Prefeitura e Associação de Doulas de Sergipe realizam 1º Encontro de Mães Exaustas em Aracaju

Saúde
14/05/2019 18h17

Cuidar da saúde e não apenas do adoecimento é um dos maiores objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS). As atividades de promoção à saúde e prevenção de agravos são importantes e contribuem para a autonomia e qualidade de vida dos usuários. Por isso, nesta terça-feira, 14, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou o 1º Encontro de Mães Exaustas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sinhazinha, com o objetivo de debater os desafios da maternidade.

No encontro, foi promovido um debate com as mães e representantes da Associação de Doulas de Sergipe, falando sobre suas vivências. Houve também sessões de cuidados para as mães com o Movimento Popular de Saúde (Mops) ofertando reiki, massagem, auriculoterapia e fitoterapia.

De acordo com a idealizadora da ação e assistente social da Unidade, Rosely Anacleto, o evento trouxe a discussão da maternidade em toda sua complexidade porque um bebê nasce apenas uma vez, mas uma mãe nasce e renasce muitas outras. E nesse processo de recomeços, descobertas, amor e aprendizado, existe também o medo, a tristeza, a renúncia e os dias amargos.

“Nem só de luz e sorrisos é feita a maternidade. Contudo, pouco se fala abertamente sobre a exaustão materna, e a culpa pelo cansaço aflige muitas mães. Quando você está grávida, sempre falam do amor imensurável que você irá sentir e, no geral, ele se concretiza. O que não contam é que amor demais também pode acarretar no medo, no padecer e na insegurança”, esclareceu.

Ainda segundo a assistente social, a maternidade é, também, uma renúncia. “Renunciar a liberdade de tomar um banho na hora desejada, de deitar e dormir quando e como quiser. Ir e vir como bem entender. A mãe se doa por completo e nesse processo, por vezes, ela se perde. Se doa e às vezes não mais se encontra, se culpa e busca se reencontrar. As mulheres também passam por fases de crescimento como mães e como pessoas. Educar é muito mais aprender que ensinar; compreender é muito mais assimilar que aceitar”, explicou.

A representante da Associação Sergipana de Doulas, Tamyres Lima, afirma que do mesmo modo que um bebê aprende a falar, andar, comer, uma mulher também aprende a se tornar mãe. “Quando se fala em desmame, desfralde, introdução alimentar, dentre outros processos, sempre a preocupação e foco é o bebê. Tudo para ele não sofrer. Mas, e a mãe? E aqueles pensamentos que por vezes a corroem, mas ela sequer consegue admiti-los para si? Talvez ela só queria desmamar para poder dormir um pouco mais, sair e ter umas horas livres. Aquele xixi por toda a casa é misturado às lágrimas de cansaço e exaustão. Madrugadas em claro que quando o choro vem, você só queria chorar também e sumir. Mas não, ela sequer se permite admitir tais sentimentos, quanto menos vivenciá-los ou falar sobre eles. Por isso, hoje estamos aqui para ajudá-las a falar claramente sobre exaustão maternal”, relatou.

Experiências

Para Sandy Soares, mãe pela primeira vez, estas fases dolorosas de crescimento e aprendizado sempre existirão. “Tem dias em que você só gostaria de ficar sozinha, de ter ao invés de dar colo. Dias em que você se indagará no lugar mais secreto do seu subconsciente se fez a escolha certa ao ser mãe. Dias que perderá a paciência e sentirá todo seu corpo se corroer em dúvidas, medo e culpa. Na grande maioria das vezes você sequer tem alguém para falar sobre isso. Mas tudo passa e a recompensa maior de toda esta exaustão é ver e sentir o amor de um filho”, falou.

A mãe pela segunda vez, Márcia Santana disse que às vezes parece que ninguém nota os esforços diários de uma batalha materna. “Ninguém nota as madrugadas de insônia, os choros contidos, os banhos não tomados, o almoço quente e saboroso que se transformou em um pão com manteiga e um café gelado. Ninguém nota quando a mãe está trabalhando no limite da exaustão. Seja limpando, educando ou emprestando um imenso pedaço de si para manter aquele pequeno em perfeitas condições. Por trás de um filho feliz, existe uma mãe com um coque no cabelo, roupa amassada e cansada. Por trás de um filho feliz, existe um trabalho pesado que ninguém muitas vezes ousa se importar”, disse.

Dia do Assistente Social

De acordo com a coordenadora do Serviço Social da SMS, Sindaya Belfort a ação fez parte do calendário de atividades em alusão ao Dia do Assistente Social, comemorado no próximo dia 15. A inserção do profissional de Serviço Social na Rede de Atenção Primária de Aracaju contribui para que o cuidado ofertado seja integral, conforme preconiza o SUS.

“Neste encontro confirmamos que a maternidade é essa insana e profunda doação do nosso próprio coração. E mesmo quando ninguém nota, lá está a mãe, doando o seu corpo, multiplicando o seu amor, dividindo os seus sorrisos e vivendo na mais completa e feliz exaustão. Toda mãe sabe que a melhor recompensa para tanto cansaço já está em suas mãos. Mesmo cansada, ela nunca se cansa de ser mãe”, afirmou.