Programa Mamãe Coruja melhora a vida de gestantes da capital

Saúde
08/04/2009 13h07

Pioneiro na capital sergipana, o programa Mamãe Coruja, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura de Aracaju, completou quatro anos. Nesse tempo, a iniciativa não perdeu seu foco e continua facilitando a vida da mulher gestante, o que torna a maternidade mais segura e tranquila, além de garantir a saúde dos bebês. O programa previne complicações na gravidez que podem afetar o recém-nascido e ainda ajuda a promover o controle de natalidade

De acordo com a coordenadora do programa Saúde da Mulher da SMS, Cristiani Ludmila, o Mamãe Coruja é uma ação conjunta dos Programas Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids). "Com o Mamãe Coruja, a gestante não precisa realizar seus 12 exames do pré-natal em clínicas diferentes, fato que observávamos antes a implantação do programa. Resolvemos centralizar a coleta de exames no Centro de Especialidades Médicas [Cemar] para humanizar o atendimento", explica.

O procedimento é simples. Basta que a gestante se dirija à Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima de sua residência e solicite o atendimento adequado. Depois disso, a futura mamãe é encaminhada ao Cemar, onde assiste a uma palestra antes de realizar os exames de adesão. Por fim, a mulher recebe um lanche. "Como elas chegam em jejum, fornecemos uma merenda para que elas não saiam sem comer, afinal, nesse período, a mulher precisa se alimentar bem", frisa Cristiani.

Exames

O protocolo da SMS oferta um número de exames superior ao que recomenda o Ministério da Saúde (MS). Atualmente, a Secretaria solicita 12 procedimentos de adesão: hemograma, glicemia, sumário de urina, fator RH, tipagem sanguínea, parasitológico de fezes, testagem para HIV, sífilis, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus e hepatite.

Por mês, em média 500 autorizações de exames são liberadas nas 43 USFs da capital. No meio da gestação é requerido mais uma vez o sumário de urina e glicemia. Ao final de gravidez, a mulher repete os exames de conclusão do pré-natal sífilis, HIV, hepatite e sumário de urina.

Os resultados dos exames chegam à USF de onde a mulher é encaminhada em 15 dias. "Caso algum dos resultados tenha algum tipo de alteração, o laboratório informa pra gente e repassamos para a unidade de saúde. Em muitos casos, antes de o resultado chegar à USF, requeremos que a paciente repita os exames", diz Cristiani.

Um fato que não agrada a coordenação do programa é que o número de exames de adesão é bem superior aos exames de conclusão. "Esse é um fato que tem nos preocupado, pois as mulheres não estão seguindo corretamente o pré-natal. Quando chega ao final, elas não comparecem às consultas médicas, nem para fazer os exames finais", observa.

Consultas

O MS aconselha a realização de no mínimo uma consulta com um médico durante os nove meses de gravidez. "Nós realizamos, além disso, três consultas com médicos e três com enfermeiros", informa Cristiani.

A SMS oferece um atendimento diferenciado para as mulheres com gravidez de alto risco. Quando os agentes comunitários de saúde identificam casos desse tipo, encaminha a gestante para o pré-natal. Geralmente a gravidez de alto risco é observada em mulheres com pressão alta, alteração na glicemia, infecção urinária, problemas cardíacos ou de fígado, entre outros.

Palestra

Diariamente, no Cemar, as gestantes podem assistir a uma palestra proferida por assistentes sociais da SMS. A média de atendimento é de 35 mulheres por dia. As futuras mamães são informadas sobre a necessidade de realização de exames, sobre o programa Mamãe Coruja, amamentação, alimentação, DST's, entre outras coisas.

A gestante Weslania Matos, 30, está em sua terceira gravidez, mas, mesmo sendo experiente, diz que aprendeu bastante com a palestra. "Já tive dois filhos, mas aprendi coisas que nunca soube, como os cuidados que devo ter com as doenças sexualmente transmissíveis", comenta.

Porém, para Weslania, a informação mais curiosa passada durante a palestra foi sobre a sensibilidade dos fetos. "Fiquei emocionada ao saber que com apenas quatro meses o feto reconhece os pais e que eles sentem tudo que nós experimentamos", revela.

Assim como Weslania, a futura mamãe Izabel Cristina da Luz, 30, com quatro meses de gestação, também não é mãe de primeira viagem. "Terei meu segundo filho, mas ainda tinha dúvidas quanto à alimentação e medicamentos. Por isso aconselho que todas as mulheres grávidas participem do Mamãe Coruja, pois com certeza irá aprender muito sobre gestação", recomenda.

Andrea Pereira Lima, 27, também na segunda gestação e com quatro meses de gravidez, foi ao Mamãe Coruja pela primeira vez. "Para mim foi muito importante participar da palestra, pois tirei dúvidas que toda mãe tem. Afinal, cada gestação acontece de uma forma diferente", conta.

A assistente social Mirian Rosa Rodrigues, que ministra as palestras, relata que durante 35 minutos as mulheres têm acesso a informações sobre assuntos variados, como amamentação, alimentação, DST's, vacinação, entre outros. "Algumas acreditam que ter relação sexual durante a gravidez é prejudicial ao feto, outras tiram dúvidas sobre HIV. Os questionamentos são muitos e é por isso que nos sentimos úteis em pode ajudar", afirma.

Infelizmente a maioria dos homens ainda não acompanha suas mulheres grávidas às palestras do programa Mamãe Coruja. "As mães geralmente não vem acompanhadas dos pais das crianças, fator que seria importante, já que os esclarecimentos ajudam o casal", diz Mirian.

Ampliação

A expectativa da coordenação do programa Mamãe Coruja para este ano é ampliar as atividades no sentido de disponibilizar material educativo para ser distribuído dentro das maternidades, conscientizando as mulheres sobre a importância dos exames e das consultas médicas.

"Muitas ainda acreditam que como suas mães tiveram diversos filhos em casa, sem acompanhamento médico e sem complicações, o mesmo pode acontecer com elas. No entanto, cada pessoa tem um ritmo diferente. A gente observa muitas mulheres internadas por conta de uma gravidez de alto risco, o que poderia não ocorrer se houvesse o acompanhamento adequado", justifica Cristiane Ludmila.