Alunos de escola municipal são estimulados através de aulas de violino

Agência Aracaju de Notícias
27/05/2019 12h30

O som das cordas de um violino não é muito popular no Brasil, ainda mais no Nordeste, onde sanfona, acordeom, zabumba e instrumentos de percussão são mais enraizados. Porém, é esse o som que tem feito parte do ritmo no cotidiano de meninas e meninos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santa Rita de Cássia, localizada no Novo Paraíso. Através do projeto Mais Educação, uma professora de Artes da unidade de ensino decidiu apresentar um novo mundo para os alunos que, hoje, ganharam outra inspiração pela notas agudas que saem das quatro cordas do instrumento.


As aulas, no entanto, começaram de maneira inusitada. Há cerca de três anos, ainda durante a gestão passada, a unidade de ensino requisitou os violinos à Secretaria Municipal da Educação (Semed), no entanto, o professor que daria as aulas, pouco depois de os instrumentos serem adquiridos, saiu da escola. Os violinos, assim, só saíram do armário em abril do ano passado, com a chegada da professora de Artes Deborah Prado. “Eu vim designada apenas para ser professora de Artes, mas, quando vi os instrumentos, resolvi incluir as aulas, já que tenho formação em música e, especificamente, com violino. Fui de sala em sala para aproximar o instrumento aos alunos, mostrar com é e ver quem se interessava em aprender a tocar. Com um ano de projeto sendo desenvolvido, alguns já saíram, muitos entraram, mas, com certeza, muita coisa mudou para esses alunos”, contou Déborah.


As aulas acontecem todas as segundas e quartas-feiras, das 8h às 10h, mesclando iniciantes e avançados, no contraturno das aulas formais, ou seja, eles estudam à tarde e as aulas de violino acontecem pela manhã. “Às 8h, a aula é para os iniciantes e, antes das 9h, os alunos mais avançados chegam para podermos fazer a junção das turmas, para que os mais novos possam fazer o acompanhamento e, assim, consigam se soltar mais, se sentir mais à vontade”, explicou a professora.


Na postura ereta, no olhar concentrado e focado, os ouvidos atentos e em cada articulação dos dedos e mãos que começa a formação. E não se trata apenas de um simples passo a passo para compor as notas. A cada aula, a ideia é enxergar no aluno uma oportunidade de mudança, de transformação.


A aluna Mariana Bastos, de 12 anos, iniciou no projeto no final do ano passado e, hoje, pretende aprender mais e, até, quem sabe, se profissionalizar. “Quando a professora foi de sala em sala, fiquei muito interessada, curiosa, na verdade, e decidi começar. Depois, outras amigas começaram também e, agora, o grupo está maior. Depois que iniciei nas aulas, me senti mais organizada, mais atenta e quero muito continuar, até mesmo quando eu sair da escola. Costumo praticar em casa algumas lições que podemos fazer sem o instrumento e quero me dedicar”, contou.


Erinaldo Santos, de 15 anos, no entanto, estava em sua primeira aula. “Na minha família, tenho um tio que toca violão que até lembra um pouco violino, mas, quando a gente começa a tocar, vê que é bem diferente. Isso chamou a minha atenção. Estou empolgado para as aulas e acredito que será bom porque vou ocupar meu tempo com uma coisa bacana”, considerou o aluno.


Para a professora Deborah, as aulas são mais do que uma oportunidade de aprender a tocar um instrumento. “Desde o ano passado, os alunos estão sendo acompanhados pelos professores que sabem que eles estão fazendo parte do projeto. No final do ano letivo, uma professora de matemática me procurou para elogiar, dizer que eles estão mais concentrados, mais disciplinados. É importante frisar isto: a música também trata dos nossos sentimentos, das nossas emoções, e isso interfere diretamente na aprendizagem desses alunos. Além disso, eles podem ocupar o tempo com algo proveitoso, de forma saudável e com qualidade. Muitos pais também estão satisfeitos e há um feedback que mostra a importância do projeto e que ele deve prosseguir. A educação pode e deve ser tratava através de outras formas e aguçar a sensibilidade é uma bela forma de fazer alguém se desenvolver”, frisou.