Fórum marca os 10 anos da luta antimanicomial

Saúde
18/05/2011 18h41

Foi aberto na manhã desta quarta-feira, 18, o ‘Fórum em Defesa da Reforma Psiquiátrica - 10 Anos da Lei Federal 10.216'. O evento, realizado no auditório da Universidade Tiradentes, contou com a presença de representantes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de todo o Estado, técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), parentes e usuários do serviço.

A assistente técnica do Ministério da Saúde, Milena Pacheco, falou sobre os 10 anos da Lei no Brasil e destacou o modelo de atenção psicossocial oferecido na capital sergipana. "Aracaju é uma das cidades que expandiu bastante o serviço e serve como modelo para as outras regiões do país. Essa mobilização é muito importante para a gente não perder o viés, a diretriz da reforma psiquiátrica", afirma Milena Pacheco.

Segundo a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (Reap), Karina Cunha, Aracaju avançou muito na área de saúde mental nesses últimos 10 anos. "Nossa cidade é referência nacional em saúde mental. Hoje nós temos cobertura total nos serviços e dispomos de todos os equipamentos necessários para dar assistência a essa população. Os equipamentos são os seis Caps e as residências terapêuticas", pontua a coordenadora.

Ainda de acordo com Karina, a participação da família ajuda muito no tratamento. "A gente sabe que antigamente as pessoas eram colocadas nos hospitais e passavam anos ou até a vida toda no local, perdendo todo o vínculo familiar. Hoje não, a família está junto com os usuários, convivendo com el,es que é o que acreditamos ser mais importante", diz a coordenadora.

Avanços

A diretora de Atenção Psicossocial de Sergipe, Ana Raquel Santiago de Lima, explica que os avanços na área são visíveis em todo o Estado. Sergipe é hoje o 2° Estado de maior cobertura de Caps do Brasil, segundo indicador do Ministério da Saúde. "O primeiro Caps de Sergipe foi implantado em 2000, ou seja, antes da lei que foi aprovada  em 2001, depois de 12 anos de tramitação no Congresso Nacional", diz a diretora.

O Estado de Sergipe tem hoje 32 Caps implantados, com mais de 4 mil usuários sendo atendidos em todo o sistema. Para a diretora Ana Raquel, o grande desafio é fazer com que essas pessoas circulem e não fiquem isoladas. "A gente não pode conviver com pessoas morando há 2 ou 3 anos no hospital. Não podemos aceitar isso na psiquiatria", disse.

Consolidação

Para coordenador do Programa de Redução de Danos do Município, Wagner Mendonça, esse é um momento de consolidação das políticas de atenção psicossocial. "Estamos reunidos hoje com trabalhadores dos serviços, com a gestão, estudantes universitários, usuários, com familiares, então é um grande momento de inclusão. Nosso desafio agora é como tornar essa rede cada vez mais resolutiva para a população de Aracaju", afirma Wagner.

Já o oficineiro do Caps Liberdade, Aragão de Castela, explica que as atividades desenvolvidas nos Centros ajudam na reintegração dos usuários. "Trabalhamos para que o usuário tenha a autonomia de ir a um banco, à biblioteca, autonomia de participar de eventos como esse workshop, ir ao cinema. Isso faz com que eles se sintam fortalecidos e se sintam parte da sociedade", afirma Aragão.

Modelo

O vice-prefeito e secretário municipal de Saúde, Silvio Santos, participou da Mesa de Abertura e declarou que o evento é um modelo. "Nós, em Aracaju, temos a alegria de olhar essa trajetória e constatar o avanço do trabalho, a forma mais humanizada de tratamento, a socialização dos usuários, uma equipe comprometida e dedicada a essa tarefa. Esse é um trabalho muito bonito e acima de tudo, responsável", elogiou o secretário.