Crianças saem às ruas no Dia Z de mobilização contra o Aedes aegypti

Agência Aracaju de Notícias
19/02/2016 18h50

Na lateral da quadra de esportes da Escola Municipal Manoel Bonfim, localizada no bairro Bugio, em Aracaju, uma fila de crianças se formou e os olhos curiosos se voltavam para uma mesa logo à frente, onde um microscópio ampliava a imagem do foco de toda a atenção de meninos e meninas: as larvas do mosquito Aedes aegypti. A tarde desta sexta-feira, 19, foi marcada pelo Dia Z, um momento de mobilização nacional da educação contra o mosquito transmissor da Dengue, Zika vírus e Chikungunya, cuja iniciativa veio através do Ministério da Educação e, na capital sergipana, conta com a parceria entre a Secretaria Municipal da Educação (Semed), Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema).

Aglomerados na quadra, alunos, professores e funcionários da escola se reuniram para saber mais sobre o mosquito que tanto tem tirado o sono e a saúde de milhares de pessoas Brasil a fora. Unidos em torno de um mesmo objetivo, que é a prevenção do Aedes aegypti, todos os presentes na ação tiveram suas dúvidas supridas e, logo depois de uma esclarecedora palestra, foram às ruas do bairro para chamar a atenção da comunidade para umas das questões de saúde mais debatida e fortemente abrangida por todo o país.  

Abrindo os trabalhos da tarde, o professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Wellington Barros da Silva, mestre em Ciências Farmacêuticas e doutor em Educação Científica, destacou a questão da microcefalia, que tem sido relacionada ao Zica vírus e resumiu a atividade voltada aos alunos em três palavras. "Mobilização, educação e solidariedade, principalmente no sentido de mobilizá-los como estudantes a serem elementos disseminadores da educação em saúde em família no local em que eles moram. É preciso nos solidarizar porque, com o surto de Zika e microcefalia, há muitos mitos e alguns desses mitos podem gerar uma discriminação e uma exclusão maior ainda das mães, crianças e família que vive esta situação. É um momento que temos que mobilizar e também estarmos preparados para receber essas crianças com microcefalia com acolhimento, porque, mais tarde, elas estarão na escola e a escola precisar estar preparada para ensiná-las e trabalhar a qualidade de vida das mesmas", destacou educador.

Além das formas de prevenção já tão abordadas as crianças forma chamadas à trabalhar na conscientização pela necessidade de prevenir e evitar que o mosquito Aedes aegypit continue a causar os problemas relacionados às doenças que ele transmite. "A gente veio aqui enquanto parceiros para trazer informações, sobretudo de forma visual porque chama a atenção das crianças. Temos que pensar que, com as crianças orientadas, elas serão multiplicadores na sua casa, no seu bairro, na sua comunidade. Então, a proposta é agregar esforços e todo mundo se envolver porque a luta é de todos e a prevenção é a única saída", frisou Raulina Gomes, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SMS.  

De acordo com a coordenadora pedagógica da escola, Elizabete Sampaio, durante todo o ano, a instituição de ensino já trabalha através do programa Saúde na Escola. "Hoje, fortalecemos o que já trabalhos. Nós vemos que a comunidade é muito carente de uma ação mais direcionada. Por meio dessas crianças, nossa intenção é que elas sejam multiplicadores e, com isso, vamos combater o mosquito", ressaltou.

A consultora extraordinária para assuntos governamentais da Semed, professora Osvaldina Ribeiro, reforçou o papel da Prefeitura no combate ao mosquito. "Esse é um momento de mobilização nacional e estamos todos engajados com a solicitação do Governo Federal, através do Ministério da Educação. Independente desse clamor do ministério, a Secretaria Municipal da Educação já tinha organizado ações para todas as escolas da rede municipal. O que o chamamento do Governo Federal fez foi reforçar essa integração. Além da data de hoje, teremos outros dois dias de forte mobilização, um no dia 26 deste mês e outro na primeira semana de março", explicou.

Crianças saem às ruas

A curiosidade expressa no olhar da pequena Helena, de dez anos, ao observar pelo microscópio, deu lugar a uma vontade de conscientizar mais pessoas. Foi com determinação que a estudante saiu pelas ruas para panfletar junto aos professores e coleguinhas de escola. "Eu ajudo a prevenir em casa. Presto atenção no que a gente aprende na escola e uso em casa. É bom se proteger", falou empolgada.

Inseparáveis, inclusive na hora de panfletar, as amigas e colegas de turma, Kauanny, de 12 anos, Anne Caroline, de 13, e Yasmin, também de 13 anos, disseram já saber o que fazer para combater o mosquito. "Na minha casa a gente não deixa acumular água em lugar nenhum", contou Kauanny. "Eu procuro os focos até quando estou andando na rua", completou Anne. "Temos que cuidar antes de o mosquito nascer", finalizou Yasmim.

Foi com determinação que as crianças tomaram as ruas do bugio. Atentas e alertas até para os mínimos detalhes, elas entregaram os panfletos de casa em casa e colocaram em prática os cuidados aprendidos na escola.