Projeto de combate ao racismo abre mês da consciência negra na Assistência de Aracaju

Assistência Social e Cidadania
06/11/2017 16h12

Preconceito é um juízo de valor preconcebido sobre algo ou alguém. Julgamento antes de se ter informações suficientes para reflexão. O dicionário pode trazer inúmeras definições do que é preconceito, mas o combate a esse mal só pode acontecer pela manifestação de um sentimento: a empatia. Para estimular as relações empáticas entre as crianças e adolescentes, e dialogar sobre as questões raciais, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Assistência Social e com o apoio da Secretaria Municipal da Educação, realizou mais uma edição do projeto Lápis de Cor, na manhã desta segunda-feira, 6, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Rita de Cássia, no bairro América.

Cabeças repletas de cabelos cacheados, crespos e lisos. Desta vez, a sala do 5º ano do ensino fundamental foi a escolhida para receber a equipe da Diretoria de Direitos Humanos da Secretaria de Assistência para realizar a atividade, que visa o reconhecimento das identidades étnicas e o estímulo ao respeito mútuo.

Abrindo as atividades relacionadas ao mês da consciência negra, o projeto Lápis de Cor é uma estratégia criada para atingir diretamente as crianças, que são prioridade para a vice-prefeita e secretária Eliane Aquino. "Nós precisávamos de alguma forma dialogar com as nossas crianças sobre esse tema, por isso surgiu o projeto. No ambiente dos 16 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) de Aracaju esse tipo de trabalho já acontece de forma constante, então decidimos levar a atividade às escolas, em parceria com a Semed, o que já promove uma intersetorialidade. É importante que as crianças e os adolescentes sejam estimulados a refletir sobre o tema de forma contextualizada e enfrentar o preconceito em suas mais diversas formas", afirmou.

Anaíres Lima, que integra a equipe da Secretaria de Assistência e conduziu o diálogo com os alunos, falou sobre a importância da periodicidade do debate das questões ligadas ao racismo. "Nós precisamos falar sempre do combate ao preconceito racial, porque muitas e muitas pessoas sofrem caladas e passam realmente a acreditar que a cor da pele as faz inferiores. Sempre em nossas rodas de conversa nós tentamos buscar as vivências a respeito do tema e,  muitas vezes, as crianças nos relatam casos gravíssimos de injúria racial. Durante o nosso trabalho elas aprendem a como lidar com essas questões e como se empoderar de sua raça, transformando o que antes era vergonha em orgulho".   

Adrielle Feitosa tem 11 anos e é uma menina negra cheia de orgulho de todos os seus traços. "Eu acho lindo o meu cabelo, o meu nariz, a minha boca e tudo que faz de mim uma menina negra. Meus pais sempre me ensinaram que eu era bonita e minha mãe, que também é negra,  me mostrou que saber respeitar as diferenças é uma das melhores qualidades. Ter essas tias aqui na nossa sala foi muito bom para que as outras pessoas também entendam  que o respeito é importante".

Islaine Santos tem 13 anos e ostenta um black power vermelho. Durante um tempo ela alisou o cabelo para se sentir inserida entre as amigas, mas percebeu que o seu cabelo natural que lhe permitia muitas possibilidades, além de deixá-la muito mais feliz. "Me sinto muito mais bonita hoje e voltar ao meu cabelo cacheado foi uma libertação pra mim. Passei a não me incomodar com a visão que as pessoas têm ao meu respeito, ou se elas gostam do meu cabelo e resolvi apenas deixar fluir o que eu tanto queria. Amo o meu black porque me olho no espelho e consigo me reconhecer. Racistas e preconceituosos não passarão!".