Educação para a democracia: escolas do Ensino Fundamental realizam eleições para líderes de turma

Educação
05/04/2019 19h40

Durante esta sexta-feira, 5, os estudantes dos últimos anos do Ensino Fundamental das escolas municipais de Aracaju participaram de mais uma edição do projeto Educação Para a Democracia, com a eleição para líderes de turma. No total, 218 representantes foram eleitos em 17 escolas da rede. O processo é organizado pela Secretaria Municipal da Educação (Semed), através da Coordenação de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped).

As escolas que realizaram as eleições estão distribuídas por todas as regiões da cidade e ofertam do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental. A primeira edição do projeto foi realizada em 2017, de forma experimental, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Antônio da Costa Melo e com o apoio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Em seguida, a eleição foi levada a em mais cinco unidades e em 2018 a ação foi estendida às outras escolas de Ensino Fundamental.

“O nosso objetivo é fazer com que esses alunos e alunas se tornem protagonistas numa mudança de clima no ambiente escolar.
Esses representantes trabalham nas escolas de forma a mobilizar os seus pares, cada turma tem um representante. Por exemplo: uma escola que tenha cinco turmas de 6° anos, são cinco eleitos. Eles, juntos, compõem os chamados Conselho de Turmas e estes meninos e meninas vão avaliar o que, para eles, é prioritário para a transformação da escola”, explica a coordenadora da Coped, Maíra Ielena Nascimento.

Na Emef Jornalista Orlando Dantas, no bairro Olaria, 15 turmas participaram do processo de eleição. O estudante Jorge Wagner Tavares dos Santos de 13 anos, que foi vice-líder de sua turma no ano passado, foi eleito o representante do 8° B. “Eu acho que a minha sala precisa de uma pessoa que se dedique, que tome a frente das coisas. Eu vou buscar melhorias para a minha turma mas também pretendo manter a comunicação com os meus colegas para que a gente sempre mantenha a sala arrumada ao sair e também para que haja o respeito entre todos”, afirma o estudante.

A diretora da Emef, Soray Brito Dantas Sobral, explica que a eleição tem impactado de forma positiva o dia a dia na escola. “Esse é um trabalho que vem dando certo, pois eles fazem essa ponte entre a direção e os alunos. Quando acontece qualquer probleminha na sala de aula, são os representantes que trazem à direção e buscam a solução. Quando há algum projeto que envolva todas as turmas, são eles que tomam a frente. E esta é uma oportunidade que eles tem de vivenciar uma eleição de forma justa e coerente”, explica.

Os alunos participantes têm entre 10 e 16 anos. A estudante Evelin Santos Santana, de 11, foi eleita representante do 6° ano B, da Emef Oviedo Teixeira. Ela pretende unir a turma para alcançar objetivos do coletivo. “Como líder da sala, entendo que devo reunir os alunos para conseguirmos o que a gente ainda não tem, para cuidar um do outro, para levar à direção se estiver se sentindo mal, para comemorarmos datas importantes, essas coisas”, comenta a estudante.

Para a coordenadora da Emef, Sandra Leite, a eleição, além de dar autonomia aos estudantes, ainda desperta o sentimento do trabalho coletivo. “Muitas vezes, o diálogo entre os próprios alunos são mais tranquilos do que com o professor, com o coordenador. Eles conseguem buscar seus direitos, resolver entre si os problemas do cotidiano, ganhando autonomia. E é importante ter essa consciência da democracia, de ter alguém que lhe represente dentro do contexto político que a escola está inserida, é importante entender que é preciso defender os direitos do coletivo”.

Após eleito, cada represente de turma já começa a busca pela defesa dos direitos da sua classe. “Geralmente, eles apontam dois eixos a serem transformados: primeiro diz respeito ao patrimônio escolar e conservação; eles querem uma escola mais bonita e mais confortável. E o outro bloco temático que eles sempre abordam são as questões relativas aos direitos humanos. Preconceitos, discriminações no ambiente escolar, forma de relacionamento, muitas vezes um tanto quanto agressivas nesse ambiente. Como podemos transformar a escola, no que diz respeito as questões objetivas e subjetivas, a infraestrutura e as relações interpessoais dentro desse ambiente” , conta Maíra Ielena.

Formação

Seguindo o modelo do ano passado, após a posse dos representantes de turma, a Semed oferecerá formação para estes estudantes. Para esta capacitação, a Coped busca parcerias, públicas e privadas – a exemplo das secretarias municipais da Assistência Social e do Meio Ambiente (Sema) -  para que tudo ocorra de forma interdisciplinar.

“Eles precisam saber o que é representar e como representar bem os seus pares. Então, estamos pensando em uma formação que contemple dois eixos: o patrimônio escolar e sustentabilidade, mas também de direitos humanos, cultura e família. Isso se encaixa na questão da cidade humana, de estímulo do protagonismo dos munícipes. E este protagonismo, enquanto Semed, diz respeito aos nossos professores, e aos nossos gestores, e aí nesse sentido nós temos uma gestão democrática, mas precisamos pensar como esses estudantes podem também participar dessa gestão democrática de uma forma muito mais ampla e muito mais transformadora”, finaliza Maíra.