Excetuando o Bairro Industrial, o Santa Maria e a Palestina, onde a situação ainda é preocupante e as ações estão sendo intensificadas, os focos caíram drasticamente em diversas localidades. Os principais exemplos disso são o Aeroporto e a Atalaia, onde o índice era de 9.8% em fevereiro e caiu para 1.5% em abril; América (8.7% para 0.8%); Novo Paraíso (8.7% para 0.8%); Coroa do Meio (7.9% para 3.8%); Santos Dumont (7.5% para 1.8%); e Soledade (6.5% para 0.3%).
"Esse levantamento mostra que ao eliminarmos as larvas, evitamos o surgimento do mosquito adulto, que é o transmissor da doença. Com isso, a dengue não tem como se desenvolver e conseguimos chegar à situação de normalidade. Nosso objetivo é manter o controle da doença, já que a erradicação é quase impossível por causa da adaptação do Aedes aegypti ao clima tropical brasileiro, de acordo com informações do Ministério da Saúde", explica a coordenadora do Programa de Controle da Dengue da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Taíse Cavalcante.
Desde a criação do Plano de Contingência de Combate à Dengue e da Força-Tarefa com o apoio da SMS, da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) e da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), a Prefeitura de Aracaju tem agido em várias frentes para conseguir resultados imediatos. Dentre as ações de destaque, estão a melhoria da assistência aos pacientes com 45 salas de hidratações em todas as Unidades de Saúde da Família (USFs) e nos hospitais municipais de urgência e emergência, o Fernando Franco (Zona Sul) e Nestor Piva (Zona Norte); e a abertura de algumas UFS nos fina de semana em regime de plantão 24 horas.
Além disso, houve um reforço nos atendimentos domiciliares com os agentes comunitários de saúde, totalizando 850 pessoas nas ruas diariamente; e a ampliação da inspeção nos terrenos, nos estabelecimentos comerciais e nas residências fechadas, inclusive com a autuação dos proprietários reincidentes; treinamento de 300 homens do Corpo de Bombeiros e do Exército para trabalhos de campo; busca ativa com entrega de exames alterados nos domicílios no período noturno; e realização de campanhas publicitárias para sensibilizar a opinião pública.
Desafios
Os próximos desafios são evitar um novo pico epidêmico no ano que vem; seguir controlando o vetor mantendo os índices de infestação predial abaixo de 1%; continuar a mobilização geral da sociedade através da imprensa, de campanhas educativas, e de parcerias com a Secretaria de Estado da Saúde e iniciativa privada; manter a ação da força-tarefa com as equipes da Emsurb, Emurb e todos os agentes de saúde nos bairros; intensificar e divulgar o protocolo do Ministério da Saúde: ‘Dengue diagnóstico e manejo clínico' com todos os profissionais de saúde do município de Aracaju; e reduzir o percentual de óbitos por dengue hemorrágica.
Essa é a grande preocupação do prefeito Edvaldo Nogueira, que mesmo com as estatísticas apontando que a situação está sob controle, pretende manter o trabalho de mobilização para impedir o reaparecimento dos focos do mosquito. "Agradeci pessoalmente o empenho e a dedicação dos agentes no combate à dengue, mas pedi mais uma parcela de contribuição nos próximos três meses. As visitas domiciliares vão continuar pelo menos três vezes por semana, assim como o trabalho de prevenção e de conscientização da população, para que eliminarmos de uma vez o risco de uma nova epidemia", afirma.
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