Prefeitura de Aracaju insere pessoas em situação de rua no mercado de trabalho

Assistência Social e Cidadania
28/08/2018 17h38

Inserir as pessoas em situação de rua atendidas pelos serviços prestados pelas unidades da Secretaria Municipal da Assistência Social no mercado de trabalho tem sido uma das principais preocupações da Prefeitura de Aracaju. A parceria firmada recentemente com a Fundação Brasil Ecoar com o objetivo de estimular a inserção do público que vive em situação de alta vulnerabilidade em postos de trabalho já tem surtido efeito. Uma prova disso é a contratação de três usuários do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), unidade da Assistência Social, pela empresa Torre Empreendimentos.

Os motivos que levam indivíduos a usarem espaços públicos como locais de morarias ou ocuparem as unidades de acolhimentos para pernoitar ou como moradia provisória são muitos: desde os aspectos da ordem econômica, o rompimento ou fragilidade dos vínculos familiares, a inexistência de moradia regular até mesmo pela falta de oportunidades. Por compreender essas questões e cumprindo com o seu papel social enquanto órgão responsável por dar uma atenção especial às pessoas que mais precisam, a Assistência Social vem buscando medidas para que esse público tenha a chance de reconstruir suas vida de forma digna.

De acordo com a diretora da Proteção Social do Sistema Único da Assistência Social (Suas) da Assistência de Aracaju, Inácia Brito, esse trabalho conjunto entre o setor público e o privado transforma as vidas dos beneficiados. “No momento em que as empresas privadas abrem suas portas para oportunizar e garantir emprego ao público da Assistência Social, elas estão complementando o nosso trabalho, dando uma atenção especial aos nossos usuários, que vivem em situação de rua, mas que têm qualificação para serem inseridos no mercado de trabalho. Isso é excelente porque todos saem ganhando com essa demonstração de compromisso, que serve para comprovar o quanto essa articulação entre os dois setores é importante”, destaca.

A secretária da Assistência Social, Rosane Cunha, comemora os primeiros sinais da parceria que, para ela, representa um grande avanço. “Com esse trabalho, estamos fortalecendo as políticas públicas destinadas a esses usuários. A empresa acaba dando a chance a quem, de fato, precisa e deseja mudar de vida. Saber que essa iniciativa com a empresa Torre está dando certo representa, com toda certeza, a ampliação das oportunidades. Sem dúvida, foi um grande passo dado”, observa.

Há mais de 25 anos atuando no município de Aracaju, a empresa Torre Empreendimentos busca desenvolver um trabalho de promoção da inclusão social, dando oportunidades às pessoas que mais necessitam. Para a gerente administrativa da empresa, Bruna Rafaela Santos do Nascimento, esse é uma missão que todas as instituições empresariais devem tomar como exemplo. “Esses meninos foram absorvidos porque preenchiam o perfil. Inserir esses cidadãos que estão em situação de extrema vulnerabilidade social no mercado de trabalho é uma maneira de dar uma nova roupagem a vida social e uma melhor condição a esses indivíduos e, claro, colocá-los à disposição no cenário de trabalho. Entendemos a dificuldade que essas pessoas passam para conseguir um emprego, então, esperamos que outras empresas enxerguem a iniciativa como uma sugestão”, pondera.

Dando um novo rumo à vida

Edeilton Santos, 45 anos; Aluano Alves Ferreira, 33 anos; Gilson Francisco de Lima, 38 anos. Esses são os mais novos agentes de limpeza, contratados pela empresa Torre Empreendimentos, graças à parceria entre a Assistência Social e a Fundação Brasil Ecoar. Os três têm caminhos traçados diferentes, mas o início de uma nova história igual. Uma narrativa onde um local fixo para morar, uma alimentação melhor, o dinheiro para pagar as suas contas e até mesmo para gozar de momentos de lazer fazem parte da realidade.

Edenilton Santos

Edeilton Ferreira saiu do povoado Cabrita, no município de São Cristóvão, para morar nas ruas da capital. Durante 33 anos, a calçada foi sua cama, a solidão, a sua principal companheira. Para ele, anos difíceis, mas a partir de agora é algo que fica no passado. “Abaixo de Deus, o Centro Pop e a Prefeitura foram tudo para mim. Quando voltei a trabalhar deu aquele frio na barriga. Confesso que fiquei um pouco nervoso. Esse foi o meu primeiro trabalho de carteira assinada. É algo muito novo. Hoje, depois de um mês exercendo o meu papel aqui, estou me acostumando. Eu queria mudar de vida e, agora, posso dizer que estou conseguindo. Costumo dizer que passei da água para o vinho. Sinto-me quase rico. Tenho minha geladeira cheia, meu dinheiro no bolso, e o melhor: estou com todos os meus filhos dentro de casa”, conta emocionado.

Gilson Francisco Lima

Gilson é pernambucano, veio a Sergipe para trabalhar em Itabaiana, como caminhoneiro. Ele ficou desempregado após um acidente com o caminhão do seu tio, no qual trabalhava. Sem oportunidades e sem apoio por parte da família, buscou os espaços públicos de Aracaju como locais de moradia. Durante dois anos, Gilson passou pelas unidades de acolhimento e após conhecer os serviços do Centro Pop, passou a frequentá-lo. Sempre dedicado e paciente, quando a sorte bateu em sua porta, não deixou passar. “Nesses dois anos fiquei procurando emprego pela cidade, instalado em algumas unidades de acolhimento por um tempo, mas tive que procurar enfrentar as dificuldades e encarar as ruas como abrigo. Ter um local como o Centro Pop em Aracaju é algo que ajuda muito as pessoas que vivem nesta condição de vida. Eu digo que se não fosse aquele espaço, eu não sei o que seria da minha vida. Se não fossem aquelas pessoas, seria ainda mais difícil. Foi graças à instituição que consegui o tão aguardado emprego”, relata.

Agora o Gilson já angaria novos rumos na própria empresa. “Estou muito feliz com esse novo emprego. Esse foi o primeiro passo. Agora, quero colaborar com a empresa, para quem sabe um dia vir a ocupar outra função. Mas gostaria de agradecer a Prefeitura, a Secretaria da Assistência Social, por todo apoio. Não sou de Aracaju, mas me sinto como se estivesse em casa com todo cuidado que tive durante esse difícil período”, afirma.

Aluano Alves Ferreira

Aluano Alves foi adotado por uma família da cidade de Propriá, interior do estado. Há alguns anos em situação de rua, ele foi uma das pessoas atendidas pela a Abordagem Social. Com as orientações, Aluano passou a usufruir dos serviços da unidade da Assistência Social. Quando soube que havia sido aprovado para trabalhar na empresa Torre, a emoção contagiou. “Só de saber que eu iria ter o meu salário, o pão de cada dia, que poderia ajudar a minha mãe, fiquei muito feliz. Graças a Deus, pude mudar de vida. Agora aluguei o meu cantinho, estou junto com a minha mãe e é só alegria”, comemora.