Cultivando Cidadania: projeto da Prefeitura fomenta a autonomia de famílias através do cultivo de hortas

A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria da Assistência Social, desenvolve o "Cultivando Cidadania", projeto que está transformando a vida de mais de 40 famílias em quatro pontos da capital. O objetivo da ação é qualificar os moradores a produzirem hortas próprias em terrenos férteis e, posteriormente, as hortaliças e frutas cultivadas pelos produtores possam ser comercializadas em feiras livres, além do uso na alimentação das famílias envolvidas no projeto. 

Os bairros 17 de Março, Santa Maria, Soledade e Santos Dumont recebem, semanalmente, visitas dos agentes da secretaria que passam conhecimentos sobre agronomia e nutrição e, após a etapa de aprendizagem, os participantes do projeto colocam em prática o aprendizado absorvido.

Uma vez por mês, no Centro Administrativo Prefeito Aloísio Campos, sede da Prefeitura de Aracaju, os produtores das regiões participantes do projeto realizam uma feira livre com os alimentos que foram produzidos por eles. As frutas e hortaliças, todas cultivadas sem o uso de agrotóxicos, são vendidas para os servidores municipais e moradores da região. A cada edição da feira, um grupo de cada bairro fica responsável pelos alimentos que serão comercializados. O último encontro, ocorrido no dia 13 de junho, produtoras da comunidade do Aloque, localizada no bairro Santa Maria, exibiram o resultado de meses de trabalho, levando rúcula, manjericão, couve, coentro e alface para a feira. 

Edjane Cardoso, produtora que participou da ação, destacou que ela e suas colegas nunca tiveram prática com o cultivo, mas, após com o projeto, virou realidade o desejo de produzir alimentos. "Eu já tinha trabalhado na feira, mas, só vendendo mangas, nunca tinha plantado nada. Eu e as outras produtoras, sem experiência nenhuma, começamos do zero e, hoje, chegamos a esse patamar, fazendo uma feira com o que a gente plantou", comentou. 

O resultado obtido pela nova produtora foi tão satisfatório que Edjane ressaltou que a sua vontade é focar suas atividades para o cultivo. "Antes de começar o Cultivando Cidadania, eu trabalhava com reciclagem, mas, pretendo trabalhar apenas com o cultivo. Produzindo cada vez mais, posso aumentar a minha renda, esse é o meu pensamento", concluiu.

Para a diretora do Departamento de Segurança Alimentar, Rosane Cunha, o principal objetivo do projeto é a autonomia dos moradores que participam da ação, para que, após todo o conhecimento recebido, consigam produzir, integralmente sozinhos, as suas hortas e, assim, garantir mais uma fonte de renda e de alimentação. "O nosso maior desejo é que as comunidades aprendam todas as técnicas, coloquem em prática e passem o conhecimento adiante. A autonomia dos participantes é um dos pilares do nosso projeto. Desta forma, eles poderão vender os alimentos em feiras, aumentando a renda e garantindo uma alimentação mais saudável para a sua família, sem agrotóxicos e produtos industrializados", ressaltou. 

De acordo com a gestora, a tendência é que a feira fique cada vez maior, já que algumas comunidades ainda estão em processo de sensibilização, etapa destinada a conversas e ensinamentos sobre o plantio de alimentos. "Nós temos um grupo grande que está aprendendo e desenvolvendo suas hortas. Daqui a três meses, com o final do processo de cultivo, mais hortaliças e frutas estarão prontas para a comercialização. A gente almeja que a cada feira realizada, tenhamos mais opções de frutas e hortaliças", afirmou.

Ivan Barreto, agrônomo responsável pela cobertura da evolução do cultivo nos terrenos escolhidos, relatou que todo o processo, desde a escolha do local para o plantio, até o acompanhamento da produção, é assistido por ele e estagiários de agronomia e nutrição da Prefeitura, com o objetivo de auxiliar e levar conhecimento ao máximo para os participantes da ação. "Nós trabalhamos em conjunto com uma equipe especializada em nutrição. É uma atividade interdisciplinar para que, além do conhecimento técnico, o novo produtor saiba como cozinhar e conhecer as propriedades dos alimentos que estão cultivando. Toda horta é supervisionada por um estagiário semanalmente", discorreu. 

Para a estrutura do plantio de alimentos são necessários materiais de plantação que nem sempre estão ao alcance financeiro dos participantes do projeto. Por isso, Ivan Barreto salientou que o suporte estrutural do cultivo é fornecido pela Prefeitura para que o projeto se desenvolva e, futuramente, os próprios produtores, com a renda adquirida com a venda dos alimentos, possam suprir essa despesa. "O processo de cultivo, além da técnica, requer ferramentas. Pensando nisto, nós também fornecemos os materiais, como canos, insumos, adubo e sementes que são entregues por nós e, posteriormente, eles mesmo terão condições de financiar essa parte estrutural da manutenção da horta e o ciclo irá se desenvolvendo", considerou.

Criado para valorizar ações desenvolvidas pelos municípios para a geração de renda e inclusão de pessoas de baixa renda, o Prêmio Progredir, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), teve como vencedor da edição de 2018, realizada em março, o "Cultivando Cidadania", que ganhou o primeiro lugar como o melhor projeto na região Nordeste. Ao todo, 130 projetos foram inscritos na premiação, destes, apenas dez foram classificados para a última etapa. "Além da alegria de participar e ficar em primeiro lugar no Prêmio Progredir, nós recebemos R$800 mil reais do MDS para desenvolver o projeto por três anos. Com esse dinheiro, pudemos ampliar o nosso trabalho e ajudar mais famílias", felicitou Rosane Cunha.

Durante a solenidade de premiação, em Brasília, o então ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, frisou a importância de projetos como o Cultivando Cidadania para combater a disparidade social no país, através do trabalho e da autonomia. "O Brasil precisa ser um país com mais oportunidades para aqueles que mais precisam. Só assim iremos reduzir, efetivamente, as desigualdades e teremos um país melhor para todos. Por isso, parabenizo a todos pelo projeto. São os municípios, através do compromisso dos prefeitos e dos seus técnicos, que podem nos ajudar a mudar o atual cenário", elogiou.  

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