Creas Viver Legal muda a vida de adolescentes em conflito com a lei

Assistência Social e Cidadania
15/02/2011 09h19

Recinto acolhedor, equipe coesa e focada em uma missão: atender e acompanhar adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, através do Regime de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), sob a tutela da 17ª Vara da Infância e Juventude, para reinseri-los novamente no meio social. É isso que norteia as ações desenvolvidas há cerca de cinco anos pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) Viver Legal, instituição vinculada à Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc).

Localizado no bairro Castelo Branco, o Creas hoje conta com uma equipe técnica composta por três assistentes sociais, três psicólogos, dois educadores e uma coordenadora. Lá são realizadas atividades como oficinas de música, recreação e momentos de lazer, palestras e debates, aulas de informática e cursos profissionalizantes. Para a coordenadora do Creas, Vilma Teixeira Bastos, o objetivo de proporcionar novas chances aos adolescentes torna o trabalho da equipe essencial.

"Nesses cinco anos de serviços no Creas, nós já acolhemos mais de 600 jovens. Nossa proposta é que eles possam criar autonomia e vislumbrar novas oportunidades. E essa busca torna o nosso trabalho ainda mais coletivo. Nós temos tido vários avanços com relação a alguns jovens e algumas famílias. Muitos que estavam em situação de risco conseguiram, depois do Creas, ingressar no mercado de trabalho", afirma a coordenadora do Creas.

Mudança

S.S. tem 16 anos de idade. Ele conta que sua vida mudou a partir do cumprimento de medida socioeducativa no Creas. "Depois do Creas a minha vida mudou bastante coisa. Aqui me sinto bem acolhido e gosto bastante da equipe", diz o adolescente, em tom de agradecimento.

Aos 19 e também em cumprimento de medida secioeducativa, D.F. afirma estar feliz com a mudança e com o apoio da equipe. "Aqui no Creas eu me sinto bem feliz quando estou com os assistentes, pois são todos legais. Agora tudo mudou para melhor porque eles nos aconselham, nos ajudam a arranjar trabalho e a voltar a estudar", festeja.

De acordo com o assistente social do Creas, Antônio Marcos Lima, as atividades são realizadas a partir do que é previamente diagnosticado nos jovens atendidos. "Nosso trabalho é feito a partir do que eles mostram, para depois trabalharmos com uma linguagem apropriada ao que eles vivem. E fazemos isso da forma mais suave possível, para poder inseri-los no mercado de trabalho", explica.

A psicóloga do Creas, Lidiane de Melo Drapala, destaca a importância da psicologia na reinserção dos jovens. "Aproveito o olhar da psicologia para trabalhar com a escuta, a observação, olhando tudo o que envolve a vida do adolescente para que eles consigam realizar as suas atividades cotidianas. Além disso, tentamos resgatar a humanidade dos adolescentes em conflito com a lei, que via de regra são mal tratados, mal vistos. Aqui, nós devolvemos o respeito a eles, para que não cometam novos atos infracionais", destacou.

Medidas Socioeducativas em Meio Aberto

Medidas Socioeducativas em Meio Aberto são mecanismos previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para casos em que adolescentes cometem atos infracionais de baixa e média gravidade. Essas medidas podem ser de prestação de serviços à comunidade ou liberdade assistida. Devem ser aplicadas pelo Juiz, e, em alguns casos específicos, pelo Ministério Público, levando em conta a natureza do ato infracional cometido, a história do adolescente e seu contexto familiar e comunitário.