Confira o discurso do prefeito na entrega da Medalha da Ordem do Mérito Serigy

Agência Aracaju de Notícias
24/04/2009 20h08

O discurso do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, emocionou as autoridades e personalidades homenageadas na solenidade de entrega das duas principais comendas do município: a Medalha da Ordem do Mérito Serigy e a Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa. Confira o texto na íntegra:

"Minhas senhoras e meus senhores,  

Esta solenidade de hoje, como já veio se tornando tradição em nossa cidade, sobretudo nos últimos anos, completa o círculo de comemorações alusivas ao aniversário de Aracaju. Nossa capital completou, em 17 de março, 154 anos de existência e é com alegria e felicidade que a vemos chegar a essa idade de modo tão resplandecente, caminhando a passos tão largos para um futuro cada vez mais promissor, zelosa de suas responsabilidades enquanto cidade, legando aos seus filhos, aquilo a que se destina toda aglomeração urbana, aquilo que através dos tempos sempre inspirou e continua a inspirar a criação das cidades: ser o lar para seus habitantes.

Ser o lugar onde as pessoas se encontram, formam núcleos familiares, constroem amizades, erguem amores, se alegram com os dias de bem e choram também as dores que a vida traz. E assim vão vivendo, perpetuando as civilizações no curso do dia-a-dia, no viver diário e quotidiano que corresponde às suas vidas, construindo o seu torrão. O nosso é aqui, à beira-rio. As águas do Sergipe velam a docilidade serena de uma gente que conhece o sinuoso dos dias. E o Atlântico é nossa porta para o mundo. A aldeia e globo logo aqui, na esquina da cidade.

É essa a cidade formidável que nos abriga e nos acolhe, é essa a cidade que nos dá nomenclatura cidadã: somos aracajuanos. Quer seja por ter nascido aqui ou por ter abraçado essa naturalidade como um filho pródigo que reencontra o lar. Essa é a minha, a sua, a nossa Aracaju.

Para celebrar a passagem dos seus anos, a Prefeitura de Aracaju realiza esse rito de honra que se tornou a outorga de suas comendas e medalhas. A comenda da Ordem Serigy, que traz o nome da bravura cinzelado em sua efígie, o brado de resistência de um cacique que ecoou pelas terras do Sergipe, a revolta que ganhou dimensão de consciência coletiva e se tornou, no dizer de Albert Camus, "a aventura de todos", na luta contra a opressão.

E a medalha do mérito cultural que leva o nome daquele que eu costumo chamar de aracajuano número um, o homem que viu a cidade antes que ela o fosse de fato, o homem que vislumbrou essa cidade quando ela nem sequer existia; aliás, não só vislumbrou, mas fez da sua ação e decisão a razão para ela existir, trabalhou para que ela pudesse florescer entre os miasmas e as emanações de um lugar inóspito, que só mesmo a extraordinária visão de quem tem os olhos no longe conseguiria enxergar.

E estamos aqui hoje, justamente para isso, para celebrar a visão do homem que enxergou o futuro e compartilhar da alegria de uma Aracaju que chegou aos 154 anos de vida movida pela crença de outros visionários, outros extraordinários cidadãos que, tomando nas mãos o desafio de fazer esta cidade, atuando-se em pontos diversos da sua engrenagem, fizeram-na crescer e figurar como a bela capital que é hoje.

Falo de homens e mulheres que têm seus nomes inscritos no pergaminho da cidadania aracajuana, homens e mulheres das Letras, homens e mulheres da Política, das técnicas diversas, homens e mulheres do Direito, da criação, da arte, da Medicina, homens e mulheres da paixão pela liberdade, pela igualdade, pelo sonho do socialismo que incendiou corações de expressivas gerações em todo o mundo. É para esses homens e mulheres que a cidade de Aracaju, do conforto e maturidade dos seus 154 anos de vida, concede este ritual de homenagem que estamos prestando nesta tarde de hoje, trazendo-os para a sua mais importante Ordem de Mérito e concedendo sua insígnia mais importante no âmbito da área artística e cultural.

MANOEL CABRAL MACHADO

O primeiro nome que queremos fazer figurar no rol de homenageados desta tarde é o do saudoso professor Manoel Cabral Machado. Uma homenagem post mortem, que a cidade de Aracaju não podia deixar de render a uma das maiores inteligências dessa terra, um homem que nascido no sobradão da Rua de Baixo, na cidade de Rosário do Catete, adotou a cidadania capelense, como ele mesmo dizia, por "jus sanguinis", invocando uns dois séculos de descendência materna, e que nos deixou em janeiro desse ano, depois de já ter inscrito seu nome na história sergipana.

Cabral Machado era Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Bahia (1942). Foi Secretário do Prefeito de Aracaju, José Garcez Vieira, passando pelo Governo do Estado de Sergipe, onde foi Diretor do Serviço Público junto ao Secretário Leite Neto, no Governo Maynard Gomes; Secretário da Fazenda e Secretário-Chefe da Casa Civil, no primeiro Governo José Rollemberg Leite; Secretário de Estado da Educação do Governo Celso Carvalho e Procurador Geral do Estado, no Governo Antônio Carlos Valadares. Foi também Vice-Governador do Estado de Sergipe, Conselheiro e Primeiro Presidente do Tribunal de Contas de Sergipe.

Manoel Cabral Machado foi ativista político. Chegou a ser um dos líderes do Partido Social Democrático (PSD), tendo sido eleito Deputado Estadual por três legislaturas, quando ocupou a liderança do governo Arnaldo Garcez e a liderança da oposição nos governos de Leandro Maciel e Luiz Garcia. Foi professor fundador das Faculdades de Ciências Econômicas, Direito, Filosofia e Serviço Social, núcleo inicial da Universidade Federal de Sergipe. Intelectual vigoroso, Cabral Machado conduziu-se pela literatura, tendo sido cronista, ensaísta, poeta, cientista e ficcionista. Foi Diretor do Diário de Sergipe e colaborador de diversos jornais da nossa terra. Membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Brasileira de Ciências Sociais.

De sua lavra, destacam-se os títulos: "Brava Gente Sergipana e Outros Bravos" (1999).  "Poemas à Mãe de Deus" (2001). "Elegias a Elohim" (2002). "Aproximações Críticas" (2002). "Baladas de Bem Querer à Bahia" (2003). "O Aprendiz de Oboé" (2005). "Capela, Meu Chão de Infância" (2005). "Páginas de Fé e Esperança" (2007). "A Doce Terra Mãe e o Pai ... No Azul dos Céus" ("O Paraíso Perdido e Reencontrado" (2007). Candelabros de Múltiplos Braços. Deixou também extensa produção a publicar, tais como: Canto de Glória ao Sol de Todos. Poesias em Tempo Vário. Discursos Acadêmicos. Ensaios Quase Políticos. Alguns Homens Exemplares. Crônicas e Cronicões. Ensaios.

Quem teve o privilégio de conhecer o professor Cabral Machado sabe de sua refinada e eloqüente oratória, de seu humor agudo e de sua capacidade de reflexão e pensamento. É por tudo isso que a Prefeitura de Aracaju, em nome da nossa cidade, rende a Cabral Machado esse tributo a sua memória e lhe concede a Grã Cruz da Ordem do Mérito Serigy.

VALADARES

Outro nome que merece a nossa homenagem é o do senador Antônio Carlos Valadares.  Esse nome por si só já dispensaria qualquer apresentação, pois Valadares é nome, há muito, gravado não só na historiografia sergipana, como também em corações e mentes de sergipanos de todos os lugares que lhe legaram através do voto, uma das mais belas trajetórias políticas de que se tem notícia em nossa terra.

Senador da República pela segunda vez consecutiva, eleito com as mais surpreendentes votações que Sergipe já viu, Antônio Carlos Valadares iniciou sua vida pública no final da década de 60, quando foi eleito prefeito de Simão Dias. De lá para cá ocupou os mais diversos postos da política, tendo sido duas vezes deputado estadual, deputado federal, vice-governador e governador de Sergipe. Graduado em Química e em direito, Valadares foi presidente da Assembléia Legislativa, secretário de Educação do Estado, fundador e presidente do Partido Social Trabalhista, presidente do Partido Progressista e do Partido Socialista Brasileiro.

No senado, tem uma atuação destacada em defesa dos interesses de Sergipe, havendo integrado as mais importantes Comissões daquela Casa, a exemplo da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania; Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo; Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional; Comissão de Serviços de Infra-estrutura; e Comissão de Assuntos Econômicos.

Homem de vasta experiência, Valadares exerce um modo de fazer política que já se tornou referência na vida pública. Alia, como ninguém, discrição com influência política, fazendo de seu modo silencioso e ponderado marcas evidentes de seu estilo. A enorme contribuição que Antônio Carlos Valadares legou ao Estado de Sergipe e a nossa capital, tanto como parlamentar quanto como executivo, lhe credencia para receber esta medalha do Mérito Serigy, no seu grau mais alto, o da Grã Cruz.

ZÉ EDUARDO

A cidade de Aracaju também se enche de orgulho para homenagear este geólogo que adotou Aracaju como pátria de seu coração, como abrigo de sua alma e como inspiração para sua extraordinária vocação libertária. Estou falando do meu amigo, companheiro e irmão de luta José Eduardo Dutra.    

Formado em geologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Zé Eduardo veio para Sergipe atuar com geólogo na Usina Taquari-Vassouras, através da Petromisa. Pelo seu desempenho profissional, foi eleito em 1988 "Geólogo do Ano" pela Associação dos Geólogos de Sergipe.

Mas a sua contribuição a este Estado seria muito maior que isso. Ele atuou durante anos de forma combativa no movimento sindical e logo se destacou pela solidariedade aos colegas. Zé Eduardo é militante do Partido dos Trabalhadores, do qual foi presidente estadual. Eleito senador da república em 1994, Zé Eduardo foi líder da oposição e orgulhou a nossa gente com um mandato que destacou Sergipe no cenário nacional, e com uma atuação oposicionista torrencial, que fez tremer as bases do conservadorismo brasileiro no Congresso, enfrentando com vigor o neoliberalismo e desancando velhos coronéis da política, que aprenderam a ouvir e a respeitar a voz de Sergipe pela conduta séria, responsável, ética, aguerrida e compromissada do senador José Eduardo Dutra.

Homem de projeto, desprendido, intérprete fiel da idéia que nossa geração coloca em prática, do poder como tarefa, Zé Eduardo não tergiversou um minuto sequer quando foi chamado pelas forças progressistas a ser o candidato a governador das oposições em 2002, abrindo mão de uma reeleição certa ao senado. Uma demonstração invulgar de desapego e de compromisso com os maiores interesses de nossa gente.

Mais tarde, indicado pelo presidente Lula para a presidência da mais importante empresa brasileira, a Petrobras, Zé Eduardo marcou época naquela empresa, fazendo-a alcançar patamares extraordinários em escala mundial e consolidou as condições para que o Brasil, finalmente, alcançasse a marca, tão almejada, de ser auto-suficiente em petróleo. Não só isso, a passagem de Zé Eduardo pela Petrobras é momento alvissareiro para o Brasil, para o Nordeste e para Sergipe. Foi em sua gestão que nosso Estado viu florescer uma onda de investimentos inéditos, que geraram milhares de empregos, aumentou nossas potencialidades tecnológicas, ampliou a cadeia produtiva do setor e consolidou uma parceria fenomenal entre essa empresa e os diversos municípios sergipanos.

Atualmente, como presidente da BR Distribuidora, Zé Eduardo continua a ser o parceiro dos municípios, e continua representando um exemplo de político, de homem sério e de companheiro.

Com a Grã Cruz da medalha da Ordem do Mérito Serigy, Aracaju realiza o testemunho da sua importância, Zé Eduardo, para a nossa cidade e para o nosso Estado. E reconhece a enorme dívida de gratidão que tem e sempre terá para com você, aracajuano de alma e coração.

PATRUS ANANIAS

O compromisso com o país é também a marca de outro homenageado com a Grã Cruz da Ordem do Mérito Serigy. E embora ele não possa estar presente na tarde de hoje, por motivos de sua agenda superlotada, sua ausência aqui não diminui o seu valor.

Advogado formado pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor da Universidade Católica de Minas Gerais há 30 anos, Patrus Ananias de Souza tem uma longa história de participação nas lutas democráticas e sociais dos anos 70, que resultaram na formação do Partido dos Trabalhadores.

Depois de exercer um mandato como vereador em Belo Horizonte, Patrus Ananias foi eleito prefeito da capital mineira em 1992. Com uma administração marcante e premiada pela ONU como um modelo de gestão pública, Patrus Ananias deixou a Prefeitura com uma aprovação de 85% dos cidadãos belorizontinos.

Eleito deputado federal em 2002 com a maior votação da história de Minas Gerais, Patrus Ananias atendeu à convocação do presidente Lula e desde 2004 é Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Não é possível sobrevalorizar o papel do ministro Patrus Ananias no grande processo de desenvolvimento e inclusão social patrocinado pelo governo Lula.

Coordenando o que é o maior programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, e levando adiante a implantação do Sistema Único da Assistência Social, o SUAS, o ministro Patrus Ananias é um dos protagonistas de um dos mais importantes momentos da história deste país, quando estamos alterando profundamente o significado do fenômeno Assistência, retirando-o da pequenez ilegítima do assistencialismo que vigorou durante tanto tempo, e da torpeza criminosa do clientelismo eleitoral, que tanto sustentou carreiras Brasil à fora. É por tudo isso que o ministro Patrus Ananias merece a Grã Cruz do Mérito Serigy.

NETÔNIO MACHADO

Ao homenagearmos o desembargador Netônio Machado, Aracaju rende homenagem à grande tradição jurídica do nosso Estado. Ao longo dos anos, Sergipe deu ao universo jurídico brasileiro alguns dos seus maiores nomes: grandes juristas, eminentes professores, teóricos do Direito, ministros dos vários Tribunais de Justiça. É essa tradição que se mantém viva e que faz com que o desembargador Netônio Machado, pela sua trajetória na seara do Direito, seja também um dos nossos agraciados de hoje.

Netônio Machado se formou bacharel em Ciências Jurídicas pela Universidade de Alagoas em 1966. Pós-graduado em Direito Processual Civil, o doutor Netônio Machado foi professor universitário, é membro do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional e presidente do Instituto Brasileiro de Estudos da Constituição.

Empossado como desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe em 2008, após figurar por três vezes consecutivas na lista de promoção por merecimento, Netônio Machado tem um grande currículo de trabalhos publicados nas mais prestigiosas publicações jurídicas brasileiras, como a Revista dos Tribunais, revista Judiciarium e a Revista de Direito Constitucional e Internacional.

O conjunto de sua obra impressiona pela variedade de áreas exploradas dentro do enorme universo que são as letras jurídicas. De investigações sobre os mais variados aspectos do processo judicial, como o prazo decadencial, passando por questões ligadas a crédito, à guarda de menores, aos juizados especiais, e questões de filosofia do Direito, como inovações no direito penal e discussões acerca da essencialidade teleológica da norma.

É a esse espírito de horizontes amplos e compromisso com o saber jurídico que  a cidade de Aracaju confere a Grã Cruz da Ordem do Mérito Serigy.

ROBERTO PORTO

Também desembargador é o nosso próximo homenageado, doutor Roberto Eugênio da Fonseca Porto. Formado em direito pela Universidade Federal de Sergipe em 1980, Roberto Porto desempenhou várias funções ligadas ao direito em nosso Estado. Foi integrante do quadro da Advocacia Geral do Estado de Sergipe. Foi assessor jurídico da Secretaria de Estado da justiça e Ação Social. Roberto Porto foi também Procurador Geral do Estado de Sergipe, e presidente da Associação de Procuradores do Estado de Sergipe. Como diretor da Escola Superior de Magistratura de Sergipe, Roberto Porto ajudou a transmitir às novas gerações os valores e compromissos da magistratura. São esses valores que o doutor Roberto Porto, desembargador desde 2000, coloca em prática como atual presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe.

Em todos esses momentos, Roberto Porto manteve o compromisso de um homem comprometido com a verdade e com a justiça. Um homem que não foge à luta da sua classe, sempre com um olhar remoçado e aberto ao novo, o doutor Roberto Porto orgulha o Judiciário sergipano, que sob sua orientação sabe que continuará a avançar no caminho da verdadeira justiça e do avanço social. E é por isso que nós o agraciamos, agora, com a Grã Cruz da Ordem do Mérito Serigy.

ANGELO ANTONIOLLI

Paulista de Itapeva, Angelo Roberto Antoniolli formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Vivendo em Aracaju desde 1994, o doutor Angelo Antoniolli implantou o Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais na área da dor e inflamação. Foi chefe do departamento de Fisiologia, vice-diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, um dos fundadores do curso de Mestrado em Farmácia e atualmente é vice-reitor da Universidade Federal de Sergipe.

Mas não é apenas como docente que o professor Angelo Antoniolli é reconhecido. Com diversos trabalhos na área de plantas medicinais publicadas importantes periódicos nacionais e internacionais, Angelo Antoniolli implantou a Farmácia Viva na Colônia Treze, em Lagarto, que tem como objetivo a criação de uma farmácia de manipulação de plantas medicinais utilizadas pelos habitantes daquela grande cidade.

Como pesquisador, docente e membro ativo da comunidade acadêmica, como exemplo de respeito à sabedoria popular e à transformação dela em ciência, o doutor Angelo  Antoniolli tem se notabilizado pela luta por uma Universidade cada vez melhor. E por isso, a cidade de Aracaju lhe confere o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito Serigy.

BYRON RAMOS

Também na área das ciências da saúde se notabilizou o grande pediatra Byron Emanuel de Oliveira Ramos. Sergipano de Riachão do Dantas, o doutor Byron formou-se em medicina pela UFS, em 1969. Especializando em pediatria, Byron exerceu inúmeros cargos no exercício da melhoria da saúde pública em Aracaju: coordenador do Programa de Saúde na Escola, junto ao Programa Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju; coordenador do Programa para Inclusão de Crianças e Adolescentes com Deficiência, também na Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, em parceria com o Centro de Referência em educação Especial do Estado de Sergipe; membro do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência

A vocação para o magistério é tão forte que hoje, professor voluntário de Pediatria na UFS, por onde já se aposentou, o doutor e professor Byron Ramos continua transmitindo às novas gerações o conhecimento necessário para a formação de novos pediatras. Seu trabalho incansável, sua dedicação extrema à medicina, sobretudo à infância, faz de Dr. Byron uma espécie de anjo da guarda das nossas crianças, um homem que colocou a profissão na dimensão do sacerdócio e faz de sua existência uma verdadeira liturgia da fé na vida. E é em reconhecimento a essa dedicação, a esse zelo extremado, a essa vocação inconteste de amor ao próximo e à nossa cidade que Aracaju se refestela em trazer-lhe, Dr. Byron, para esta Ordem do Mérito Serigy na categoria de Grande Oficial.

EDUARDO GARCIA

Médico formado pela Universidade Federal de Sergipe, e doutor em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo feito seu pós-doutorado no Instituto Venezuelano de Investigações Científicas, Eduardo Garcia foi reitor da Universidade Federal de Sergipe em um momento especial da história da educação no Brasil e do próprio país: a redemocratização.

Primeiro reitor eleito diretamente por estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da UFS, Eduardo Garcia soube como ninguém incorporar os sentimentos de uma geração de universitários que fazia da Universidade um campo de resistência e luta pela democracia, pela qualidade do ensino e por um país melhor. Na verdade, uma escola de cidadania que encontrou no seu reitor um homem talhado para fazer a delicada transição que o país apenas começava.

Eduardo Garcia é um homem de ciência que não se enclausura na técnica e expande o pensamento para dar vazão à emoção da vida. Por isso, ele é membro da Academia Sergipana de Letras, da Academia Sergipana de Medicina, da Academia de Ciências de Nova York, professor dos mestrados em Ciências da Saúde, Fisiologia e Cardiologia e do doutorado em Cardiologia da UFS, e entre tantos outros títulos, Eduardo Garcia também é escritor e poeta.

O talento e a criatividade de Eduardo Garcia se manifestam em direções diferentes e complementares. É o autor do livro-texto para o curso de medicina "Biofísica", e também do livro de poesias "Fresta", além de "Criador e Criatura". Esse talento e essa variedade de interesses talvez ajudem a entender este homem que é ao mesmo tempo um cientista e um humanista na mais pura tradição iluminista.

Eduardo Garcia foi uma de minhas grandes inspirações na Universidade, quando eu cursava Medicina, e foi quem despertou em mim o desejo pela pesquisa científica em medicina. O seu exemplo de disciplina e dedicação inspirou em mim o desejo de seguir na pesquisa científica. A vida, no entanto, me levou em direção diferente. Mas tenho certeza de que Eduardo Garcia viveu o mesmo dilema que eu vivi num certo momento, quando a vida pôs numa mesma encruzilhada a Ciência e a Política. Sei que a tradição política da qual ele é herdeiro o fez vacilar. E se a política perdeu um homem honrado, decente, sério e nobre, a Ciência ganhou definitivamente um cientista. É com orgulho, professor Eduardo Garcia, que hoje, em nome da cidade de Aracaju, na qualidade de prefeito dessa capital, eu lhe confiro o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito Serigy.

VALDINALDO

E como estamos falando de ciência, como estamos no âmbito da medicina, quero falar de outro homenageado que também é médico. É também com muita honra que trazemos para a Ordem Serigy, na qualidade de Grande Oficial, o doutor Valdinaldo Aragão de Melo.

Médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Sergipe em 1976, Mestre e Doutor em Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Valdinaldo fez estágios no Memorial Cancer Center Hospital de Nova York e o no Lichstenstein Institute de Los Angeles. É professor do Departamento de Medicina da UFS desde 1997, professor orientador do Mestrado e Doutorado do Núcleo de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFS. Foi chefe do Departamento de Medicina e do Colegiado de Medicina. É o atual diretor de Saúde do Hospital Universitário da UFS, e tem dezenas de trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais e participação em vários livros.

Com sua capacidade, o doutor Valdinaldo Melo é um daqueles exemplos inequívocos da tenacidade, da perseverança e do talento da nossa gente. É um orgulho para a medicina sergipana e para todos os que vivem nessa cidade. Por isso mesmo, é a cidade que se engrandece com sua participação nessa Ordem do Mérito e se congratula com os expressivos serviços que o senhor tem prestado à nossa gente.

CARMELITA FONTES       

Ontem foi o abraço 
envolvendo o mundo largo
em nossa fome
E nos estreitamos tanto
Que explodiu o sol no nosso sangue.

Como já falamos tanto de Ciência, é hora de dar lugar também à extrema emoção, à sensibilidade pura e contagiante. E que bom fazê-lo com os versos da nossa próxima homenageada a quem muito me orgulho de conceder-lhe o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito Serigy, professora Carmelita Pinto Fontes.

Carmelita Fontes nasceu em Laranjeiras, e fez do magistério a sua profissão e a sua missão. Formada em Letras Neolatinas, foi professora de Língua Portuguesa e Estilística da Universidade Federal de Sergipe, membro do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Estadual de Educação. Foi diretora e editora da Revista da UFS. E fundadora da Academia Sergipana de Jovens Escritores, uma entidade que encaminhou no caminho da literatura dezenas de jovens que, pela sua mão, conheceram o caminho das letras. A professora Carmelita sempre pareceu mesmo vocacionada a iluminar caminhos, a fazer luzes no obscuro das mentes, a tornar tangível, pela emoção, aquilo que só o espírito é capaz de sentir.

Entre as suas obras, então "Baladas do Inútil Silêncio" e "Verde Outono", com Núbia Marques e Giselda Morais, "Lição de Beleza", "Lição de Sabedoria", "O Dia da Música", "Clara Imortalidade" e "Lição de Amor".

Carmelita Fontes é também autora de quase 20 peças de teatro infantil, entre as quais "E Uma Estrela Apareceu", "O Lenho e a Espiga", "As Uvas" e "E as Sementes cantaram hinos".

Membro da cadeira 38 da Academia Sergipana de Letras, Carmelita Fontes é nome que não se desfigurará com o passar dos anos, pelo contrário, a ampulheta que mede o seu prestígio é às avessas, pois segue de mãos dadas com o tempo e a história dessa cidade. É como ela diz:

todos plantaram as vozes sobre pedras
e têm fome
 
todos vão juntos e a estrada não dirá
aonde vão

e o poeta
andando.

É esse caminhar que estamos homenageando aqui, hoje. E desculpem o egoísmo de um homem que ama esta cidade e que fica feliz com tudo o que lhe engrandece, mas é um enorme orgulho para mim, professora Carmelita, saber que a partir de hoje a senhora é Grande Oficial da Ordem Serigy.

EUZA MISSANO

A promotora Euza Maria Gentil Missano Costa é uma dessas mulheres que honram o gênero e se pronunciam com altivez da capacidade, do talento e da força da mulher brasileira. Sua atuação no cenário jurídico de Sergipe tem essa marca.

Professora da Escola Superior do Ministério Público, Escola Superior da Advocacia e da Escola Superior da Magistratura, foi na defesa dos direitos do consumidor que Euza Missano se destacou. Sua atuação como Promotora de Justiça de Defesa do Consumidor levou alento a centenas de cidadãos que tiveram nela e na Instituição que representa um lampejo de Justiça e uma possibilidade real de garantia dos seus direitos.

Integrante de uma geração de profissionais do direito que se formarame cresceram sob a égide das conquistas que a Constituição cidadã do país assegurou, a doutora Euza Mizano representa o perfil do profissional honesto, sério, que se move pelo compromisso com a Justiça através do Direito. Portanto, é com uma imensa satisfação que a cidade de Aracaju lhe confere a comenda da Ordem do Mérito Serigy, Dra. Euza.

RAIMUNDO JULIANO

Raimundo Juliano faz parte dessa estirpe de empreendedores sergipanos que com o seu esforço e o suor do seu rosto conquistaram Sergipe, o Brasil e o mundo. Raimundo Juliano inscreve o seu nome em um rol povoado por pessoas como Mamede e João Carlos Paes Mendonça, como Gentil Barbosa e Oviêdo Teixeira.

Nascido em Estância, Raimundo Juliano começou a trabalhar aos oito anos de idade, engraxando sapatos e vendendo revistas e jornais. Deu seus primeiros passos como empreendedor ao comprar o Bar Central, em sua cidade natal, e instalando ali uma torrefação de café. Em 1964, criou a Distribuidora Antarctica Zona Sul, que viria a dar origem a uma das maiores distribuidoras de bebidas do Estado, a DISBERJ. Raimundo Juliano criou ainda a FASOUTO, atacadista de alimentos e bebidas, e diversificou ainda mais suas atividades com outras empresas, como A Elétrica Souto Teles e a DISCAR, concessionária Volkswagen. Suas empresas hoje geram mais de 600 empregos diretos.

Ao conferir a Raimundo Juliano a Medalha do Mérito Serigy no grau de Comendador, a cidade de Aracaju homenageia o espírito empreendedor dos aracajuanos e de todos os sergipanos, homenageia o trabalho e a vocação comercial dos grandes homens da nossa terra.

VALMOR BEZERRA

Também agraciado com o título de Comendador da Ordem do Mérito Serigy Outro homenageado nesta tarde está Valmor Barbosa Bezerra.

Engenheiro Civil formado pela UFS e ex-professor universitário, Valmor Bezerra pertence ao quadro da Prefeitura de Aracaju desde 1986, ocupando cargos estratégicos em várias administrações e coordenando equipes responsáveis pelo planejamento das obras da cidade.

Em 2006, Valmor assumiu a presidência da EMURB, implementando uma nova dinâmica nas obras e nos serviços prestados pela empresa.

Hoje, Valmor enfrenta um novo desafio: aceitou o convite do governador Marcelo Déda para assumir a Secretaria de Estados da Infra-Estrutura. Não é um desafio qualquer: trata-se de levar a todo o Estado a qualidade nas obras públicas que fizeram a marca da administração de Marcelo Déda e, agora, da nossa administração.

Juntos, Valmor, nós trabalhamos muito por esta cidade. E é com orgulho que vejo que, graças ao seu trabalho, à sua capacidade inequívoca e ao seu compromisso com esta cidade, você foi convocado para realizar em todo o Estado as obras que já começam a mudar a face do interior do estado, dando prosseguimento ao grande processo de mudanças que o governador Marcelo Déda vem realizando em nosso Estado.

CARLOS MAGALHÃES

Nosso próximo homenageado é odontólogo e sanitarista. Às vezes é difícil lembrar disso, porque estamos tão acostumados à sua voz no rádio, já há tantos anos, que esquecemos que ele, Carlos Magalhães, o Magá, não é somente um dos maiores comunicadores da história do rádio sergipano e um dos seus maiores ícones, mas tem também um longo currículo de serviços prestados aos aracajuanos e aos sergipanos.

Secretário de Saúde e Serviço Social de Aracaju em três administrações, Presidente da EMSETUR durante três governos estaduais, Secretário Estadual de Comunicação Social durante dois governos e deputado federal pelo PDS de Sergipe, entre muitos outros cargos, Carlos Magalhães é uma daquelas pessoas que desempenharam posições importantes na evolução política e social do nosso Estado e por isso mesmo tem seu  nome inextricavelmente inscritos na história sergipana.

Na vida pública ou no rádio, a trajetória de Carlos Magalhães tem sido marcada pela coerência e pela paixão pela saúde pública e pelo esporte, sempre com um olhar ponderado em relação ao exercício da crítica e um grande compromisso com a nossa gente. É essa coerência que engrandece a Ordem do Mérito Serigy, da qual Carlos Magalhães é agora Oficial.

GERALDO RESENDE FILHO

O nosso próximo homenageado é um advogado que está escrevendo uma nova página na atividade advocatícia do nosso Estado.  Formado pela Universidade Federal de Sergipe em 1990, Geraldo Resende Filho foi integrante do escritório Flamarion D'Ávila Fontes Advocacia, atuando na área de direito trabalhista e cível. É fundador de um dos maiores e mais prestigiados escritórios de advocacia de Sergipe o RR Advocacia.

Não podia ser diferente. Desde os tempos de Universidade, quando cursava Direito, Gegeo, como é conhecido pelos amigos, sempre demonstrou extrema capacidade e familiaridade com o mundo jurídico. Irrequieto, Geraldo Resende atuou no movimento estudantil, havendo contribuído para a formação do Centro Acadêmico de Direito Silvio Romero. Hoje, seu escritório é abrigo para grandes causas e seu nome figura entre as novas forças que o Direito sergipano põe em movimento, honrando uma tradição rica e profícua.

É com orgulho que a cidade de Aracaju concede a este jovem advogado o grau de Oficial de sua Ordem do Mérito Serigy e o traz para uma constelação de homenageados que fazem parte da vida e da história de nossa capital.

JOZAILTO LIMA

Também homenageado com o grau de Oficial é o jornalista Jozailto Lima.

Estado generoso que é e nunca satisfeito em ter gente capaz em seu seio, Sergipe fez questão de importar esse talento que é o jornalista Jozailto Lima. Nascido em Várzea do Poço, na Bahia, formou-se em jornalismo aqui em Aracaju.  Trabalhou na sucursal da Tribuna da Bahia e no Jornal de Sergipe, de Nazário Pimentel, e desde 1993 atua no Cinform, onde foi repórter, editor geral e hoje é diretor de jornalismo, além de assinar a coluna Cinformando.

Jozailto também é escritor de talento, havendo ganho o prêmio Godofredo Diniz de Poesia, com poemas que mais tarde dariam origem ao seu primeiro livro, "A Flor de Bronze e Outros Poemas de Mediamor". Vencedor duas vezes do Prêmio Santo Souza, publicou ainda os livros "Plenespanto" e "Retrato Diverso".

Jornalista de palavra cortante e crítica afiada, Jozailto é leitura obrigatória para todos os políticos. Sua capacidade de reflexão sobre a política e os variados temas da sociedade faz de sua pena uma voz tonitruante na condenação das mazelas sociais. É o nosso "enfant terrible" das segundas-feiras. Homem que consegue reunir a frieza da objetividade que o jornalismo exige com a calidez da palavra poética. Vejam só estes versos do poema De Rigor e Prumo, de livro Retrato Diverso, de 2004.

Meu avô não cantava.
Fazia cercas
E a cada grampo cravejado
E a cada fio estendido e fixado
Sentia-se um regente
E seu cercado
Um concerto bem farpado.
Meu avô não cantava
Mas cercava bem o que fazia,
E a cerca era sua exata sinfonia.

Jozailto é um desses sergipanos de coração que, como ele mesmo diz, não sai daqui "nem tangido a cipó de aroeira". E pela sua importância no cenário político, pela sua visão do jornalismo com uma fronteira de prestação de serviço à sociedade, e também pelo seu orgulho em ser sergipano, a Prefeitura de Aracaju concede a Jozailto Lima o grau de Oficial da Ordem do Mérito Serigy.

ISMAEL PEREIRA DE AZEVEDO

É difícil encontrar um sergipano que não conheça as telas pintadas por nosso outro homenageado, Ismael Pereira de Azevedo.

Um dos maiores expoentes do neo-regionalismo nordestino, o artista plástico Ismael abrilhanta as artes plásticas na medida em que consegue converter em linguagem plástica inteligível universalmente, e com clara feição contemporânea, os elementos típicos de nossa região. É essa transmutação do regional que faz da arte de Ismael algo universal.

Ismael Pereira realizou exposições em boa parte do Brasil e na Cidade do México. Suas obras ganharam o mundo e hoje estão expostas em diversos países. Ismael é um artista realizado e consagrado, membro da Casa do Poeta de Sergipe, da Associação Alagoana de Imprensa e da Associação Internacional de Artes Plásticas, com sede em Paris. E a Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa é

Seu trabalho, e sua arte, elevam Sergipe ao patamar que lhe é de direito. Por isso Aracaju tem a alegria de conferir-lhe o grau de Oficial da Ordem do Mérito Serigy. 

ANTONIO ROCHA

O nosso próximo homenageado, agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem do Mérito Serigy, talvez não ande nas páginas dos jornais e não seja conhecido de muitos. Mas Antonio Silva Rocha é uma daquelas peças fundamentais para o funcionamento da grande máquina administrativa que é a Prefeitura de Aracaju. Já há alguns anos, temos feito questão de trazer para a Ordem Serigy, servidores da Casa que são exemplos de dedicação, de compromisso, de capacidade técnica e de amor à cidade. É o caso de Antônio Rocha.

São pessoas como Antonio Rocha que, no anonimato de suas funções, ajudam a mover a grande engrenagem da cidade. Em cada serviço que a Prefeitura presta, cada obra que edifica, cada ação que desenvolve, tem um pouco do trabalho desse homem que ajuda a tornar Aracaju a capital brasileira da qualidade de vida. Seu trabalho tem valor inestimável, assim como o de todos os outros servidores. E é por isso que nós rendemos essa homenagem a Antônio Rocha, concedendo-lhe o grau de Cavaleiro da Ordem Serigy.

DURVAL

Nascido no povoado Queimada Grande, em Graccho Cardoso, Durval José de Santana é uma daquelas pessoas que deram o melhor de si para tornar nossa cidade um lugar melhor para todos.

Durval foi militante do Partido Comunista do Brasil e preso político pela ditadura militar.  Durval é parte da história de Aracaju. Uma história que foi construída à base de luta,  de sonhos e de trabalho. A história de nossa cidade é também a história de pessoas como Durval, que acreditaram no sonho de uma sociedade mais justa e igualitária e lutaram por ele, muitas vezes à custa de seu próprio conforto e segurança. Isso tudo quando era proibido, sequer, pensar em liberdade. E como também tem se tornado uma tradição entre nós, a reverência aqueles que lutaram pela igualdade, nós fazemos questão de trazer o nome de Durval para que as novas gerações conheçam o homem que sonhou liberdade e boa parte entregou parte de sua vida à causa dos oprimidos.

Mas, Durval também se torna parte da história de nossa cidade em um sentido completamente diverso: foi um dos primeiros moradores do bairro Santos Dumont, onde reside há mais de 50 anos. Ele é o retrato de uma cidade que nunca se contentou com seus limites e, até hoje, conquista novas fronteiras. Em homenagem à sua luta e ao seu papel na definição da feição urbana de Aracaju, a cidade lhe outorga o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Serigy.

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Vejam, minhas senhoras e meus senhores,  que conjunto formidável de personalidades nossa cidade consegue reunir nessa tarde e veja que alegria poder saber que esses homens e mulheres deixaram na nossa capital a marca dos seus talentos e do seu trabalho. Como é bom ser prefeito de uma cidade que conta com personagens tão brilhantes!

Mas, a nossa cidade, senhoras e senhores, vai mais adiante nesse rito de homenagens. Além da Ordem do Mérito Serigy, hoje a Prefeitura de Aracaju concede também a Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa.

A cultura é um patrimônio difuso, intangível, mas de certa forma talvez mais concreto do que muitas das obras que realizamos. Antes de tudo, é a nossa cultura que nos faz sermos quem somos. É o conjunto de todos os aracajuanos, seu modo de pensar, seu falar, a maneira como encaramos a vida e os desafios que ela nos apresenta. É a força da nossa cultura que nos faz vivos.

Acima de tudo, a nossa cultura é a maneira como, com o nosso olhar e o nosso jeito de ser, nós transformamos o real em algo diferente, em algo mais ainda mais belo.

É essa capacidade criadora e transformadora da nossa gente que a Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa busca homenagear. É um reconhecimento à nossa arte e ao nosso engenho do nosso povo. O reconhecimento do trabalho de pessoas que com o seu talento, com a sua criatividade, reescrevem a realidade nas mais variadas áreas: na música, na literatura, nas artes plásticas, no teatro e no cinema.

HENRIQUE TELES

Um desses transformadores é Henrique Teles.

Henrique é um dos protagonistas de um dos momentos mais importantes de renovação da música sergipana das últimas. Através de Henrique e de sua banda Maria Scombona, o nome de Sergipe ganha o país como sinônimo de modernidade e de respeito às suas raízes. Como um lugar - um paese, como dizem os italianos - que a partir do respeito às suas tradições criam o novo.

Henrique Teles e o Maria Scombona ganharam o mundo por causa de sua qualidade musical e pela força da cultura sergipana que jaz na base de sua música. Essa cultura vibrante, que consegue aliar Jackson do Pandeiro a Jimi Hendrix, reflete a encruzilhada cultural de nosso tempo, sim, mas também mostra que a cultura sergipana é capaz de evoluir e avançar.

ISABEL

A cidade de Aracaju também se orgulha de poder, neste dia, homenagear a um nome do teatro sergipano que tem, ao longo dos anos, demonstrado seu valor e sua capacidade. Uma mulher que com um talento invulgar, já nos fez rir, nos fez chorar, nos fez desdobrar-nos em sonoras gargalhadas. Isso tudo porque é uma atriz cujo modo de atuar mistura graça, leveza, densidade e uma incorporação tão delicada dos seus personagens, que os deixa livres para serem eles mesmos ainda que no corpo de uma atriz. Eu estou falando de Maria Isabel dos Santos.

Nascida na Barra dos Coqueiros, Isabel se formou em história pela Universidade Federal de Sergipe e pós-graduou-se em Arte e Educação pela Faculdade São Luís de França. Atualmente, atua como produtora de programas educativos na TV Aperipê e é professora dos projetos Nosso Palco é Nossa Rua e é também coordenadora do Projeto Mané Preto. Sua carreira, no entanto, não se limita a Aracaju. Em 1988 foi convidada para atuar em um especial da rede Globo de Televisão, no Rio de Janeiro, e além disso, juntamente com o grupo Imbuaça, Isabel contracenou com a atriz Marília Pêra no espetáculo "Além da Linha D'Água".

Mas é mesmo no Imbuaça que a gente se acostumou a ver o talento e a arte dessa aracajuana de coração, nas ruas da cidade. Isabel é membro do Imbuaça desde 1980. Já atuou em mais de 20 montagens teatrais, e participou de diversos festivais em Portugal, no México e em Cuba.

Da menina que estreou no teatro Juca Barreto, encenando "A bolsinha mágica de Marli Emboaba"  nasceu uma atriz de vigor, de comprometimento com o teatro sergipano. Uma atriz que esbanja um talento que ela generosamente distribui pela cidade, em praças, logradouros, portas de fábricas e escolas, e na rua onde é o seu verdadeiro palco.  Estava mais do que na hora, Isabel, de Aracaju lhe conferir a Medalha do Mérito Cultura Ignácio Barbosa.

PEDRINHO DO BURUNDANGA

Pedro Jorge Mendonça começou a tocar profissionalmente aos 17 anos. Foi aluno do Conservatório de Música de Sergipe, e fez cursos com Naná Vasconcelos, Pinduca, Marcos Suzano e Hermeto Pascoal, entre outros. Fez parte da Orquestra Sinfônica de Sergipe e tocou com vários artistas em shows e gravações.

Pedrinho tem realizado uma extensa pesquisa dos ritmos do folclore sergipano, notável pela sua seriedade e pelo seu compromisso. Hoje, Pedrinho é professor do Conservatório de Música de Sergipe, realiza uma série de projetos sociais de educação pela música e dedica-se à direção dos grupos Membrana, Burundanga e Banda de Pífano.

Que maravilha é ver o Burundanga na avenida, levando atrás de si todos aqueles que gostam do espírito do carnaval e da música. O Burundanga, com seu ritmo marcado, representa o espírito de festa do aracajuano, a vontade de participar, de fazer música e alegria. E por trazer alegria e música para os ouvidos dos aracajuanos, Pedro Jorge Mendonça é agraciado com a Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa.

VIEIRA NETO

Também homenageado hoje está um dos decanos do teatro e da cultura sergipanas. Vieira Neto é uma prova viva de que o talento sergipano explode nas mais variadas direções, sempre com brilho próprio.

Nascido em Estância, desde a pré-adolescência Vieira Neto escrevia contos e poesias para os jornais locais, além de fazer teatro amador no Cine-Teatro Gonçalo Prado e no Circo Talismã. Ainda adolescente, veio para Aracaju, trabalhar na rádio Difusora,, e ingressou na Companhia de Teatro de Otto Cornélio.

Antes mesmo de completar 18 anos, Vieira Neto decidiu estudar teatro e trabalhar em algum jornal ou revista no Rio de Janeiro. Fez vestibular para a Faculdade de Teatro da Fundação Brasileira de Teatro, tendo como professores Adolfo Celi e Bibi Ferreira, entre outros. Ao mesmo tempo em que trabalhava no jornal Tribuna da Imprensa, depois de concluir mestrado e doutorado em artes cênicas trabalhou como ator na Companhia de Teatro de Eva Todor e nas TVs Excelsior, Continental e Globo.

Do Rio Vieira Neto foi para Salvador, onde trabalhou no jornal A Tarde e participou da Companhia Bahiana de Comédias, fundando depois sua própria produtora, Vieira Neto Produções, com a qual realizou diversos espetáculos para adultos e crianças. Uma dessas peças, "Senhoritas", foi proibida pela censura durante a ditadura militar e todos os atores foram presos.

Libertado, Vieira Neto foi para Porto Alegre, onde trabalhou como crítico de teatro no Correi do Povo e no Teatro Arena da cidade. De volta ao Rio, Vieira Neto engajou-se no Centro Popular de Cultura, o CPC da UNE, o que levou a mais perseguições e prisões.

Vieira Neto ainda voltou para a Bahia, onde participou de alguns filmes como "Assalto ao Trem Pagador" de Roberto Santos e finalmente voltou a Aracaju, onde continuou a fazer teatro como ator e diretor. Fundou com Walmir Sandes o grupo Opinião de Espetáculo, ao mesmo tempo em que escrevia sobre arte e cultura para o recém-criado Jornal da Cidade.

Sempre inquieto, Vieira Neto já escreveu 16 livros, e assina uma página de cultura no Jornal do Dia. Esse espírito inquieto e contestador, multifacetado, é mais que merecedor da Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa.

JOSA

Nosso último homenageado dispensa apresentação. Mas seu o chamar de José Gregório Ribeiro poucos saberão de quem eu estarei falando. Se eu cantarolar esses versos, alguns já terão uma idéia de quem se trata: "Foi na sombra da Jaqueira..."

Pois é, seu nome é José Gregório Ribeiro, mas todos nós aprendemos a conhecer-lhe como ele ficou famoso no país, Josa, o vaqueiro do sertão. E os versos são de uma de suas mais belas composições. "Na sombra da Jaqueira". Aliás, uma das canções mais bonitas da música brasileira.

E Josa é um monumento da música brasileira e sergipana. Filho de um vaqueiro, nasceu no dia 12 de março de 1929, em Simão Dias. Foi para o sudeste e aprendeu a tocar na cavalaria do Rio de Janeiro, pediu dispensa, comprou sua primeira sanfona e voltou pra sua região. Em Aracaju, passou a se apresentar um programa na Antiga Rádio Difusora, e foi em 1965, através da rádio, que Josa foi descoberto por Luiz Gonzaga. O rei o ajudou a gravar seu primeiro disco, um compacto com duas músicas: "No pátio da fazenda" e "Há boi no mourão", em Recife - PE e o levou para uma turnê pelo nordeste do País.

Em 1968, quando o forró começou a descambar para outros caminhos, esse vaqueiro decidiu não gravar novos discos, pois não cantaria músicas de duplo sentido. A partir de então, passou a se apresentar em touradas, vaquejadas e circos de diversos tamanhos nos estados de Alagoas, Bahia e Sergipe.

Aos 80 anos, pai de 9 filhos, esse sanfoneiro, forrozeiro, parceiro de gente boa como o próprio Luiz Gonzaga, Clemilda e Erivaldo de Carira, é autor de sucessos que tem o tom da nossa gente, e o vigor do que a nossa gente carrega no sangue.   É uma herança que se perpetua em sua filha, Joseane, e que mostra que a música de raiz sergipana é maior que todos nós.

Na contracapa de seu LP Josa - O vaqueiro do serão, está escrito:  "A verdade é filha do tempo e não da autoridade" . Foi o tempo, Josa, quem tornou evidente para todos nós o seu talento e a grandeza de sua arte. E é por isso que Aracaju faz gosto em reconhecer o seu merecimento para receber esta insigne Medalha do Mérito Cultural Ignácio Barbosa.

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Minhas senhoras e meus senhores,

Ao entregar essas comendas, homenageando o seu povo e aqueles que fazem desta cidade o que ela é, Aracaju mostra mais uma vez que vive um momento único em sua história.

Nesses 154 anos, nossa cidade cresceu, se desenvolveu. A cada dia se torna mais bonita, mais acolhedora. A cada dia, abre os braços para mais e mais pessoas; nascidas aqui ou que simplesmente escolheram morar nesta cidade que pouco a pouco se torna conhecida em todo o país como a capital da qualidade de vida.

Todos nós temos assistido ao espetáculo dramático que tem sido essa crise econômica mundial, que tem arrastado economias à falência, que tem dizimado setores importantes da atividade produtiva, que esfumaçou o mito exclusivo dos mercados livres, que, lamentavelmente, já tem deixado milhões de desempregados pelo mundo à fora, causando dor e sofrimento a milhões de famílias que hoje sobrevivem da incerteza do futuro. Há medo no horizonte do mundo.

Não foi o Brasil que criou a crise, todos sabemos, mas como é inevitável num mundo globalizado, nós também já começamos a sentir sua incômoda mão sobre nossos dias. Os municípios brasileiros, principalmente, sentem de perto esse cenário, com a redução brusca e crescente dos repasses federais, que desorganizam as receitas das cidades e aconselham cautela e responsabilidade.

E é assim que temos agido, com cautela e responsabilidade. Não sou homem de embarcar em aventuras, sobretudo quando tenho nas mãos, conferida pelos aracajuanos, a responsabilidade de governar a cidade para todos, de ser o prefeito de todos. Se o tempo é de austeridade, é assim que precisamos nos conduzir.

As corporações são fenômenos essenciais, pois agregam segmentos importantes da sociedade, que ajudam a conduzir a vida produtiva e os serviços em nossa cidade. Mas as corporações não podem sobrepujar o conjunto da sociedade, pois é a essa sociedade que tais corporações, sobretudo as públicas, têm a obrigação de servir.

O meu compromisso, portanto, é com os 520 mil aracajuanos que vivem nessa cidade. Minha responsabilidade é de manter a cidade funcionando igual ou melhor do que já funciona. Meu compromisso é de não parar um só serviço, pelo contrário, nossa meta é ampliar o que já ofertamos. Meu compromisso é de manter intacto o quadro de servidores municipais, sem que nenhum pai ou mãe de família tenha que ser demitido ou afastado da vida produtiva. Meu compromisso é o de continuar trabalhando para vencer os desafios e manter o padrão de qualidade de vida que nossos cidadãos merecem.

Gostaria muito que todos entendessem que esse é um desafio coletivo. Uma responsabilidade de todos: do prefeito, da sociedade, das categorias, das organizações, das instituições como um todo.

Nessa seara ainda de incertezas, tenho certeza, que vamos poder continuar contando com a colaboração e a parceria do presidente Lula. Apesar do entristecedor cenário que emoldura o mundo, é uma alegrai saber que o Brasil, felizmente, não está na condição dos Estados Unidos e de muitos países da Europa, que estão no olho do furacão econômico, vendo suas riquezas se desintegrar do dia para a noite. E se isso não acontece, meus amigos, é porque no comando deste país está um homem, que contrariando todas as expectativas, conduziu o Brasil de modo a prepará-lo para enfrentar cenários mais adversos, como o que agora presenciamos.

Se essa crise não tem sido tão grave como em países mais desenvolvidos, isso não se deve à sorte. Se deve ao trabalho realizado pelo presidente Lula na condução da economia, no fortalecimento do mercado interno a partir de iniciativas como a política social ousada e democrática. Não há exemplo maior das diferenças entre o projeto político abraçado pelo presidente Lula e aquele que regeu este país durante tanto tempo, e ainda guia - se é que "guia" é a palavra - o resto do mundo.

O resultado dessa diferença ficou bem claro na reunião do G20 em Londres, no início deste mês. Todos vimos a posição do presidente Lula. Acostumados ao tratamento de  Terceiro Mundo, ao papel de país com grande potencial mas sem importância, pudemos ver o Brasil sendo tratado como igual pelas maiores superpotências do planeta. Não por uma deferência especial deles: mas porque esse é um lugar que conquistamos a partir do governo do presidente Lula.

Se precisávamos do respaldo internacional para entender a grandeza das mudanças que estamos vivendo neste país, agora não precisamos mais. Não somos mais o eterno país do futuro, o "gigante adormecido" que tantos cantaram com um uma ponta de esperança ou, às vezes, um laivo de desdém. A hora do Brasil é agora. E a hora do Brasil é a hora de Aracaju e a hora de Sergipe.

Nossa cidade acredita neste projeto de Brasil desde 2001, quando Marcelo Déda assumiu a Prefeitura de Aracaju e iniciamos o escopo de um novo projeto político que o tempo e a história estavam a reclamar das nossas gerações. Um projeto que mudou a face da cidade, mas sobretudo, mudou a mentalidade do exercício do poder, quebrou paradigmas, oxigenou as instituições, inverteu prioridades e fez da ética a bússola de sua condução.

É uma alegria saber que este projeto político começou e se consolidou nessa bela cidade de Aracaju. Que despontou em 2002 no governo federal, quando pôs em ação novas forças políticas e iniciou o processo de renovação no país e que, há pouco mais de dois anos, começou a se estender por todo o Estado de Sergipe. Alguns ainda não percebem a grandeza e vastidão das mudanças que se operam em nosso Estado, outros se esforçam desmesuradamente para não ver, mas o que o povo sergipano, com sua sabedoria nata vai compreendendo, dia a dia, é que Sergipe já iniciou sua nova história. É isso que o tempo e história mostrarão.

No que depender desta cidade, tenho certeza, que assim como no passado, Aracaju, que sempre foi timoneira do progresso e do avanço, continuará exercendo o seu papel de linha de frente na luta para que Sergipe e o Brasil continuem avançando, continuem trilhando o caminho do desenvolvimento, do trabalho sério e responsável, da ética e da cidadania. 

São esses os compromissos que quero reafirmar diante da cidade e diante de todos vocês homenageados neste dia. Vocês que são parte inseparável da história dessa cidade, vocês que são construtores dessa cidade. Nossa vocação é progresso e o futuro.

Viva Aracaju!

Muito obrigado, e fiquem com Deus."