Prefeitura debate combate ao racismo de forma lúdica com alunos da rede municipal de ensino

Assistência Social e Cidadania
08/05/2019 18h10


“Experimenta nascer preto e pobre na comunidade”, “Você vai ver como são diferentes as oportunidades”, “Existe muita coisa que não te disseram na escola”, foi com algumas dessas fortes frases da cantora mineira Bia Ferreira que a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Presidente Vargas, situada no bairro Siqueira Campos, recebeu, nesta quarta-feira, 8, o primeiro dia de atividades do projeto “Benguela – Meninas Negras Contam Suas Histórias”, que é realizado através de uma parceria entre as secretarias municipais da Assistência Social e da Educação (Semed).

Voltado para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, o projeto tem como objetivo debater, de forma lúdica, por meio da exploração de vídeos, canções e leituras, temas polêmicos e tão presentes no cotidiano de cada menino e menina participante, a exemplo do racismo, machismo, bullying, LGBTfobia, entre outros.

Segundo a gerente de Igualdade Racial da Diretoria de Direitos Humanos da Assistência Social, Laila Oliveira, é muito importante que se debata com os adolescentes e jovens das escolas sobre o racismo e outros tipos de preconceitos com os jovens nas escolas, por se tratarem de assuntos que fazem parte do dia a dia de muitos deles. “Acredito que seja fundamental para a desconstrução de vários preconceitos e violências que são construídos dentro e fora do cotidiano escolar, e para que eles possam trabalhar os traumas gerados por essas problemáticas que, muitas vezes, resultam em baixa autoestima. É uma forma de darmos o recado para os jovens que o racismo e as demais doenças sociais não são normais e não devem ser aceitas em nenhuma hipótese”, ressaltou.

Laila fez um alerta sobre outro fato relevante que pode desencadeado pelo racismo e por outras formas de preconceito. “Temos que deixar evidente que os estudantes podem e devem contar com os professores e com a comunidade escolar para qualquer situação. As pesquisam têm apontado o crescimento de casos de mutilação e depressão entre eles, consequências de todo esse preconceito. Então, a comunidade escolar deve se mostrar sempre muito parceira e aberta ao diálogo com todos esses estudantes”, disse.

O representante da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade da Semed, Bruno Santana, avaliou a parceria intersetorial entre Educação e Assistência Social, como uma forma muito eficiente de enfrentamento do racismo e demais preconceitos pautados na ação. Além disso, Bruno comemorou a boa aceitação do projeto por parte dos estudantes. “São temas que dialogam com a realidade vivida pelos alunos, e por isso, são bem recebidos, sobretudo por serem abordados de forma lúdica, como pela música, que é algo que se aproxima demais do mundo deles”, disse.

A atividade, ocorrida na sala de informática da Emef, contou com quase 40 alunos, que estavam acompanhados do professor de Educação Física, Heder Araújo, que leciona na instituição de ensino há dez anos, e se mostrou bastante interessado pelo projeto e pelos temas abordados. “Acredito que é muito importante esse debate com os alunos, visto que todos os temas que são inerentes à convivência social e à vida em sociedade, são necessários, e deveriam, inclusive, fazer parte do currículo escolar. E a gente negligenciar ou se omitir de discussões e embates como esse, pode ser gerado certo esquecimento das necessidades que devem ser tratadas e até a falta de oportunidade de conhecimento para os jovens, que podem incrementar isso na sua vida social e profissional”, observa.  

A Emef Presidente Vargas foi a quinta escola a receber o projeto, que deve seguir em execução na instituição até a próxima sexta-feira, 10, quando os alunos terão uma oficina de produção de fanzines, que será pautado em cima do debate ocorrido no dia de hoje.