Prefeitura realiza atualização de notificação sobre violência interpessoal

Saúde
21/11/2019 17h30

A Prefeitura de Aracaju realizou uma atualização sobre a notificação de violência interpessoal/autoprovocada e o fluxo de atendimento às pessoas em situação de violência. A atividade, desenvolvida por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), foi voltada aos profissionais de saúde do Hospital Fernando Franco (Zona Sul), localizado no conjunto Augusto Franco.

Esta ação está sendo realizada em várias unidades de saúde com o objetivo de mostrar a relevância da notificação para o enfrentamento e a prevenção da violência, no caso a interpessoal/autoprovocada, que é a tentativa de suicídio e a automutilação. 

“A partir da notificação de violência é possível nós traçarmos o diagnóstico daquela violência e o impacto que causa em determinada população. Então conseguimos traçar a magnitude da violência, o perfil, quais são os bairros que mais acontece, qual é a faixa etária e qual é o principal agressor para, a partir disso, criarmos as políticas públicas para trabalharmos com o tema e ajudar a diminuir as ocorrências”, explica a responsável técnica pelo Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes (Nupeva) da SMS, Lidiane Gonçalves.

Importância da notificação
A notificação é um instrumento disparador do cuidado, por trás dessa notificação de violência existe uma pessoa que precisa de cuidado. Então é inserir este usuário na rede para ter os atendimentos necessários e, além disso, ter uma estatística. “A partir do momento que o profissional de saúde faz uma notificação de violência, isso demonstra que o problema passou a ter visibilidade”, acrescentou.

“Muitas vezes, por exemplo, o profissional de saúde pensa que a obrigação de preencher a ficha de notificação é do enfermeiro ou do assistente social, mas ficou esclarecido que a obrigação de preencher é de quem atende o usuário, seja qual for a categoria profissional. E é importante fazer, tanto para os dados estatísticos como para ter ações voltados ao assunto naquele local, onde houve muitas notificações”, afirmou a coordenadora geral do Hospital Fernando Franco, Andréia de Souza, ao ressaltar a importância de ter o conhecimento de fazer a notificação.

Outro tema discutido
A campanha '16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres' é uma mobilização anual, praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e do poder público engajados nesse enfrentamento, desde o ano de 2003. Ela compreende o intervalo entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro, o que corresponde 16 dias de ativismo intensificado de combate à violência contra a mulher.
 
No Brasil, a data foi antecipada para 20 de novembro, que é o Dia da Consciência Negra - devido ao histórico de pressão e discriminação da população negra, sobretudo das mulheres em situação de violência -, e se estenderá até o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Atuação
A assistente social Maria de Fátima Torres participou da atualização e reforçou que é preciso fortalecer a atuação do profissional de saúde na integralidade do cuidado. “A orientação é primeiro fazer o acolhimento humanizado da vítima, depois a notificação dos casos identificados suspeitos ou confirmados de violência e encaminhamento para seguimento do cuidado em rede. O profissional de saúde está em situação estratégica e pode atuar nesse sentido de prevenção, proteção e encaminhamento do caso. Então é este olhar que nós estamos tentando despertar nos profissionais de saúde”, explicou.

Para a gerente de enfermagem Daniela Rodrigues, é importante esse tipo de ação para evitar a fragmentação do serviço e oferecer algo mais amplo, que todas as categorias profissionais tenham este olhar para o paciente. “Tenham uma visão maior não só do atendimento, não só da acolhida, no sentido do especialista fazer só o papel dele, mas ter o olhar além disso, de perceber o paciente como uma pessoa que veio pedir outro tipo de ajuda, porque uma vítima de violência as vezes não quer falar”, argumentou.