Saúde integra rede de atendimento às vítimas para superação da violência

Saúde
20/02/2018 14h04

A superação da violência é um tema cada vez mais recorrente na sociedade e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) exerce um papel fundamental no enfrentamento desse problema, integrando uma rede de atendimento às vítimas, em Aracaju. Como fator primordial, nesse aspecto, está a notificação dos casos que podem ser identificados pela porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) - como as unidades básicas, os hospitais municipais e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

De acordo com a responsável técnica pelo Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes (Nupeva), Lidiane Oliveira, o combate às violências faz parte das ações da SMS, pois caracterizam-se como um problema de saúde pública, uma vez que provocam forte impacto na morbimortalidade da população, além da repercussão econômica e organizacional no SUS.

"A vigilância epidemiológica constitui-se como estratégia para dar visibilidade a esse problema, principalmente para diagnóstico da magnitude e do impacto da violência em determinada parcela da população, local e tempo. Essas notificações, além de obrigatórias por lei em serviços de saúde, são necessárias para o planejamento de ações e construção de políticas públicas de enfrentamento", revelou a técnica do Nupeva.

Lidiane destacou que existe um trabalho multidisciplinar, voltado ao atendimento às vítimas, que é desenvolvido em conjunto com outras secretarias."A SMS e outras instituições municipais e estaduais fortalecem o trabalho integrado, com construção de fluxo para atendimento e encaminhamento das pessoas vítimas de violências ou em situação de vulnerabilidade, além de ações preventivas", explicou.

Notificações

Uma das estratégias utilizadas para promover uma linha de cuidado ao paciente é a notificação dos casos suspeitos ou confirmados com a ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificações e Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (SINAN/VIVA). Através deles, foram registrados 513 casos de violências em 2016, e 537 em 2017 - 177 homens e 360 mulheres.

Lidiane Oliveira reforçou que, em alguns casos, é preciso uma notificação imediata (em até 24h) ao Nupeva, como tentativas de suicídio, por exemplo. "Essa celeridade é necessária para acionarmos a Rede de Atenção Psicossocial para o cuidado ao paciente, a fim de que não haja novas tentativas. Nos casos de violência sexual é realizada a mesma orientação de notificação imediata para que tenha, com mais brevidade possível, um encaminhamento ao tratamento na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, referência desses atendimentos para todo estado ", informou.

Conforme a técnica do Nupeva, outros tipos de violências requerem cuidados e encaminhamentos diferenciados, tais como violência física, negligência e abandono, maus tratos, violência financeira e econômica, dentre outras. "Os profissionais de saúde estão em posição estratégica e, muitas vezes, conseguem identificar sinais e sintomas de pessoas que podem estar passando por situação de violência. Precisamos estar preparados para acolher as vítimas e conhecer a rede de atendimento", concluiu, acrescentando que integram a rede de atendimento o Conselho Tutelar, a Delegacia de Grupos Vulneráveis, o Ministério Público Estadual, os Centros de Referência da Assistência Social e os Especializados (CRAS e CREAS).

Porta aberta

Na SMS, a Rede de Atenção Primária (Reap) dispõe de 44 Unidades de Saúde da Família (USFs), dentre as quais, 16 são referências em saúde mental (entre atendimento adulto e infantil) com equipes compostas por psiquiatra, psicólogo e assistente social. A Rede de Atenção Psicossocial (Reaps) disponibiliza seis Caps, quatro residências terapêuticas e uma unidade de acolhimento. O Nupeva, que pertence à Coordenação de Vigilância Epidemiológica (Covepi), dentre outras intervenções, atua na sensibilização de profissionais de saúde para um acolhimento humanizado e encaminhamentos das vítimas com a maior agilidade possível.

As unidades de saúde da SMS que prestam esse serviço são "porta aberta", pois as pessoas podem procurá-las espontaneamente para consultas e encaminhamentos. Outro local que é porta aberta para vítimas de qualquer tipo de violência é a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que integra a rede estadual. "E como esta unidade é referência para vítimas de violência sexual, os pacientes devem procurá-la para fazer a profilaxia para a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis até 72 horas após sofrer o ato", enfatizou Lidiane.