165 anos: obras de infraestrutura transformam Aracaju e propiciam mais saúde à população

Agência Aracaju de Notícias
17/03/2020 05h00

Sentada à porta de casa, Maria de Lurdes Santos, que mora há 27 anos na rua 11 do loteamento Senhor do Bonfim, no bairro Santa Maria, parece procurar resquícios de como era a vida na comunidade tempos atrás. "Era cheio de lama, buraco, agora, só tem coisa boa. É uma alegria ver essa obra, porque pensei que só os outros bairros seriam organizados e aqui não", diz.
 
A obra a que se refere Maria de Lurdes é executada pela Prefeitura de Aracaju e consiste na execução de terraplanagem, drenagem, pavimentação asfáltica e construção de calçadas em todas as ruas do loteamento, que está em fase de conclusão, prevista para ser entregue em maio. Desde 2017, um conjunto estratégico de obras de infraestrutura, como essa do loteamento Senhor do Bonfim, está sendo tocado pela administração municipal. Isso é motivo de comemoração para os aracajuanos que acompanham o avanço urbanístico da cidade, cuja fundação completa, nesta terça-feira, dia 17 de março, 165 anos.
 
Nos últimos três anos, 251 ruas já receberam os serviços de infraestrutura na capital e outras 252 estão com as obras em execução, o que representa um investimento de R$126.650,219 milhões e R$115.228,520 milhões, respectivamente, e cerca de 500 vias completamente modificadas.
 
Esses investimentos perpassa a questão urbanística e representam, também, uma revolução em saúde e serviços para a população. O secretário municipal da Infraestrutura, Sérgio Ferrari, explica que esse tipo de obra, um dos pontos fortes dessa administração, tem uma relevância fundamental, já que são responsáveis por levar dignidade às pessoas que vivem em determinado local.

 "É facilitar o acesso às residências, acabar com a lama na porta. Isso é tão forte que tão logo a gente acaba essas obras, consegue verificar que os moradores passam a fazer melhorias em suas casas", diz Ferrari.  
 
Mais saúde
Segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), a cada um dólar investido em obras de saneamento, economiza-se quatro dólares em outras áreas. Já o Ministério da Saúde do Brasil fala num retorno de nove reais. Ou seja, investir em saneamento é, na verdade, multiplicar os recursos e prevenir aporte em outras áreas, como a saúde.
 
"Esse é um fator que, muitas vezes, não é mencionado, mas quando se faz esgotamento sanitário, também se está evitando a transmissão de doenças, já que, com o esgotamento, tira-se esse vetor das ruas, dos rios e lagos da cidade. O efeito pode não ser imediato, mas isso regula a transmissão de doenças", reforça Ferrari.
 
Para a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza, a correlação entre obras de infraestrutura e saúde é, de fato, direta. "O saneamento básico é fundamental na prevenção de diversas doenças, e tanto o trabalho preventivo de rotina realizado pela Prefeitura, através de ações intersetoriais dos órgãos competentes, quanto as obras de infraestrutura que vêm sendo realizadas pela capital contribuem significativamente para a promoção da saúde e uma melhor qualidade de vida da população", assegura.
 
Segundo Waneska, na Zona Norte, por exemplo, região que ainda sofre com alagamentos no período de chuvas, foi possível evitar a proliferação de doenças como a cólera, dengue, diarreias, hepatites, esquistossomose, leptospirose, leishmaniose, verminoses, febre amarela, malária, febre tifóide, entre outras enfermidades que estão diretamente ligadas à ausência de saneamento.
 
"As pessoas que antes não usufruíam de uma rede de esgotamento e drenagem, ou até mesmo sofriam pela falta de asfalto na rua onde moram, ficavam expostas à lama, aos resíduos líquidos e sólidos que são descartados das residências, que causam essas doenças. O ganho com essas obras é positivo e gradativo à medida que elas se mantêm", reitera a secretária.
 
Saneamento
Gabriel Campos, diretor de Meio Ambiente e Engenharia da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), confirma que Aracaju evoluiu bastante nos últimos anos em termos de esgotamento sanitário. Ele explica que, no Brasil, o saneamento tem quatro vertentes: a coleta e tratamento de resíduos sólidos; a drenagem de águas pluviais, o abastecimento de água potável e a coleta e o tratamento de esgoto - esses dois últimos são de responsabilidade da Companhia.
 
Segundo Gabriel, Aracaju tem, em termos de abastecimento de água, 99,9% de cobertura. Já no esgotamento sanitário, existe uma defasagem. "Estamos com uma cobertura de 65%, então essa carência hoje gira em torno de 30%, 35%, mas já está sendo proporcionalmente tratada", afirma o diretor.
 
A Companhia, hoje, atua em parceria com o governo federal, com a implantação desses serviços no bairro Jabotiana e na zona Norte, em busca de ampliar esse percentual. “Temos dois convênios com o governo federal, que serão suficientes para ampliar essa cobertura de 65% para mais de 90%. Atingindo esse percentual, considera-se plenamente atendido, pelos critérios da legislação brasileira”, esclarece.
 
Tanto a zona Norte quanto o bairro Jabotiana são áreas em que a Prefeitura também tem investido, o que, para Gabriel, é importante e traz benefícios. “O município de Aracaju está sendo muito feliz em realizar as atuais obras na região Norte, pois está recuperando um passivo de vários anos”, reconhece o diretor da Deso.
 
“Quando a gente pensa que diversos loteamentos naquela região foram lançados há 30, 40 anos, e a população desde aquele período vem vivendo sem drenagem, sem pavimentação e sem esgotamento sanitário, a Prefeitura está conseguindo liquidar um débito com essas famílias e garantir mais saúde e bem-estar para essas comunidades”, completa Gabriel.
 
O diretor da Companhia destaca que o momento está sendo bem aproveitado para se fazer todas as obras necessárias e que não foram feitas antes. “Porque, infelizmente, a gente sabe que há gestores e gestões que se preocupam em fazer um agrado à população e priorizam obras que saltam aos olhos da população, como uma praça”, critica.
 
Para Gabriel, a Prefeitura está tendo a sensibilidade de não se preocupar apenas com a aparência e sim com a saúde, a funcionalidade e o bem-estar da população. “Porque está realizando além das obras de pavimentação, drenagem e, em alguns pontos, esgotamento, que são obras ‘invisíveis’, uma vez que as pessoas não as veem”, justifica.
 
Gabriel acredita que não é possível imaginar desenvolvimento dissociado do saneamento básico. “Uma cidade, por mais rica que seja, se não tiver o sistema completo, com aquelas quatro vertentes, vai ser uma cidade medieval, nos moldes do que eram os centros urbanos há 500 anos, então, são obras importantes, que também fomentam a geração de empregos e a saúde, já que mitigam doenças de veiculação hídrica”, reforça.
 
Para além disso, as obras estruturantes ainda têm apelo ambiental, como explica Gabriel Campos. “Nossa cidade é litorânea, temos o estuário de rios, que são áreas muito sensíveis à intervenção humana. E uma dessas intervenções negativas é justamente o despejo de efluentes domésticos sem tratamento”, explica.

Por isso, para a secretária Waneska Barboza, as ações da Prefeitura precisam contar com a colaboração significativa da sociedade. “Seja fazendo o descarte correto do lixo, recebendo um agente comunitário de saúde que faz o trabalho de Educação e Saúde no combate de endemias, ou ainda zelando pelas obras estruturantes que aquela comunidade recebeu”, sugere.
 
Obras
Em 2017, foram R$17,4 milhões em obras que envolvem saneamento básico, a exemplo da ligação das Avenidas 4 e Alexandre Alcino, entre o Santa Maria e o 17 de Março; a infraestrutura do Jardim Petrópolis; a construção de Estação Elevatória de Esgoto e os serviços complementares da construção do Canal Costa do Sol.
 
Já em 2018, foram R$ 32,6 milhões em obras de infraestrutura, como a do Loteamento Aruana; a complementação da pavimentação e drenagem das avenidas Caçula Barreto e Dr. Tarcísio Daniel dos Santos, além da complementação da infraestrutura do Bloco 2 do 17 de Março.
 
Em 2019, toda a complementação da infraestrutura da Comunidade Pantanal já foi entregue, com investimentos de R$ 3,6 milhões. Em andamento, há intervenções no loteamento Moema Mary, Japãozinho, Barroso, Farolândia, Santa Maria, Conjuntos Padre Pedro e Valadares, Atalaia, Coroa do Meio, Jardim Bahia, etc, que, juntas, somam os R$ 90 milhões restantes.
 
Este ano, ainda estão em execução os serviços de infraestrutura de 13 ruas do Loteamento Moema Mary, que já está na 3ª etapa da obra, com um investimento de R$ 3.374.144,07; no bairro Japãozinho, são três ruas, cujo investimento é de R$ 1.737.890,65, e mais 11 ruas da segunda etapa, que somam R$ 14.862.612,52 em investimentos.
 
A infraestrutura das invasões Terra Dura, Santa Maria e do loteamento Senhor do Bonfim contempla 48 ruas e recebeu investimento de R$ 8.992.956,99. Já nos bairros Atalaia e Coroa do Meio, as obras contemplam 16 ruas e somam R$ 20.215.751,92 em investimentos.
 
Outra obra em execução é a de construção do Canal Beira Mar, entre os bairros Aeroporto e Atalaia, que contempla 14 ruas e recebeu investimento de R$ 9.421.924,08; no loteamento Marivan, 53 ruas estão recebendo em serviços, com R$ 14.434.050,44 em investimentos.
 
Os serviços também estão sendo realizados nos loteamentos Jardim Bahia I e II, Tia Caçula, Isabel Martins, Santa Catarina e Guarujá; na avenida Euclides Figueiredo, no loteamento Expansão Siqueira Campos, o canal do loteamento São Carlos, no loteamento Rosa do Sol, Paraíso do Sul e Joel Nascimento.